Tecnologia

Brasileiros tiram nota 3 em estudo do Google sobre habilidades digitais

Empresa mensurou, em números, a familiaridade dos usuários com a rede. Dificuldade de identificar sites confiáveis foi uma das maiores falhas dos brasileiros

Fernando Jordão
postado em 26/03/2019 00:01
Teclado de computador
Você consegue medir, em uma escala de 0 a 5, quão boa é a sua relação com a internet e o mundo digital? Além de navegar por diversos sites, você sabe usar com segurança a rede, busca inovações e até cria conteúdos para o mundo web? Em uma pesquisa colaborativa inédita, divulgada nessa segunda-feira (25/3), o Google e a empresa de consultoria e gestão estratégica McKinsey buscaram encontrar esse número. O resultado foi chamado de "Digital Skills Index - Índice de Habilidades Digitais" e, na escala de 0 a 5, o Brasil marcou 3 pontos.

O estudo foi dividido em cinco categorias: Acesso, Uso, Segurança, Cultura Digital e Criação. A primeira revela a forma como os usuários utilizam funções básicas na internet, como aplicativos de celular, por exemplo. A segunda, mais avançada, tem relação com o uso da internet para tarefas do dia a dia, como pagamentos de boletos, localização por GPS e criação de perfis online. A terceira categoria mede o nível de conhecimento dos internautas sobre os perigos da rede, como vírus e sites pouco confiáveis. A quarta tem relação com uma cultura tecnológica, onde o usuário busca sempre informações sobre lançamentos e está aberto a aprender testando novos gadgets ou softwares. Por fim, os pesquisadores mediram a capacidade de criação de conteúdos para a internet, com noções de SEO e até programação. Foram ouvidas 2.477 pessoas, entre 15 e 60 anos, de classes econômicas de A a D, em 28 cidades de 12 estados brasileiros.

No primeiro aspecto, o Brasil recebeu nota 3,5, com destaque para ligar e desligar aparelhos e navegação, mas com defasagem em uso de comando de voz e configuração de softwares. Em Segurança, a nota foi 3,4, com desempenho positivo em cuidados com dados e informações pessoais e identificação de phishing (um tipo de golpe virtual), mas com deficiências na identificação de sites seguros e de ameaças como malware. A nota se repete na categoria Uso, com mérito no uso de aplicativos de mensagem e buscadores e falhas no armazenamento de dados em nuvem e transações online.

O desempenho do país foi pior nas duas últimas categorias. Em Cultura Digital, a nota foi 3, com foco em vocação para aprender experimentando e acompanhamento de reviews de lançamentos, mas com cultura de aprendizagem por tentativa e erro e tomada de risco no uso de novas tecnologias como pontos negativos. Por último, em Criação, a nota foi de apenas 1,8 ponto, com desempenho satisfatório em criação e desenvolvimento de apresentação e edição de vídeos, mas aquém do esperado em entendimento e aplicação de conceitos de machine learning e automação de sistema de dados.

A média final alcançada pelo Brasil ; de 3 pontos ; foi calculada com base no desempenho nas cinco categorias. "O mais importante é ver como o país pontuou em cada uma das dimensões e perceber que, mesmo nas que ele pontuou melhor, tem aspectos a aprimorar. Em Segurança, por exemplo, apesar de ter feito 3,4, foi mal na questão da identificação de sites seguros, de perceber ou identificar a confiabilidade do site, das fontes, com toda essa onda de fake news", avaliou a head de Marketing e insights do Google Brasil, Maria Helena Marinho. "A média foi 3 e a melhor interpretação é dizer que é um nível intermediário. Mesmo nas dimensões mais básicas, até as mais sofisticadas, tem muito trabalho pela frente", acrescentou.

Também conforme o estudo, três grupos apresentaram desempenho levemente inferior aos demais no índice: idosos, mulheres jovens e pessoas de baixa renda. A pesquisa ainda estabelece uma relação direta entre a renda e a habilidade digital, independentemente, inclusive, de outros fatores, como educação, idade, gênero e condição de trabalho: quanto maior é a faixa de renda, maior é a familiaridade com a internet.

Além de causa, as questões econômicas também surgem como consequência da inaptidão digital. Segundo o levantamento, todas as competências combinadas podem gerar um acréscimo de até R$ 380 na renda mensal de um trabalhador (equivalente a 40% do salário mínimo), com destaque para as competências de Criação. Esse aumento, é claro, contribuiria para a economia do país, podendo acrescentar ; também de acordo com o estudo ; US$ 70 bilhões ao PIB brasileiro.

"Aprimorar essas habilidades contribui para a geração de renda extra, porque você pensa em novas tecnologias; para a produtividade, porque há um ganho de produtividade; e na questão do emprego, porque as pessoas são mais capacitadas. Ou seja, melhora a economia, pois tem um potencial de geração de renda para o indivíduo e para a economia como um todo. Não trabalhar com essas alavancas é um prejuízo", conclui Maria Helena Marinho.

Cresça com o Google

O estudo inédito também vai balizar a oferta de treinamentos promovidos pelo Google. Um deles é o Cresça com o Google, que, na edição deste ano, passará por seis cidades brasileiras. Brasília é uma delas, junto a Porto Alegre, Belo Horizonte, Recife, Goiânia e outra a definir. Na capital federal, o evento acontece nesta quarta-feira (27/3), no Centro Internacional de Convenções do Brasil (CICB), as inscrições, porém, já foram encerradas. No ano passado, o treinamento foi realizado no DF e em cinco estados do Nordeste. Ao todo, 45 mil pessoas participaram, sendo que 88% afirmam ter melhorado as habilidades digitais e 71,7% dizem ter ficado mais confiantes sobre o futuro profissional.

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