Tecnologia

Técnica permite avaliar o grau de deterioração da obra de Leonardo da Vinci

O método, que não causa nenhum dano ao trabalho, deve ajudar na preservação de obras de arte feitas em papel

Roberta Machado
postado em 04/06/2014 06:50
Quase 500 anos depois de morrer, Leonardo da Vinci continua envelhecendo. O rosto que se acredita ser um autorretrato do artista feito no início do século 16 tem se tornado cada vez menos reconhecível com as marcas que a passagem do tempo deixam na ilustração. O carvão avermelhado parece se dissolver no papel, que, por sua vez, fica mais amarelado e coberto por pequenas manchas escuras. Séculos de exposição à umidade e às más condições de armazenamento causaram mudanças estruturais nas fibras da obra de arte, um processo drástico que somente agora os cientistas passam a compreender com clareza. Com a ajuda de um equipamento de alta tecnologia, um grupo de pesquisadores europeus foi capaz de traçar um diagnóstico da ilustração do mestre renascentista.



O trabalho, publicado ontem na revista especializada Applied Physics Letters, detecta a presença dos chamados cromóforos, componentes responsáveis pela cor de um material. Como ocorre com toda matéria, o papel absorve a luz visível e a reflete em um determinado espectro, que determina o tom percebido pelos olhos humanos. Mas, no caso da celulose, as moléculas tendem a oxidar e a perder a cor natural. Em vez de refletir o branco, os cromóforos passam a absorver as luzes violeta e azul e a dispersar somente os tons amarelos e vermelhos. O resultado é o amarelamento do papel, que fica mais marrom ao longo do tempo.

Para descobrir o nível de envelhecimento da obra de Da Vinci, os pesquisadores usaram uma técnica chamada espectroscopia de reflexão. O método mede com precisão o espectro do material, detectando mudanças de cores difíceis de notar a olho nu. A análise foi feita em dois pontos manchados na frente do papel e em outra porção com a mesma condição de preservação no verso da obra. As amostras tinham apenas 6mm de diâmetro.

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