Agência France-Presse
postado em 11/05/2016 19:00
Nações Unidas, Estados Unidos - A Microsoft informou na quarta-feira nas Nações Unidas que as companhias tecnológicas não podem evitar que os terroristas usem a internet, mas podem fazer mais contra o terrorismo digital.
"Não há uma solução mágica para impedir os terroristas de usarem a internet", disse o vice-presidente da Microsoft, Steven Crown, em um debate sobre combate ao terrorismo no Conselho de Segurança da ONU.
É a primeira vez que uma empresa da tecnologia fala ante o Conselho, que está cada vez mais preocupado com o uso crescente da internet e das redes sociais pelos jihadistas, como é o caso do grupo extremista Estado Islâmico.
Crown disse que o desafio que o terrorismo digital representa é intimidador, mas que a indústria está disposta a discutir maneiras para deter "o mal uso das nossas tecnologias para disseminar a violência, destruir e matar".
"Sabemos que há dezenas de milhares de contas de internet de terroristas que se recusam a desaparecer. Quando uma é fechada, outra aparece rapidamente para ocupar seu lugar", disse.
Nos 15 minutos que se seguiram aos ataques de Paris de novembro passado houve 7.500 tuítes, e em duas semanas um milhão de views nos vídeos que exaltavam o massacre.
"Toda tecnologia pode ser usada para o bem ou para o mal", disse Crown.
"Isto foi verdadeiro para o fogo - pensem nos incêndios criminosos -, para a pólvora, para a imprensa escrita, e também é verdade para nossos produtos e plataformas de tecnologia da informação", acrescentou.
A Microsoft e outras companhias tecnológicas estão participando de uma nova iniciativa do Comitê Antiterrorismo da ONU para acordar formas de combater essas ameaças.
Crown comparou a nova cooperação com o esforço conjunto para combater a pornografia infantil na internet.
"A Microsoft é diferente do Google, que é diferente do Facebook, que é diferente do Twitter", afirmou.
"Às vezes competimos ferozmente (...), mas nos unimos quando nossas plataformas são mal usadas", completou.
Ele sugeriu que fossem adotadas medidas para facilitar que os governos informem às companhias qualquer mal uso da internet e que as ajudem com as investigações.
Crown advertiu, no entanto, que o respeito ao estado de direito, aos direitos humanos e à defesa da liberdade de expressão deve ser o "fundamento" de qualquer ação.
"Nossas atividades nesse campo devem estar baseadas em princípios, mas nós devemos ir além do que estamos fazendo hoje", disse.