Turismo

Passeio à Terra do Fogo revela a triste história dos selknams

postado em 23/11/2011 12:14
As casinhas coloridas de Porvenir, principal cidade da Terra do Fogo: além de graciosas, resistem bem a ventos de mais de 100km/h
A duas horas e meia de ferry boat ou a 15 minutos de voo de Punta Arenas, está a misteriosa Terra do Fogo, a maior ilha da América do Sul, com dimensão semelhante ao território da Irlanda. As enormes embarcações que diariamente fazem o percurso de ida e volta têm espaço para levar carros e ônibus, além de uma ampla e confortável cabine de passageiros com lanchonete e janelas, de onde se pode apreciar a travessia do Estreito de Magalhães. No percurso, os mais atentos conseguem avistar baleias fazendo acrobacias.

A principal cidade da Terra do Fogo é Porvenir, que tem pouco mais de 5 mil habitantes. Em um canto isolado do mundo, as casas coloridas chamam a atenção e dão um toque simpático ao local. Revestidas de ferro e com telhados azuis, as residências são feitas para resistir ao frio e aos ventos, que passam dos 100 km/h.

Nos restaurantes, destacam-se as centollas, enormes caranguejos servidos como prato de entrada, quase sempre acompanhadas de pisco, aguardente de uva tradicional no Chile. O prato principal costuma ser um bem servido peixe pescado nos lagos da região. No cardápio, a variedade é grande, mas as principais dicas são o salmão com salada ou a truta da Terra do Fogo.

Índios
Passagem obrigatória para os turistas, o Museu Cordero Rusque concentra toda a triste história dos primeiros habitantes da Terra do Fogo. A região foi batizada com esse nome por Fernão de Magalhães, que, em 1520, ao avistar a faixa de terra à margem sul do estreito, enxergou a fumaça que subia de fogueiras feitas pelos selknams, índios que habitavam a região.

Segundo a lenda local, os nativos lançaram labaredas para chamar a atenção, pois pensavam que havia deuses nas caravelas da expedição comandada por Magalhães. Já a margem norte do estreito foi batizada de Patagônia pelo navegador quando ele observou que os nativos do outro lado do estreito tinham pés grandes (patagones, em espanhol).

Três séculos depois, a Terra do Fogo continuava a ser uma área pouco explorada, onde viviam cerca de 4 mil índios. Já em 1880, quando se descobriu que havia ouro na região, os nativos misteriosamente desapareceram. Não sobrou nenhum. A extinção dos selknams coincide com a chegada dos croatas, atraídos pela febre do metal precioso, no fim do século 19. Quanto a Fernão de Magalhães, depois de alcançar o extremo sul do continente americano e cruzar o estreito ; considerado o ponto mais difícil da expedição ; ele seguiu viagem e acabou morto em uma batalha nas Filipinas.

Cuenca
O museu fica próximo ao porto de Porvenir. Sua arquitetura é inconfundível. Revestido de madeira, com paredes pintadas de amarelo e telhados verdes, o local abriga objetos típicos usados pelos primeiros habitantes da Terra do Fogo, como bolsas, colares, facas e flechas. Há também corpos mumificados, como o batizado de Kella, encontrado por arqueólogos em 1974. O corpo é de uma mulher de 30 a 35 anos, que viveu no século 15.

Há também no museu animais empalhados, como patos, pássaros selvagens e pinguins, que aparecem com frequência na região (há até passeios turísticos para as chamadas pinguineiras). No pátio externo do museu, esporadicamente artistas locais apresentam a cuenca (dança folclórica da região). As mulheres usam vestidos amarelos com detalhes em marrom, e os homens, trajes típicos com um lenço vermelho e azul sobreposto à camisa amarela, além de um chapéu. (DA)

Corpos mumificados fazem parte do acervo do Museu Cordero Rusque

PERTO DA ANTÁRTIDA
Se a parte norte da Terra do Fogo ganhou destaque pelo turismo, a parte sul ainda é pouquíssimo explorada. A região montanhosa e coberta por geleiras está praticamente intacta, e começa a ser visitada por grupos de turistas. Entre as atrações dessa enorme ilha, situada próximo ao continente antártico, estão a Cordilheira Darwin, no Parque Nacional Alberto de Agostini; o Monte Sarmiento, de 3,5 mil metros de altura; e o Cerro Sombrero, onde há um observatório astronômico. Para quem gosta de pescar, a melhor opção é o Lago Blanco.


FREQUÊNCIAS DIÁRIAS
As agências de viagem vendem pacotes que já contemplam passeios e hotéis em diferentes cidades da Patagônia do Chile. De Brasília, a forma mais rápida de chegar a Punta Arenas é pegando um voo para o Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, onde LAN, TAM e Gol têm frequências diárias com destino a Santiago. O trecho São Paulo -Santiago é feito em pouco mais de três horas. Da capital chilena, saem os voos da LAN e da Sky Airlines para Puerto Natales, com duração superior a três horas.

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