Roberta Machado
postado em 12/09/2014 08:31
Quando a saúde de um integrante da tripulação da nave estelar Enterprise estava em jogo, logo surgia o Dr. McCoy com o seu fiel tricorder em mãos. O aparelho, pouco maior do que uma calculadora, era equipado de um pequeno escâner de mão, que o médico usava para examinar o paciente antes de dar seu diagnóstico. A situação é bem conhecida dos fãs da clássica série de ficção científica Jornada nas estrelas, mas em breve pode se tornar rotina para qualquer pessoa da vida real.Um grande concurso promovido pela empresa de tecnologia Qualcomm desafiou os melhores pesquisadores do mundo a criar um tricorder de verdade, capaz de diagnosticar doenças e produzir um relatório instantâneo e detalhado da saúde de um paciente, tudo fora do consultório. A competição foi lançada em 2012 e acaba de selecionar 10 finalistas, que terão até o fim de 2015 para desenvolver seus projetos. A expectativa é que o produto vencedor seja anunciado no início de 2016, quando deve estar pronto para comercialização - durante todo o processo, os competidores recebem orientação da agência sanitária norte-americana, a FDA.
O grupo escolhido vai receber um prêmio de US$ 10 milhões. A regras do concurso - batizado de Qualcomm Tricorder XPRIZE - são simples: o dispositivo precisa detectar ao menos 15 doenças diferentes e medir cinco sinais vitais da forma mais fácil e menos invasiva possível. A ideia é dispensar agulhas, peças complicadas e o linguajar médico para desenvolver um sistema tão fácil de usar quanto um smartphone. Ao apertar de um botão, o usuário poderá consultar pressão sanguínea, frequência cardíaca e temperatura, além de descobrir se apresenta sintomas de condições como anemia, diabetes, hepatite A ou tuberculose. Ao final do concurso, os aparelhos serão testados em grupos de consumidores reais, que vão avaliar não somente a precisão dos tricorders como a usabilidade e a praticidade dos equipamentos.
Entre os grupos selecionados para a fase final, estão universidades, fabricantes de equipamentos médicos e startups de todo o mundo. Um dos projetos, o Scanadu, já teve o protótipo apresentado em Las Vegas, na Consumer Electronics Show (CES) deste ano. Trata-se de um pequeno disco que pode ser pressionado contra a testa, para medir níveis de oxigênio; contra o peito, para avaliar a respiração; ou sob o dedão, de onde registra a frequência cardíaca. Os dados são transferidos para um aplicativo, que grava as medições e calcula a evolução do paciente com o tempo.