Ana Maria Campos
postado em 14/12/2011 08:00
Houve um tempo em que tudo em Las Vegas girava em torno da Rua Fremont. Localizado no coração do centro, esse endereço histórico viu praticamente todas as revoluções que levaram a cidade a se transformar no fenômeno do turismo (norte-americano e mundial) que é hoje, menos uma: a transferência dos principais cassinos para a Las Vegas Boulevard. Depois do desenvolvimento sem fim da Strip e do surgimento dos megarresorts, a partir dos anos 1980, o centro perdeu a maior parte dos frequentadores e a Fremont entrou em decadência. Hoje, porém, a região está no caminho da revitalização e recupera o charme de décadas passadas.
A experiência de caminhar pelo centro de Las Vegas é bastante distinta da de quando se dá um passeio pela glamorosa Strip. Na ;cidade velha;, ainda é possível sentir no ar o clima de degradação e o mofo que invadiram os cassinos dessa região nas últimas décadas. É preciso, inclusive, ter cuidado em algumas ruas mais isoladas. Mas nada que deva afastar o visitante da possibilidade de conhecer a Las Vegas histórica. Afinal, é da Rua Fremont que conhecemos as clássicas imagens dos anúncios de neon, como o cowboy Vegas Vic, erguido em 1951, que se transformou em um dos símbolos da cidade.
O Vegas Vic ainda está lá, mas o que realmente atrai os turistas para o centro atualmente é o projeto chamado The Fremont Experience. Idealizado nos anos 1990 para recuperar o glamour perdido da região, consistiu na criação de uma área somente para pedestres em cinco quarteirões da Rua Fremont, com a realização periódica de espetáculos abertos ao público em meio a cassinos históricos, como o Binion;s, o Golden Gate e o Golden Nugget. A área escolhida pelos empresários do centro foi justamente a que ganhou, décadas antes, os apelidos de Glitter Gulch (algo como a garganta de purpurina) ou Rua da Luz.
Foi em 2004, porém, que a Fremont Experience ganhou seu principal atrativo: uma gigantesca tela de LED que cobre os cinco quarteirões fechados aos pedestres da Rua Fremont. Com 460m de comprimento e a 27m de altura do chão, é um ponto obrigatório a todos que visitam Las Vegas. Nela, são projetados, de hora em hora, shows de luzes e vídeos psicodélicos que param a rua por alguns minutos. Pode-se assistir a esses espetáculos do amanhecer à meia-noite.
O sucesso da Fremont Experience já dá resultados, e vários outros empreendimentos começam a pipocar pelo centro, como novos hotéis, condomínios e centros comerciais, caso do Las Vegas Premium Outlets. Além disso, alguns cassinos recuperam seu prestígio. Apesar de não terem a quantidade de atrações dos megarresorts da Strip, ainda atraem muitos visitantes. Destacam-se o Golden Nugget ; que foi a porta de entrada em Las Vegas a muitos artistas de primeira linha ; e o Golden Gate, que fica localizado em um edifício de 1906 (então Hotel Nevada) e mantém estruturas de madeira da época da construção, quando era considerado um dos hotéis mais luxuosos dos Estados Unidos.
Neon
Fora da Rua Fremont, o centro ainda tem alguns destaques. Um deles é o Museu do Neon, que conta a história da cidade por meio de mais de 100 anúncios ; muitos deles quebrados e enferrujados ; luminosos, entre os quais o cartaz do histórico hotel Stardust, fechado em 2006, e o sapato de 60m de altura que ficava no topo do também ;aposentado; Silver Slipper. O local só recebe visitas por meio de agendamento. Saiba mais no site www.neonmuseum.org.
Se o tempo for curto, melhor dar uma passada no Arts District, um conjunto de ateliês, galerias e lojas descoladas localizado no Charleston Boulevard. Lá, encontram-se expostos trabalhos de fotógrafos, pintores e arquitetos. O melhor dia para visitar o local é na primeira sexta-feira de cada mês, quando o Arts District realiza a First Friday, evento noturno que reúne galerias, restaurantes e espaços alternativos no meio da rua. Ideal para ver, comprar e fugir um pouco do glamour artificial que se tem na Strip. (GM)
No cinema
Las Vegas é uma das cidades mais retratadas por Hollywood. O jogo, a máfia e o clima sensual sempre seduziram os cineastas e o público consumidor. Por isso, uma das formas mais agradáveis de se preparar para uma viagem à Cidade do Pecado é alugar um filme e entrar no clima dos cassinos. Veja, a seguir, uma lista com cinco obras clássicas.
Cassino (1995)
Diretor: Martin Scorsese
Com: Robert De Niro, Sharon Stone e Joe Pesci
Espetacular e violento épico de Martin Scorsese sobre a ascensão de queda de dois amigos na cidade, com interpretações memoráveis de Robert de Niro e Joe Pesci. O filme ainda explica em detalhes o funcionamento dos cassinos. Imperdível.
Bugsy (1991)
Diretor: Barry Levinson
Com: Warren Beatty, Annette Bening e Harvey Keitel
O filme mostra como tudo começou em Las Vegas. Warren Beatty encarna o famoso gângster que teve a sacada de explorar o negócio dos cassinos no único estado norte-americano que tinha o jogo liberado. É longo, com 2h15, mas vale a pena.
Despedida em Las Vegas (1995)
Diretor: Mike Figgis
Com: Nicolas Cage, Elisabeth Shue e Julian Sands
O filme que rendeu o Oscar a Nicolas Cage mostra a história de um escritor falido que vai a Las Vegas com a intenção de beber até a morte. No processo, ele se envolve com a prostituta vivida por Elisabeth Shue. Filme pesado, mas bonito.
Onze homens e um segredo (2001)
Diretor: Steven Soderbergh
Com: George Clooney, Brad Pitt e Julia Roberts
Um elenco estelar protagoniza essa refilmagem de um clássico de 1960, no qual um grupo de superbandidos tenta uma missão impossível: roubar três cassinos ao mesmo tempo. Vale pelas cenas nos famosos Bellagio, Mirage e Ceasar;s Palace.
Se beber, não case! (2009)
Diretor: Todd Phillips
Com: Zach Galifianakis, Bradley Cooper e Justin Bartha
A comédia retrata o lado de quem vai a Las Vegas para se divertir até as últimas consequências. Com várias sequências hilárias, mostra a história de três amigos que perdem o outro companheiro ; prestes a se casar ; após uma noite na cidade.