Você não precisa ser religioso para ter ouvido falar do Mar Morto, que está a 400 metros abaixo do nível dos oceanos-base da Terra ; como o Pacífico e Atlântico ;, e é citado inúmeras vezes na Bíblia. Mas algumas coisas é preciso entender: a singela explicação para o nome, por exemplo. O mar é morto, ora pois, porque nenhum ser vivo sobrevive em sua água excessivamente salgada, com uma concentração de 1/3 por parte.
É por isso que ninguém consegue afundar. Daí as clássicas fotos de turistas ;boiando;, lendo revistas e jornais, que tanto são registros históricos como motivos para zoação em álbuns virtuais na internet. Por sinal, vale reforçar que o Mar Morto, para o turista, serve apenas para isso. Quem nele mergulhar certamente irá parar num hospital.
Antes da visita, vale a dica: os homens não devem fazer a barba; as mulheres, depilar-se. Em seguida, e esse verbo é fenomenal, lambuze-se até não poder mais com a lama negra do lugar. Os moradores juram de pés juntos de que ela produz vários efeitos no corpo, como regular a circulação do sangue. 
Na verdade, as propriedades medicinais do lugar são propagadas desde que Herodes, o Grande, governava a região (exatamente há 2 mil anos). Bem, uma coisa é certa: 10 minutos bastam para a pele ficar supermacia, bem agradável ao toque.
O fato é que os negócios terapêuticos do Mar Morto (que apresenta 20 minerais distintos, como magnésio e potássio) são tão levados a sério que todos os hotéis têm serviços de spa ; luxuosíssimos, por sinal. Um deles, o Anantara, no Kempinski Ishtar, tem 20 salas individuais, com sessões a US$ 100.
Como quaisquer resorts que se prezem, há opções de lazer de sobra nos lugares. Como em Amã ou Petra, a preocupação com a segurança chega a ser incômoda. Mas é preciso compreendê-los: há muita gente má querendo explodir sítios históricos;
Para os ocidentais, imperdíveis são as noites (quentes e úmidas) embaladas pela dança do ventre. No M;venpick, a bailarina é uma jornalista de Santa Catarina, que foi parar lá depois de viver por três anos na Europa.
Betânia
Aldeias, sítios, cidadelas; Olhar um mapa e traçar roteiros de passeios na Jordânia é como reler a Bíblia, reviver nomes de reis e profetas. Por exemplo: do Monte Nebo (veja texto na página 7) se enxerga Jericó, talvez a mais antiga cidade da Terra (na concepção como conhecemos as aglomerações urbanas).
E que tal conhecer a região de Betânia, terra de João Batista e de dois momentos importantíssimos na vida de Jesus Cristo? Pois é: foi à beira do Jordão o batismo d;Ele. E, numa aldeia qualquer nas proximidades, o filho de Deus se escondeu quando foi tentaram matá-lo em Jerusalém.
O sítio histórico de Betânia (Betânia do Além Jordão, como é conhecida) fica pertinho dos resorts do Mar Morto. Você circula pelo deserto por uns 30 minutos e de repente chega a um pequenino vale verde, cheio de tamareiras e caminhos estreitos. Há igrejas cristãs de todos os matizes, como as ortodoxas russa e grega, ou mesmo protestantes mais modernas.
Dizem que a eterna pendenga entre árabes e judeus chega até o cúmulo de disputar de qual lado da fronteira (Israel e Jordânia) Cristo teria sido batizado; Bem, é possível visitar o rio de ambos os lados, mas o ponto exato, onde estariam os escombros de uma igreja, construída há centenas de anos para marcar o fato, seria jordaniano.
Por sinal, se previamente agendado, o batismo ;oficial; ; com direito a bata branca e cerimonial ; custa de US$ 20 a US$ 30 e é realizado por várias igrejas protestantes brasileiras. Algumas delas estão até se tornando ;agências de viagens;. Em todo caso, o único segurança do lado árabe não reclama: jogue-se à vontade, ou apenas lave as mãos e o cabelo. Afinal, o rio é de todos nós, cristãos. (RF)
;Sugado; ao limite
Todo o lugar viveu, e ainda vive, em função do Jordão ; que agora tem águas turvas e barrentas. Raso (no máximo, 3m de profundidade), ele fica abaixo do nível do mar por 400m de extensão até a foz, no Mar Morto. Como aconteceu com outras nascentes mundo afora, e ainda certamente acontecerá, o uso exagerado pelo homem (para consumo próprio e para a agricultura) o praticamente destruiu: estima-se que a vazão atual seja de apenas 10% da original.