Há cerca de uma década, um fenômeno toma conta de ruas e ladeiras cariocas: os blocos caricatos, que ressurgiram para virar uma deliciosa opção de folia. A programação deste ano está disponível no site www.rioguiaoficial.com.br/carnaval/blocosderua/.
;O espetáculo das escolas de samba tem uma tremenda importância, é conhecido no mundo todo e virou a marca do carnaval carioca. Ficava parecendo que tudo estava restrito ao Sambódromo;, diz Pedro Ernesto Araújo Marinho, de 59 anos, presidente do Cordão da Bola Preta, o maior bloco carioca, fundado em 1918 e que leva atualmente cerca de dois milhões de pessoas ao Centro da cidade, no sábado de carnaval.
;As escolas polarizaram a festa, mas, em tempos idos, o carnaval carioca era basicamente o de rua. A partir de 1970, os blocos foram perdendo força, minguando, à medida que o espetáculo dos desfiles ganhava terreno. No entanto, de 2000 para cá, fomos crescendo e retomamos o nosso papel, de ser uma grande opção no carnaval;, avaliou Pedro Ernesto.
Ele acredita que os tempos de letargia tenham ficado para trás, mesmo porque o público, tanto carioca quanto o de turistas, adotou a ideia de se divertir nos blocos.
;Como disse Cláudio Pinheiro, presidente da Banda de Ipanema, bloco de rua não tem cerca, não tem porta, não tem entrada, não tem saída. É barato, o folião se diverte como quer. Não precisa de fantasia específica. Por causa dos blocos, os turistas estão vindo mais ao Rio, deixando de ir para Salvador e Recife, onde igualmente se brinca nas ruas. Mesmo muitos cariocas que viajavam em todo carnaval estão ficando na cidade. A Riotur (órgão oficial de turismo da cidade) e a prefeitura já perceberam isso e, a cada ano, reforçam a infraestrutura para os blocos;, disse Ernesto.
Libertário e transgressor
Mas por que escolher o carnaval de rua? ;Em primeiro lugar, porque é muito legal", diz o médico João Avelleira, de 58 anos, presidente do Suvaco de Cristo, bloco da região do Jardim Botânico, criado em 1985. O nome peculiar veio de uma frase do maestro Tom Jobim, ao dizer numa entrevista que sua casa ficava embaixo do sovaco do Cristo, numa alusão à estátua do Cristo Redentor.
;O bloco é uma coisa democrática nesse mundo do carnaval. É algo libertário, transgressor. E qualquer um pode participar ou criar um bloco, basta juntar uns 10 amigos e sair;, explicou Avelleira. O Suvaco de Cristo é um bloco pré-carnavalesco, que sai no domingo antes do carnaval, às 9h, e vai do Jardim Botânico, na Rua Faro, até a Gávea, onde se concentra às 14h.