Jornal Correio Braziliense

Tecnologia

Robótica é usada para tornar a vida humana cada vez mais simples

Os robôs, humanoides exploradores ou máquinas catadoras de latinhas na praia, são bons exemplos. Conheça o trabalho de estudantes da Universidade de Brasília

e já estão mais próximos de nós do que imaginamos.

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Uma empresa americana vem empolgando os mais entusiastas e assombrando temerários com relação à robótica. A Boston Dynamics, que foi recentemente adquirida pelo Google, impressiona com máquinas altamente complexas. Um exemplo é o BigDog, desenvolvido pela empresa. Imagine um animal de ferro que, sozinho, corre a 6km/h, sobe morros de até 35 graus, carrega 150kg nas costas e consegue andar pela terra, neve e até na areia molhada da praia. O robô faz inveja a qualquer burro de carga.

Além do cachorro grande, a empresa também trabalha no Atlas, uma máquina de resgate que consegue andar por trilhas irregulares, evitar obstáculos e se equilibrar em apenas uma das ;pernas;. Há ainda o Cheetah, que quebrou o recorde de robô mais rápido do mundo ao correr 46km/h ; antes, a marca era menos da metade que isso, 21km/h.

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E, se enviar uma pessoa para outro planeta é complicado por razões biológicas, a Nasa pensa em outras soluções. Para fazer coro às sondas que a agência espacial americana manda a Marte, como a Curiosity ou a Spirit, a companhia produz máquinas que imitam o formato humano para explorar o planeta vermelho. Com quase dois metros e 125kg, a empresa apresentou no fim do ano passado o Valkyrie, protótipo de androide explorador, com câmeras na cabeça, peito, mãos e pés para enviar as imagens de tudo o que o robô encontrar.


UnB automatizada

Na Universidade de Brasília, estudantes montaram um grupo para participar de competições de robôs. Com uma máquina que coleta latinhas da praia, desvia de obstáculos e evita a água, a Droid, sigla para ;Divisão de Robótica Inteligente;, venceu o Campeonato Latino Americano de Robótica, o Larc, em 2012.



Além da máquina ecológica, o grupo participa de outras provas mais ;lúdicas;, como a Humanoid Robot Racing, cujo objetivo é correr quatro metros no menor tempo possível com uma dispositivo humanoide, que imita o corpo de um ser humano.

;A recompensa é ver um robô funcionando e saber que foi você quem fez aquilo;, explica Alexandre Crepory, estudante de engenharia mecatrônica da UnB e líder da equipe. Ele acredita que a falta de apoio que o Brasil oferece à pesquisa científica prejudica o desenvolvimento da robótica por aqui. ;O incentivo é bem fraco, poucas empresas se interessam por estimular a produção de robôs;, lamenta.

O professor da UnB Alexandre Padilha concorda. ;Em termos de incentivo, a robótica tem recebido bem mais que no passado, temos mais recursos e dinheiro. Mas não há muita diferença em relação a outras áreas da ciência no Brasil, passamos pelos mesmos problemas de infraestrutura. Além da burocracia que existe em instituições públicas, dificuldade de comprar material e tudo mais.;

O campeonato latino-americano vai acontecer em outubro, em São Carlos, no interior de São Paulo, e a Droid vai estar presente em dois desafios. Em um deles, os robôs devem levar blocos soltos na água até um porto, e vice-versa. No outro, duas equipes disputam em uma arena cheia de bolinhas de pingue-pongue azuis e amarelas, que valem pontos positivos e negativos, respectivamente. A prova consiste em mandar as bolinhas para o campo do adversário e, ao fim de cinco minutos, vence quem tiver mais pontos.

;O que mais me motiva é criar tecnologia para aumentar a qualidade de vida de alguém;, comenta Padilha. ;Construir robôs contribuindo para melhorar o mundo é o que me trouxe até aqui.;


Exoesqueleto é robô?

Se você viu as notícias sobre a Copa do Mundo nas últimas semanas, deve ter ouvido falar sobre o exoesqueleto desenvolvido pelo neurocientista brasileiro Miguel Nicolelis, que deu o pontapé inicial no Mundial. O aparelho funciona como uma extensão do corpo de uma pessoa paraplégica. De acordo com Padilha, embora tenha potencial, o dispositivo ainda não pode ser considerado um robô. ;É mais uma órtese [espécie de aparelho ortopédico], mas que ainda tem muito a ser melhorado;.