postado em 14/05/2015 16:30
Falar de Axiom Verge sem mencionar Metroid é impossível. Não é apenas a primeira associação natural ao ver o game, mas uma comparação constante que permeia a mente do jogador durante maior parte das horas iniciais da jogatina. Mas se inícios fossem termômetro para medir a experiência completa de uma obra, Okami (2006) e Fallout 3 (2008) estariam fadados ao fracasso nos primeiros minutos. Felizmente Axiom Verge se torna rapidamente uma experiência prazerosa e divertida, conseguindo se desvirtuar de Metroid em mecânicas tão criativas quanto sua premissa.
Criado por Tom Happ, o jogo é um sidescrolling de ação e aventura semelhante a Contra (1987). Ambientado numa realidade alternativa, o cientista Trace (você) é levado a uma dimensão alienígena após um acidente em seu laboratório e, a partir daí, cabe ao jogador buscar respostas para o que está acontecendo ao tempo em que resolve quebra-cabeças e derrota inimigos (incluindo chefes em pontos específicos do mapa). Claro que a conexão entre Axiom Verge e o subgênero Metroidvania (jogos com elementos de progressão inspirados nos de Metroid e Castlevania) também acaba sendo inevitável. O game conta com esses elementos, mas isso não necessariamente o coloca num lugar-comum; aqui, o contrário acontece e a progressão acaba sendo substancial para a experiência total do jogador.
[VIDEO1]
[SAIBAMAIS]Naturalmente, a primeira impressão de Axiom Verge cai sobre o visual, muito semelhante - se não idêntico - às texturas utilizadas em Metroid (NES, 1986). Além disso o ambiente ;biotecnológico-espacial; é outra homenagem à obra original do Nintendinho. A ideia de limitação visual para simular a atmosfera dos jogos antigos 8-16 bits resultou em uma paleta de cores pobre e aquém do nível das animações. Isso esbarra até mesmo dos cenários, que, de modo contrastante, são desafiadores e vivos em design, mas visualmente nem tanto. Apesar da paleta pobre, o design dos personagens é interessante e chama atenção principalmente por ser essencial para a própria ambientação na estética biotecnológica do título.
Mas o que fica claro e cristalino desde os primeiros desafios é como toda a experiência de Axiom Verge orbita em torno de sua jogabilidade. E, para a felicidade do jogador, ela é precisa e inteligente. Isso porque Trace tem posse de uma arma que ganha novas características quando o jogador coleta um novo power-up. Esta arma e suas habilidades, na primeira hora do jogo, parece apenas emular o que já era visto em Metroid ou Blaster Master, mas depois surpreende o jogador pela mudança de perspectiva e evoluções únicas. Como um bom ;Metroidvania;, vai ser comum o jogador se deparar com adversidades no cenário e em certos momentos travar em um ponto e ter de analisar o mapa com cuidado. E é na solução desses pequenos quebra-cabeças de exploração que Axiom Verge brilha.
O mérito do design de níveis e da jogabilidade é ainda maior quando ambos convergem na solução de problemas usando a própria arma de Trace e outras evoluções. Dois bons exemplos são os momentos quase catárticos ao descobrir a habilidade do disruptor da arma, responsável por literalmente hackear inimigos, transformando-os em criaturas de textura semelhante à dum cartucho mal encaxado no seu Nintendo. Alguns desses inimigos, a partir daí podem destruir cenários e abrir passagens antes inexistentes. Quando o jogador descobre que pode hackear o próprio movimento de Trace é outro passo importantíssimo para a progressão no game.
E por falar em progressão, a de Axiom Verge é visível. Ao naturalmente desbravar os cenários em busca de novas habilidades para a arma, é fácil se deparar com energias que aumentam a vida ou o dano do seu personagem. E a mudança é clara - ainda mais no fim do jogo, quando alguns dos que eram os piores inimigos são mortos com apenas um tiro.
Alguns dos momentos mais desafiadores e empolgantes durante o game, aliás, são as batalhas com chefes. O jogador que está familiarizado às estratégias para derrotar chefes em jogos da série Souls ou Shadow of the Colossus não ficará impressionado. Aqui, os chefões pedem destreza e inteligência do jogador, com uma certa parcela de liberdade para você escolher qual melhor power-up para aquela estratégia - que, às vezes, pode ser mais de um.
Axiom Verge é uma aposta de cinco anos de desenvolvimento. É claro que se baseia nos gêneros de ação e aventura da era 8-bits, mas continua mostrando personalidade na progressão intuitiva e natural durante suas 15 horas. A obra se parece no visual e na jogabilidade com o aclamado título da Nintendo na época do NES, e ao mesmo tempo tem forte design de níveis e uma premissa objetiva e inteligente com hacks para desbravar cenários. Levando tudo em conta, é fácil admitir que Axiom Verge se parece muito, mas não é Metroid. E suas diferenças são fortes o bastante para o sustentar como uma excelente obra original e não apenas uma cópia.
Nota
Jogabilidade: 2,5
Sons: 2,5
Entretenimento: 2
Gráficos: 2
Total: 9
Informações técnicas
- Publicação: Thomas Happ Games
- Desenvolvimento: Thomas Happ Games
- Plataformas: PlayStation 4, PS Vita, PC
- Classificação: Não recomendado para menores de 14 anos
- Jogadores: 1 (off-line)
- Preço: R$ 40,99 (PS4 e PS Vita, cross-buy) e R$ 19,90 (PC)