Uma estrada cercada por montanhas e eucaliptos leva a um dos pontos turísticos mais espetaculares da Colômbia: a Mina de Sal de Zipaquirá, cidade a 48km da capital, Bogotá. Declarado em 2007 a primeira maravilha do país, o túnel da mina de sal, de aproximadamente 1,5km, leva cerca de uma hora e 15 minutos para ser percorrido e leva à esplendorosa Catedral de Sal. O templo que pode ser visitado atualmente, construído entre 1992 e 1995, substituiu o antigo, erguido entre 1950 e 1954 e fechado por conta de problemas estruturais.
Na mina, com 8,5 mil metros quadrados e localizada em uma reserva natural de 32 hectares, a rota até a catedral reproduz as 14 paradas da via-crúcis de Jesus Cristo no calvário. No percurso, três cruzes, esculpidas com cada vez mais profundidade na pedra, representam a dor e o sofrimento vividos pelo filho de Deus. As luzes azuis e verdes simbolizam o abraço protetor do pai na hora do sacrifício e a esperança de redenção que o ato oferecia para a humanidade.
No fim da via-crúcis, chega-se à nave central, com uma cruz de 16 metros e uma reprodução talhada em mármore de A criação do homem, em homenagem a Michelângelo. ;A catedral é muito simbólica, abstrata, mas não perde a essência mineira e religiosa;, destaca a guia turística Ana Constanza Urrego Jiménez.
Durante o tour, o visitante observa o fruto do trabalho dos mineiros que participaram da construção da catedral, devotos de Nossa Senhora do Rosário. Ao longo de todo o túnel, cuja profundidade chega a 180 metros, é possível observar até os furos feitos pelos trabalhadores para colocar explosivos e abrir o caminho entre a entrada da mina e o templo religioso.
Outro detalhe interessante na parede é a imagem que homenageia o menino Jesus. Na pequena escultura, ele ; de roupinha rosa ; levanta as mãos aos céus. Ela foi instalada ali a pedido do engenheiro Jorge E. Castelblanco, que dirigiu a construção da segunda catedral. Em 1993, ele fez essa ação de graças por acreditar que a fé tenha curado seu filho, vítima de um câncer.
No fim do percurso subterrâneo, o visitante tem mais uma surpresa ao deparar com o Espelho d;Água, uma câmara em que a água, em contato com a rocha salina, cria um efeito óptico e forma um espelho de 80 metros quadrados.
Aventura
Na mina, é possível assistir a um filme projetado em 3D que conta de forma didática a história da Mina de Sal de Zipaquirá, desde a formação geológica, na pré-história, até os métodos de exploração da jazida na modernidade. Há também o auditório subterrâneo, com capacidade para 260 pessoas, onde podem ser realizados eventos sociais ou corporativos. O palco abriga até 50 artistas.
Do lado de fora, para quem quer aventura, há um muro de escalada com altura de 17 metros. Ele suporta até 12 pessoas ao mesmo tempo, em seis diferentes rotas. Uma delas foi desenhada especialmente para as crianças. As outras são para todos os tipos de escaladores, desde os iniciantes até os avançados. Há trechos cuja inclinação chega a quase 90 graus, destinados a pessoas com mais experiência.
E, para quem, na caminhada, sentiu o efeito dos 1,6 mil metros acima do mar, nada melhor do que terminar o passeio com um delicioso café colombiano, na saída da mina. O moka chocolate, por exemplo, feito com café, chocolate e leite, sai por 5 mil pesos colombianos, cerca de R$ 5.
Sal e ouro
O nome Zipaquirá refere-se a Zipa, cacique da comunidade dos muiscas, considerado senhor absoluto das ricas minas de sal. Estudos indicam que o povo indígena habitou a região onde atualmente está a Colômbia desde o século VI a.C, deixando traços na cultura local. Os hieróglifos deixados pelos pré-colombianos até hoje dão origem a questionamentos sobre essas sociedades. ;Zipá é considerado um senhor muito importante. Um dos marcos foi o fato de ele usar sal nas negociações comerciais em troca de ouro;, explica o guia turístico
Alvaro Castañeda.