Nahima Maciel
postado em 13/07/2011 11:03
O vinho do Porto não é bem do Porto, e sim de Gaia. Localizada na margem sul do Douro, Gaia sempre abrigou os armazéns e as destilarias da região. Para o desavisado, não há muita distinção entre as duas cidades, exceto o fato de esta ser uma versão mais elegante do Porto. Três pontes e um metrô unem as duas em um conjunto que pode ser percorrido a pé. Até o século 19, o rio era a única via de transporte dos tonéis de vinho trazidos das vinícolas da região para envelhecer tranquilamente em Gaia, onde o clima é mais ameno, e o inverno, menos rigoroso do que nas regiões das vinhas. Ao longo do século 20, as estradas substituíram o rio, que hoje serve apenas ao transporte de granito e aos cruzeiros e passeios realizados nos mesmos barcos originalmente utilizados para levar o vinho.A bebida símbolo do Porto tampouco é exatamente uma criação portuguesa. Os ingleses são pioneiros na produção da bebida e a informação explica nomes como Taylor;s, Croft, Niepoort, Sandeman, W. & J. Graham, Offley e Cockburn estampados nos enormes armazéns de Gaia. Mas obviamente que a ideia inglesa de nada adiantaria não fosse o solo moldado por mãos humanas durante séculos para abrigar cepas como a toriga, típica da região.
Vintage
;Gaia é o sítio com maior concentração de álcool por metro quadrado do mundo;, arrisca Ana Maria Morgado, relações públicas da cave Taylor;s. Há três tipos de vinho do Porto tinto e as diferenças estão relacionadas apenas com o processo de envelhecimento. O líquido é um só e produzido da mesma maneira, mas há várias formas de conservá-lo. Quando leva o rótulo de vintage, significa que passou pelo menos três décadas envelhecendo em garrafa. Trata-se do mais caro e licoroso de todos. O envelhecimento do ruby se dá em tonéis de madeira de 25 mil litros durante uma média de três anos. A baixa oxidação faz com que os aromas fiquem mais frutados. Já o tawny, envelhecido em pipas (tonéis de pequeno porte) num período entre quatro e seis anos, tende a apresentar notas de caramelo.
Já o Porto branco segue outra lógica. Enquanto os tintos têm um único grau de doçura, o branco pode ser classificado em doce, meio doce e extrasseco. A maioria das caves oferece visita e degustação gratuitas com direito a duas taças. Algumas vinícolas tradicionais na produção de vinho do Porto também começaram a experimentar produzir tintos e brancos secos. É o caso da Niepoort, cujo Redoma pode ser uma feliz descoberta. (NM)