Tecnologia

Antropólogo sugere que comunidades indígenas sejam estudadas com satélites

Seria uma uma forma de evitar a interferência dos pesquisadores na cultura desses povos

Roberta Machado
postado em 07/05/2014 07:00
Nas entranhas da Floresta Amazônica, existem habitantes de um Brasil de outro tempo. São indígenas com pouco ou nenhum contato com outras culturas e que sobrevivem em grupos cada vez menores. Estima-se que existam 107 comunidades vivendo em isolamento em toda a Amazônia Legal, um número constantemente ameaçado pela expansão agrícola e madeireira. O desafio de proteger a integridade e a identidade desses últimos representantes de uma cultura em extinção torna-se ainda maior devido ao frágil equilíbrio em que vivem. A interação direta nem sempre é aconselhada ou permitida, o que dificulta até mesmo a comprovação da existência dos territórios ocupados pelas populações isoladas.


Membros da comunidade Isolados do Xinane reagem a avião: sobrevoos podem afetar equilíbrio cultural

Pesquisadores decidiram, então, estudar esses povos de longe. Na verdade, a mais de mil quilômetros de distância. Usando imagens de satélite como referência, estudiosos norte-americanos conseguiram mapear o tamanho de uma comunidade indígena brasileira, registrar o número de residências construídas no local e até mesmo calcular o número de pessoas que vivem ali. Tudo isso sem pisar em território brasileiro. O grupo de cientistas da Universidade de Missouri usou como base fotos disponibilizadas gratuitamente no sistema Google Earth e estimativas baseadas nos dados de aldeias já conhecidas.

O alvo do satélite de alta resolução era uma pequena comunidade localizada no Acre, próximo à fronteira com o Peru. Os Isolados do Xinane tinham sido identificados havia alguns anos, mas seu isolamento impedia o levantamento de dados mais detalhados sobre esse grupo. O método de vigilância foi testado com imagens registradas por satélite em 2006, onde residências, plantações e até mesmo pessoas são identificáveis entre as árvores.

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