postado em 19/08/2014 16:01
Desde, pelo menos, 2010, um programa capaz de roubar documentos, gravar áudios, identificar a localização do usuário, ativar a câmera e interceptar o que se digita no computador tem feito vítimas na América Latina. Os alvos são forças armadas e agências governamentais. Atrás, respectivamente, de Venezuela (42%), Equador (36%), Colômbia (21%) e Rússia (6%), está o Brasil (1%) como o quinto país mais espionado pelo programa.
Divulgada nesta terça-feira (19/8), na IV Cúpula Latinoamericana de Analistas de Segurança, a investigação da Kaspersky Lab, empresa de software antivírus e segurança de internet, aponta que a campanha de ciberespionagem - intitulada por eles de Machete - foi desenvolvida por um país da própria América Latina. Embora Dmitry Bestuzhev, diretor da Equipe de Segurança e Análises para América Latina, afirme que se trata de uma ação governamental, ainda não se sabe de qual país partiu o ataque.
"Não há evidências suficientes para dizer de qual governo partiu. Qualquer palpite seria uma acusação que não podemos fazer", explicou Bestuzhev. Em alguns casos, a depender do nível técnico é impossível identificar o responsável pelo ataque.
A companhia, contudo, já identificou as vítimas. No total, foram 778 organizações infectadas em 15 países diferentes. Seis deles da América Latina. No Brasil, ao menos seis organizações foram vigiadas pelo programa. Como cada departamento tem vários computadores, o número de vítimas indiretas é maior.
Pela análise do que foi roubado pelo programa, os principais interesses, segundo a pesquisa, são em inteligência e atividades militares, como, por exemplo, quantos aviões tem as forças armadas de um país. Além de posições diplomáticas e governamentais não declaradas oficialmente.
Como descobriram
Um general de algum país da América Latina -- de língua espanhola, mas não divulgado pela Kaspersky Lab -- contactou a empresa suspeitando que estava sendo espionado. O programa encontrado é instalado por meio de emails que direcionam para falsos sites e arquivos de PowerPoint. Com referências ao livro "A arte da guerra" ou a temas pornográficos, basta baixar as apresentações para que o programa se instale e passe a espionar o computador.