postado em 05/01/2011 08:00
Geraldo Silveira
Especial para o Correio
Com 3 milhões de habitantes, Santo Domingo é o polo cultural da República Dominicana. A falta de boas praias impediu um desenvolvimento turístico mais acentuado, embora os 16 grandes hotéis internacionais, com seus cassinos e atividades de lazer, cumpram com louvor a missão de bem receber quem para na cidade.
E o visitante que não estiver interessado apenas em roletas e caça-níqueis vai ter muito para aproveitar. Na cidade colonial, você trocará a brisa do mar por um mergulho na história, sem perder, claro, a oportunidade de provar ótimos drinques à base de rum e cerveja de primeira linha, à medida que descobre os mistérios e encantos de suas ruas e praças. E, para relaxar da caminhada, nada melhor que terminar a noite na boêmia Plaza España.
O seu descobrimento da primeira cidade da América pode começar justamente nessa ampla praça, cercada pelas muralhas da Fortaleza Ozama, que ganhou esse nome por conta do rio que banha a capital. Lá a noite fervilha, com mesas nas calçadas, música ao vivo e a atividade das dezenas de bares e restaurantes.
Durante o dia, ela é dominada pelo imponente Alcácer de Colón, o palácio do vice-rei, construído por Diego Colombo, filho primogênito de Cristóvão, entre 1510 e 1514. De estilo gótico mudéjar, ele foi transformado em museu e retrata a vida do vice-rei e sua família, com objetos e réplicas da época.
Da praça, passa-se à Calle de las Damas, a primeira rua pavimentada da América. Nela fica o atual Museu das Casas Reais, criado em 1973. Na verdade, eram dois palácios, construídos em 1511, que serviram como o primeiro tribunal do Novo Mundo e a residência dos governadores. Bem próximo, está o Panteão Nacional, onde repousam os restos de dominicanos ilustres.
Controvérsia
A Calle de las Damas desemboca no Parque Colón, antiga Plaza Mayor, onde reina a Catedral Primada ; ou Basílica Menor de Santa Maria da Encarnação ; que teve sua construção iniciada em 1512. Como quase tudo em Santo Domingo, também ostenta um título inédito: o de primeira catedral católica da América.
Sob o seu altar-mor, em 1877, teriam sido encontrados os restos mortais de Cristóvão Colombo. Em 1992, a ossada foi transferida da catedral para o Faro a Colón, monumento construído especialmente para abrigá-la.
Mas há controvérsias. Os espanhóis não têm a menor dúvida de que Colombo repousa na Catedral de Sevilha. Inclusive, em 2004, peritos do país fizeram análise de DNA de parte dos ossos do navegador, que comprovaram a sua identidade. Os dominicanos, porém, não reconhecem a legitimidade do exame, justamente por ter sido feito por seus rivais.
Deixe a discussão de lado e encerre o passeio nas proximidades, nas ruínas do hospital San Nicolás de Bari e do Monastério de San Francisco, de princípios do século 16, destruídos por um terremoto no início dos anos 1900. De volta ao parque, boas dicas são o Museu do Âmbar, para conhecer e comprar a pedra em forma de joias, e a Boutique del Fumador, que vende e fabrica os ótimos charutos locais. Mesmo quem não fuma vai gostar de ver o interessante trabalho artesanal dos tabaqueiros.
Reserve ao menos dois dias para Santo Domingo. Envolva-se com a cidade e sua história. Depois, sim, é hora de sol e mar.
; O jornalista viajou a convite do Ministério do Turismo da República Dominicana