postado em 09/02/2012 15:54
Em Minas Gerais, a festa de carnaval em Ouro Preto é famosa, feita principalmente pelos milhares de estudantes universitários da cidade. Passar o feriadão de Momo na antiga Vila Rica não pode ficar fora do currículo de ninguém que preze a folia de rua. Mas nada dessa grande fama carnavalesca teria valor se não fosse o cenário de fundo, constituído por casarões centenários, becos, ladeiras, chafarizes e ruas calçadas. É esse panorama ; uma complicada mistura de harmonia e mistério secular ; que empresta à festança aquele toque final. Melhor ainda que quase toda a folia seja nas ruas, configurando a liberdade que o alferes Tiradentes um dia sonhou e acabou por profetizar: ;Ainda que tardia;.
Patrimônio Cultural Mundial, título concedido pela Unesco, a cidade de 70 mil habitantes andou sofrendo com as chuvas de janeiro, mas se mantém intacta com seus tesouros, seguindo como grande atração em qualquer época do ano. Mas, no carnaval, o ambiente sacro que se assenta nas calçadas de pedras-sabão da cidade se transforma no frenesi mais profano que a brasilidade poderia inventar. Em 2012, ao meio-dia, já é hora de vestir a fantasia e pular para a rua.
Na parte da manhã e no início da tarde, a tradição carnavalesca mineira é valorizada com blocos, cordões, matinês para crianças e a charanga Vai Quem Quer ; que, ao longo de dois quilômetros, anima até as velhas paredes do Centro Histórico.
Quando o sol se cansa e a lua aparece para embelezar o céu negro, a festa se prolonga até as 3h, com a cidade dividida em ilhas de estilos musicais: pop, axé, MPB, funk e hip-hop. Há até um espaço para a música independente, que faz parte do Circuito Fora do Eixo, realizado pelo coletivo Muzinga.
O tema da festança esse ano é ;Vem para a rua brincar de novo;, diz o secretário municipal de Turismo, Chiquinho de Assis. Diferente e inusitado, o tema objetiva incentivar a animação e a reunião entre amigos e família. Realmente, promover a união de 50 mil pessoas é tarefa difícil, ressalta ele, mas já que esse é o público esperado para o carnaval deste ano, a causa é nobre.
A cidade se enfeita com bandeirolas e com bonecões tradicionais, como o Zé Pereira, além de uma homenagem ao bloco Bandalheira, que completa 40 anos de animação.
São João del-Rei
O carnaval de rua de São João del-Rei dura praticamente o dia inteiro, com grupos e foliões independentes desfilando em cenários históricos. A começar pelo tradicionalíssimo Bloco Alvorada, que dá a largada oficial para a folia. A concentração do Alvorada para descer a avenida começa às 22h da sexta-feira (17/2), mas o desfile só tem início às 5h de sábado (18/2). Ao som de conhecidas marchas e sambas, o bloco arrasta centenas de pessoas por cerca de sete horas, só parando depois do meio-dia.
Tiradentes
Com muito confete e serpentina, a alegria dos foliões é embalada ao som de bandas que eternizam as músicas carnavalescas e dos desfiles de blocos, lembrando o antigo carnaval de rua. Ao todo, 22 blocos vão desfilar de quinta (16/2) a terça (21/2). E, a partir das 23h, todos os dias, haverá shows na praça do Largo das Forras, com marchinhas, as músicas mais tocadas do momento e até um pouco de axé. ;Funk jamais;, garante o secretário municipal de Turismo, Felipe Wagner.
A irreverência dá o tom da apresentação de blocos (confira programação no site www.tiradentes.mg.gov.br), como o Bloco dos Malas, que se apresenta há 12 anos. Tudo começou entre amigos que se reuniam em um bar. A cada ano o tema muda, mas sempre com um tom de crítica. ;Em 2011 foi ;Os malas da internet;. Esse ano, optamos pelo título ;Os malas do BBB;;, conta Reinaldo Aparecido Noronha, 49 anos, presidente do bloco.