Tecnologia

Tecnologia possibilita inserir dispositivo no corpo por meio de seringa

Sensor pode ser comprimido até passar pelo buraco de uma agulha, o que permite a inserção no corpo por meio de uma seringa. O dispositivo tem várias aplicações médicas, incluindo o monitoramento de órgãos, como o cérebro

Roberta Machado
postado em 10/06/2015 09:51
Graças a uma tecnologia desenvolvida por americanos e chineses, inserir um dispositivo eletrônico no corpo de um paciente pode ser tão simples quanto aplicar uma injeção. O método, descrito na revista Nature Nanotechnology desta semana, consiste no uso de eletrônicos flexíveis fabricados no formato de uma rede. O material pode ser enrolado até adquirir uma dimensão 30 vezes menor que a original, estreita o suficiente para passar por uma agulha de 0,1mm. Testes realizados em ratos provaram que a técnica não causa danos a organismos vivos e pode manter a eficiência dos dispositivos a longo prazo.

Interação do dispositivo com células do cérebro de um rato

Bioeletrônicos flexíveis tradicionais podem ser dobrados ou torcidos, mas, até então, era impossível inseri-los no corpo de uma pessoa por uma abertura menor que seu tamanho original. A nova malha eletrônica resolve esse problema com uma flexibilidade 1 milhão de vezes maior, que permite que ela seja manipulada e funcione mesmo quando deformada ao extremo.

;É difícil e perigoso proteger eletrônicos complexos e frágeis quando eles são implantados por uma abertura pequena. Todos os procedimentos tradicionais envolvem uma cirurgia que faz uma abertura igual ao tamanho da estrutura. Mas isso anula muitas das vantagens dos eletrônicos flexíveis. Por isso, o uso da seringa pode ser tão poderoso;, compara Charles Lieber, principal autor do estudo. O trabalho foi feito em conjunto com pesquisadores do Centro Nacional de Neurociência e Tecnologia de Pequim, na China.



O dispositivo flexível é feito de um polímero biocompatível chamado SU-8, que protege conexões e nanofios de ouro, silício e outros elementos. Mesmo deformado, o dispositivo mantém uma eficiência de até 90%. ;Sondas tradicionais de silício e de polímero podem ter uma eficiência de 100%, mas, uma vez que são injetados, muitos desses dispositivos falham ou param de funcionar devido ao dano causado no tecido;, ressalta Lieber.

Depois de introduzido no corpo, o implante se abre gradativamente, recuperando a forma original ao mesmo tempo em que se conforma com o formato do tecido. O processo acontece em vários estágios e leva cerca de uma hora. Como a força dos componentes da rede eletrônica é bastante baixa, a estrutura não causa danos ao tecido. ;Se injetado em água ou em uma cavidade dentro do cérebro, a malha eletrônica pode descomprimir completamente para o formato pré-programado. Mas, para tecidos densos, ela pode se descomprimir somente um pouco, dependendo das forças relativas;, explica o especialista.

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