Agência Estado
postado em 09/06/2018 16:08
O Facebook anunciou nesta semana que vai passar a veicular programas jornalísticos de algumas emissoras no seu serviço de vídeo chamado Watch (assista, em inglês). Os noticiários serão produzidos exclusivamente para o Facebook por emissoras importantes nos Estados Unidos, como ABC, CNN e Univision.
O serviço de vídeos foi lançado em outubro de 2017 como uma estratégia da empresa de entrar no mercado de vídeo online, já que o principal concorrente da plataforma, a Google, é líder neste segmento com o YouTube. O foco é a veiculação de séries e outros programas na forma de capítulos. O serviço ainda não está disponível no Brasil.
[SAIBAMAIS]Vão ser disponibilizados no canal de vídeos os programas Anderson Cooper Full Circle, da CNN, Fox News Update, da Fox, On Location, da ABC, e uma revista audiovisual voltada ao público hispânico. Os conteúdos serão exclusivos e direcionados para a audiência da plataforma.
Diretores do Facebook disseram em entrevistas a veículos especializados que a iniciativa é uma forma de promover conteúdos de qualidade e de referência para os usuários, uma forma também de responder às críticas sobre o papel da plataforma na divulgação das chamadas notícias falsas (fake news).
O anúncio é um marco importante. Até agora, a despeito das diversas funcionalidades que oferece, o Facebook é uma rede social que serve de espaço para a circulação de textos, imagens e vídeos de terceiros. Com essa iniciativa, mesmo que ainda em parceria, passa a ser promotora de conteúdos próprios, tornando-se também uma empresa de mídia.
Na avaliação do pesquisador do Programa de Pós-Graduação do Departamento de Ciências da Informação da Universidade Federal do Rio de Janeiro João Carlos Caribé, a iniciativa dará mais poder à plataforma, que já tem mais de 2 bilhões de usuários, e pode ter efeitos importantes sobre o debate público.
;O Facebook faz um movimento de trazer para dentro de si cada vez mais tipos de serviços, agora a produção noticiosa. Como a companhia tem acesso a dados dos usuários, isso pode ser usado para a elaboração de notícias e personalizar os conteúdos, o que pode estimular as chamadas bolhas ideológicas;, disse.