postado em 06/01/2011 18:23
A passagem de um furacão ; no começo de novembro ; e a ameaça de uma epidemia de cólera imediatamente depois não foram suficientes para afastar os viajantes de um dos destinos caribenhos mais populares entre os brasileiros: a República Dominicana.O escritório responsável pela promoção turística do país apurou que, no penúltimo mês de 2010, 4.679 brasileiros visitaram o destino, contra os 2.564 de novembro de 2009. No acumulado entre janeiro e novembro do ano passado, tem-se um total de 31.981 visitantes, ante 17.453 do mesmo período de 2009.
A instituição, que agora fecha os números relativos a dezembro, começa 2011 com uma expectativa aparentemente à prova de crise. "Era de 50 mil, mas agora falamos em 65 mil turistas brasileiros", comenta Maurício Vianna, diretor do Escritório de Turismo da República Dominicana no Brasil. "Trabalhamos muito para manter a imagem do país. Não existe ameaça para o brasileiro visitá-lo", assegura.
Na primeira semana de novembro, a tempestade tropical Tomás ganhou intensidade de furacão ao passar pela Ilha de Hispaniola, dividida entre o Haiti (a oeste) e a República Dominicana. Além de matar 20 haitianos, o fenômeno fez cerca de 12 mil desabrigados entre os dominicanos e deixou a população dos dois países mais vulnerável ao cólera.
O saldo no país mais pobre das Américas, até o momento, é de 157,3 mil contaminados e 3.481 mortos pela doença. No vizinho, 105 pessoas contraíram a bactéria Vibrio cholerae, mas todas estão vivas.
Embora inspirem cuidados, as notificações se concentram nas áreas que normalmente não recebem turistas. "A fronteira com o Haiti foi a parte mais afetada. Mas, quanto mais afastado dela for o lugar, menor o perigo", explica Vianna. "Os casos de cólera e as suspeitas se deram em bairros e povoados pobres, onde não há muita higiene", completa a advogada dominicana Taidi Muñoz, 22 anos, moradora da capital, Santo Domingo. "Tenho vários amigos que me visitaram desde novembro e nem sequer precisaram tocar no assunto."
Tranquilidade
Relatos semelhantes aos de Vianna e Taidi se proliferam em fóruns de sites especializados, como o TripAdvisor e o Viaje na Viagem, e vêm ajudando a tranquilizar quem está de viagem marcada. Prova disso é que a demanda por passagens aéreas e pacotes não se alterou desde novembro.
"Com base em nossos relatórios de ocupação dos voos, não tivemos queda na procura para a República Dominicana, que continua sendo um dos nossos principais destinos tanto para férias quanto para negócios", assegurou Marcos Calixto, gerente geral da Copa Airlines para o Brasil. A Gol, por meio de sua assessoria de imprensa, também confirmou que a rota São Paulo ; Punta Cana continua sendo uma das principais de sua malha internacional. Nenhuma das duas empresas divulga números de ocupação.
O discurso de tranquilidade se repete entre agentes de viagem e operadoras. "A maior procura para a compra dos pacotes ocorre nos meses de outubro e novembro, para viagens em dezembro e janeiro. Nesse período, as vendas não foram afetadas, as viagens estão sendo realizadas normalmente e o Caribe, de modo geral, tem sido muito procurado nestas férias", garante Antônio Monteiro Júnior, diretor da brasiliense Coyote Turismo.
"Na verdade, a época em que as pessoas tiveram mais preocupação foi a do terremoto no Haiti (em janeiro de 2010), e precisamos explicar que a República Dominicana não foi afetada. Já nos últimos dois meses, não sentimos nada de diferente", lembra Ediana Moura, supervisora da MGM. "Como nosso cliente é o agente de viagem e sempre há quem esteja começando no mercado, nosso papel é avisar esses profissionais sobre qualquer problema. Sempre traduzimos as notícias que o governo do país nos encaminha e divulgamos para o mercado. O operador tem que estar bem informado."
Higiene
Para quem tem viagem marcada para a República Dominicana, valem as mesmas dicas que o governo local vem divulgando nos jornais e na televisão. Entre elas, estão: lavar as mãos (ou limpá-las com álcool em gel) antes de comer ou manipular alimentos e depois de ir ao banheiro ou trocar as fraldas do seu bebê; tomar somente água mineral; usar água purificada (disponível nas grandes cadeias de hotéis e resorts do país) para tomar banho e lavar os alimentos; evitar comida crua (peixe, saladas, etc.) e descascar as frutas que for consumir.
"Também recomendaria ficar em um hotel bem localizado e conhecido, onde as condições sanitárias sejam garantidas tanto nos quartos quanto com a alimentação. É importante comer em lugares onde se veja que há higiene e fugir da comida de rua", completa Taidi Muñoz.
Precauções como essas já são bem conhecidas pelo ator Pablo de Souza, 35 anos, morador de Vicente Pires. Em 1; de fevereiro, ele parte para uma viagem com paradas na República Dominicana, nas Ilhas Virgens Britânicas e nos Estados Unidos, roteiro organizado pela brasiliense InTurismo. "Já estive em outros lugares com esse tipo de suspeita, como São Tomé e Príncipe, na África, e não me assusto. O principal cuidado que se deve ter é mesmo com a água", conta Pablo, que passará cerca de um mês fora do Brasil.