Tecnologia

Nasa envia laser ao espaço para medir o gelo na Terra

O satélite será lançado, segundo o previsto, a bordo de um foguete Delta II da Base Aérea Vandenberg, na Califórnia

Agência France-Presse
postado em 14/09/2018 17:44
O novo laser enviará 10.000 pulsações por segundo, em comparação com o ICESat original, que enviava 40 por segundo
Tampa, Estados Unidos - A Nasa está se preparando para lançar, neste sábado, seu laser espacial mais avançado, o ICESat-2, uma missão de US$ 1 bilhão para descobrir as profundezas do gelo do planeta - que derrete à medida que o clima esquenta.

O satélite, que tem aproximadamente o tamanho de um automóvel pequeno e pesa meia tonelada, será lançado, segundo o previsto, a bordo de um foguete Delta II da Base Aérea Vandenberg, na Califórnia.

A janela de lançamento de 40 minutos abre às 05H46 locais (09H46 em Brasília). A missão é "excepcionalmente significativa para a ciência", disse o executivo do programa ICESat-2 da Nasa, Richard Slonaker, a jornalistas.

Tal importância se deve a haver passado quase uma década desde a última vez que a Nasa teve um instrumento em órbita para medir a elevação da superfície das camadas de gelo em todo o planeta.

A missão anterior, ICESat, foi lançada em 2003 e terminou em 2009. Graças a ela, os cientistas descobriram que o gelo marinho estava diminuindo e que a camada de gelo estava desaparecendo nas zonas costeiras da Groenlândia e da Antártica.

Nos nove anos que transcorreram desde então, a missão Operação IceBridge pôs um avião especial para voar sobre o Ártico e a Antártica "fazendo medições de altura e documentando as mudanças no gelo", indicou a Nasa.

Mas se necessita uma atualização com urgência. A dependência constante da humanidade dos combustíveis fósseis para produzir energia faz com que os gases de efeito estufa que aquecem o planeta aumentem continuamente.

As temperaturas médias globais sobem ano após ano. Como resultado, quatro dos anos mais quentes nos tempos modernos foram entre 2014 e 2017.

A camada de gelo no Ártico e na Groenlândia está afinando, o que se soma ao aumento do nível do mar que ameaça centenas de milhões de pessoas ao longo da costa.

O ICESat-2 ajudará os cientistas a entender até que ponto o derretimento das camadas de gelo está contribuindo para o aumento do nível do mar.

"Poderemos ver especificamente como o gelo está mudando no transcurso de um só ano", disse Tom Wagner, cientista do programa de criosfera da Nasa.

Os dados com esta precisão mais os coletados em anos anteriores deveriam permitir que os cientistas avancem na compreensão das mudanças climáticas, e assim melhorar as previsões de aumento do nível do mar, afirmou.

Laser avançado
O ICESat-2 está equipado com um par de lasers, sendo um de apoio, que são muito mais avançados que os da missão anterior, ICESat.

Embora seja poderoso, o laser não será quente o suficiente para derreter o gelo de seu ponto de observação, cerca de 500 km sobre a Terra, explicou a Nasa.

O novo laser enviará 10.000 pulsações por segundo, em comparação com o ICESat original, que enviava 40 por segundo. O resultado é um grau de detalhamento muito superior. As medições serão feitas a cada 0,7 metro ao longo do trajeto do satélite.

"A missão reunirá dados suficientes para estimar a mudança anual na elevação das camadas de gelo da Groenlândia e da Antártica, mesmo se for tão pequena como quatro milímetros, a espessura de um lápis No.2", afirmou a agência espacial americana em um comunicado.

O laser medirá a inclinação e a altura do gelo, não só a área que este cobre. "Uma das coisas que estamos tentando fazer é conhecer a mudança que está ocorrendo internamente no gelo, e isto vai melhorar enormemente nossa compreensão disso, especialmente em áreas onde não sabemos o quanto está mudando neste momento", disse Wagner, apontando que as profundezas da Antártica ainda são um mistério.

A missão deve durar três anos, mas o aparelho tem combustível suficiente para continuar por até 10 anos caso se decida estender sua vida.

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