SÃO PAULO - Enquanto as principais empresas mundiais de tecnologia apresentam as grandes novidades do setor, especialistas da área debatem como o Brasil conseguirá superar os obstáculos de infraestrutura e investimento que ainda impedem a aplicação de grande parte das inovações no país. Esse é o cenário da 18; edição do Futurecom 2016, congresso com 247 expositores e expectativa de 14 mil visitantes, que começou segunda e se estende até quinta-feira, no Transamérica Expo Center, em São Paulo.
Limitado por uma rede móvel ainda em expansão e por debates sobre implementação de franquias na banda larga fixa, o Brasil assiste ao desfile de inovações sem que, na prática, elas cheguem aos produtos e à vida das pessoas. A internet das coisas, chamada IoT, por exemplo, é um dos principais assuntos no congresso desde as primeiras edições e ainda não deslanchou.
Para Laudalio Veiga Filho, presidente do Futurecom, o evento tem de gerar discussões produtivas para que comunidades sociais e de negócios sejam mais competitivas na nova economia. ;A popularização da banda larga é o pontapé inicial para a transformação;, disse.
Mais da metade das pessoas no Brasil assistem a vídeos por meio de streaming diariamente e a tendência é que esta estatística aumente. No futuro, a IoT vai conectar à rede dispositivos, eletrodomésticos, carros e até máquinas industriais. A estimativa é de que, em 10 anos, sejam 250 bilhões de conexões, entre pessoas e máquinas.
Streaming e IoT exigirão muito mais quantidade, qualidade e agilidade de conexão em um futuro muito próximo, diz Sylvio Peres, vice-presidente para Caribe e América Latina da CommScope. ;A rede cabeada no Brasil, assim como na América Latina de uma maneira geral, cobre cerca de 20% do território. As características geográficas, muito variadas de região para região, dificultam a chegada a locais mais distantes, como as zonas rurais. Para que a expansão seja viável para operadoras de telefonia e provedores de internet, a melhor solução é a implantação de células pequenas e antenas para transmitir o sinal sem fio;, sugere.
Qualquer brasileiro, contudo, sabe a dificuldade que é ter conexão móvel de qualidade no país. Os investimentos em infraestrutura para melhorar a qualidade de conexão são bilionários e falta fôlego às companhias que operam no país, sobrecarregadas com uma das maiores cargas tributárias do setor de telecomunicações do mundo. Tanto que a tecnologia 5G deve chegar ao país apenas daqui a cinco anos, apontam os especialistas. ;Primeiro é preciso desenvolver o 4G que é o que temos e está aí;, lembra
Outro entrave para o crescimento é falta de profissionais qualificados no país. Para mitigar esse problema, a Accenture anunciou o lançamento do Go2Job, uma ferramenta online e gratuita destinada a preparar jovens que buscam sua primeira oportunidade profissional por meio de um game, desenvolvido pela empresa com a apoio do Softex, hospedado no portal Brasil Mais TI, do governo federal.
O game orienta os candidatos a formularem currículos e esclarece dúvidas sobre como obter sucesso no universo do setor e do mundo corporativo. No lançamento, nesta terça-feira, durante o Futurecom, o diretor do Departamento de Indústria, Ciência e Tecnologia da Secretaria de Políticas de Informática do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), assinou uma carta de intenções de parceria com a Accenture para levar o Go2Job aos jovens de menor renda do país. ;A demanda é gigantesca e precisamos desenvolver o mundo digital. Até 2020, o objetivo é que envolver 3 milhões de pessoas. Só com capacitação teremos um setor mais eficiente e produtivo;, afirmou.
O presidente da Accenture para o Brasil e América Latina, Leonardo Framil, explicou que a companhia já investiu US$ 300 milhões, com participação de 1,2 milhão de pessoas em todo mundo em projetos com foco em empreendedorismo e empregabilidade no setor de TICs. ;Temos que inserir cada vez mais jovens, sobretudo de menor renda, no mundo digital;, disse.
A Accenture é uma empresa líder global em serviços, soluções e estratégias de negócios na área digital e de telecomunicações. Desenvolveu as plataformas de vídeo on demand hoje aplicadas pela NET e Globo Play e investe em internet das coisas (IoT).
* Repórter viajou a convite da Accenture