postado em 13/07/2011 11:05
A homenagem a uma das profissões que mais contribuíram para o crescimento do Brasil levou a pequena e simpática comunidade de Ipoema (a cerca de 70km de Belo Horizonte) a inaugurar há oito anos, em plena Estrada Real, o Museu do Tropeiro.Eles podem ser definidos como os homens que cortavam trilhas e estradas conduzindo mercadorias em lombo de mulas, burros e cavalos. Também levavam cartas, boas e más novas, esperança e progresso. Se não é possível, por falta de conhecimento, nomear aqueles que foram os maiores tropeiros do Brasil, certamente vale o conjunto da obra.
Inaugurado em 29 de março de 2003, ele fica numa casa construída no século 18 e que pertenceu a um tropeiro conhecido como Sô Neco. Com cerca de 400 peças em exposição (mais algumas centenas na reserva técnica), que fazem alusão à cultura tropeira.
;Cabe lembrar que o tropeirismo promoveu o desenvolvimento social e econômico do país nos séculos 18 e 19. Possibilitou a construção de vilas e cidades, a partir dos ranchos, e favoreceu o enriquecimento das regiões por meio da movimentação dos ciclos econômicos;, explica Eleni Cássi Vieira, diretora do museu desde a fundação e também uma das entusiastas do movimento tropeiro em Minas e no Brasil. ;Tropeiros atravessavam o país em busca dos muares (burros) como meio de transporte. Grande parte da comercialização do muar encontrado no Sul era destinada à região das Minas Gerais;, continua.
O museu dirigido por Eleni também funciona como espaço cultural, com apresentações artísticas, degustação de culinária regional e encontros diversos. O local resgata e preserva manifestações culturais, além de divulgar grupos, como o Sons da Tropa, o Folclórico das Lavadeiras, os Estaladores de Chicote, os Meninos Trovadores e a Comitiva do Berrante. Eles se apresentam mensalmente durante a Roda de Viola, nos sábados de lua cheia. O museu também promove exposições temporárias com artistas de várias tendências.
Maria Rosa de Jesus Figueiredo, 65 anos, participa do Grupo Folclórico das Lavadeiras, atualmente com oito integrantes, organizado desde a fundação do museu. Elas apresentam números de canto e dança, relembrando os tempos antigos. ;Tenho imenso prazer de contar essa história, pois faz parte de nossa vida. Desde pequena lavava roupa no Rio Pouso Alegre, que passa atrás do museu. Os pobres não tinham água encanada e tínhamos mesmo que lavar no rio. Aí, aproveitávamos para cantar;, disse. Se você puder visitar a cidadezinha, não perca a chance de se emocionar com os cantos de trabalho e com o legado dos trabalhadores que, com simplicidade e força, moldaram a história e a cultura do interior do país.