Agência France-Presse
postado em 19/03/2018 22:49
A empresa americana Uber suspendeu nesta segunda-feira (19/3) seu programa de veículos autônomos depois que um desses carros atropelou e matou uma pedestre em Tempe (Arizona, sudeste dos Estados Unidos).
O veículo da Uber transitava em modo autônomo, com um operador atrás do volante, quando atingiu uma mulher que atravessava a rua na noite de domingo, informou a empresa com sede em San Francisco.
A vítima foi levada para o hospital, onde faleceu.
"Nossos corações estão com a família da vítima", disse um porta-voz da Uber à AFP. "Estamos cooperando plenamente com as autoridades locais em sua investigação deste incidente", acrescentou.
A Uber anunciou a suspensão de seus carros sem condutor que estava testando, ou usando, em Tempe, Pittsburgh, Toronto e San Francisco.
A empresa só utilizava veículos autônomos como parte de seu serviço regular de aluguel de carros em Tempe e Pittsburgh.
Dentro do carro, viajava apenas um operador, no assento do motorista, quando aconteceu o acidente fatal, segundo a empresa. A polícia apreendeu o veículo.
O acidente fatal deste domingo foi o primeiro envolvendo um pedestre.
Tecnologia lenta?
O primeiro acidente fatal de um carro autônomo foi relatado em meados de 2016 e envolveu um Tesla.
O Tesla Model S, conduzido no "piloto automático", não conseguiu detectar um caminhão cruzando a pista, o que provocou a morte do motorista. Mais tarde, soube-se que ele manteve as mãos fora do volante por períodos prolongados, apesar dos avisos para não fazê-lo.
Pesquisadores do US Transportation Safety Board determinaram que a causa provável do acidente foi a combinação de "falha do motorista do caminhão de não ceder a passagem e falta de atenção" do ocupante do carro, "devido à confiança excessiva na automação do veículo".
Como no acidente fatal da Tesla, o da Uber provavelmente despertará preocupações de a indústria estar avançando rapidamente demais para implantar veículos autônomos.
A Waymo, de propriedade da Google, testa há anos carros que se conduzem autonomamente, competindo com a Uber. No início deste mês, começou a usar caminhões autônomos para transportar carga.
A Uber fez um anúncio similar, alegando que usa caminhões autônomos como parte de um serviço de transporte sob demanda no Arizona.
Em setembro, a secretária de Transportes dos Estados Unidos, Elaine Chao, apresentou novas diretrizes que permitem mais testes para os carros sem motorista e abordam a regulação entre o governo federal e os estados.
Exame de vista
Vários estados dos Estados Unidos estabeleceram suas próprias normativas para as estradas, e alguns aprovaram leis que permitem o uso de veículos autônomos.
A Califórnia e o Arizona têm sido particularmente encorajadores, esperançosos de que as empresas que desenvolvem essas tecnologias criem empregos e instalações dedicados à nova indústria.
A professora de robótica da Universidade de Duke Missy Cummings está entre as pessoas que defendem a desaceleração da introdução de veículos autônomos para evitar riscos e estabelecer regulamentações adequadas.
Enquanto as máquinas são melhores em ficar alerta e reagir às situações de rotina, os motoristas humanos são superiores para lidar com situações incomuns ou inesperadas, disse Cummings.
A professora argumentou que, se as pessoas precisam passar nos exames de vista para obter carteiras de motorista, os veículos autônomos também devem ser aprovados.
"Dado que ainda estamos aprendendo e descobrindo problemas importantes, temos que nos perguntar por que estamos tentando fazer com que essa tecnologia seja usada em massa", disse Cummings à AFP.
"Sou uma grande fã de tecnologia, mas não está testado e é experimental."