postado em 12/04/2012 14:26
;Na água doce, encontramos algumas das formas mais anômalas do mundo, como os ornitorrincos (...), que (...) conectam-se a animais hoje profundamente separados na escala da natureza. Essas formas anômalas podem ser chamadas de verdadeiros fósseis viventes; preservaram-se até os tempos atuais porque habitaram uma região isolada e permaneceram expostas a uma concorrência menos variada e, consequentemente, menos ativa.;
Charles Darwin, em A origem das espécies (1859).
Muitas das espécies que fascinaram o naturalista britânico ; ele esteve na Austrália em 1836, a bordo do navio Beagle ; continuam a encantar visitantes de todas as idades em um zoológico também na região do Yarra Valley: o Healesville Sanctuary. O ornitorrinco, claro, está entre elas, ainda que o encontro com possa desapontar quem vem de longe para vê-lo. Isso porque o mamífero tem hábitos noturnos e, no santuário, costuma ficar em um grande aquário escuro, difícil de admirar e fotografar. Tudo o que se avista é o pelo preto e lustroso, que se destaca quando o animal se aproxima do vidro de proteção.
Se a visão do ;fóssil vivente;, como descreveu Darwin, decepciona um pouco, o mesmo não se pode dizer dos momentos dedicados à observação de coalas, cangurus, wombats (marsupiais típicos do sul do país) e equidnas (mamíferos que, como os ornitorrincos, põem ovos) e demônios da tasmânia. O ambiente do santuário lhes permite comer, dormir e interagir entre si a uma distância muito pequena do público ; o que não traz, no entanto, ameaças à segurança ;, e isso costuma render fotos excelentes. Há cerca 200 de espécies tipicamente australianas em exposição no zoológico, que também é um importante centro de pesquisa e treinamento para veterinários especializados em conservação da fauna selvagem.
Para chegar ainda mais perto delas, uma dica é experimentar a atividade Magic Moments, no qual os visitantes podem (acompanhados dos tratadores) entrar no recanto dos animais, tocá-los e até alimentá-los. Isso, naturalmente, deixa o preço do programa mais salgado: custa 10 dólares australianos e dá direito a interagir com apenas uma espécie. No entanto, a julgar pela felicidade das crianças que participam, vale a pena. Ou, se a ideia é apenas aprofundar os conhecimentos sem gastar um tostão extra, não perca o keeper talk, no qual os tratadores batem um papo sobre alguns dos bichos mais populares do zoológico.
Diariamente, às 10h30, eles mostram os papagaios do santuário. Às 11h15, é a vez de apresentar os wombats. Às 11h30, os cangurus. Coalas e ornitorrincos disputam a atenção dos visitantes no bate-papo marcado para as 13h. Quinze minutos depois, dá para saber mais sobre os diabos da tasmânia. E, às 15h30, sobre o dingo, um tipo de cão selvagem encontrado em quase todo o país.
Grátis
Desde julho do ano passado, o santuário tem entrada franca aos sábados e domingos (e nos feriados) para visitantes com menos de 16 anos. Isso torna o programa ainda mais convidativo para quem vai à Austrália com filhos e garante casa cheia nessas datas. Mas ninguém se aperta. Com 3km de trilhas ; dos quais 1,2km pertence à principal ;, o lugar tem espaço à vontade para caminhar, contemplar, descansar e espichar-se antes de continuar o passeio.
A infraestrutura ao redor das trilhas é eficiente. Há três cafés, o mesmo número de banheiros com berçários, conexão grátis à internet sem fio (perto da área dos cangurus) e quatro áreas reservadas para churrascos e piqueniques. Na saída, onde está a loja de suvenires, aproveite para conhecer (e, se gostar, levar para casa) algumas peças feitas com a tradição artesanal dos aborígenes. Os ímãs e as garrafinhas d;água podem ser bem interessantes.
Herança aborígene
Além de saber mais sobre as espécies australianas, o visitante do Healesville Sanctuary tem a chance de conhecer a cultura dos wurundjeri, aborígenes que habitaram a ilha da Tasmânia e o extremo sudeste da Austrália (onde está o Yarra Valley) por cerca de 40 mil anos. A população caiu drasticamente durante o século 19 devido à colonização britânica, mas a comunidade resiste até os dias atuais. O terreno onde hoje está o zoológico foi habitado pelos nativos dessa etnia, que tinham denominações bem particulares para as espécies da região. O coala, por exemplo, era chamado de gurrborra. Outros nomes e causos relacionados aos bichos podem ser descobertos em plaquinhas ao longo das trilhas.
Curiosidades
Pequenas descobertas feitas durante o passeio no santuário:
; Os coalas dormem de 16 a 18 horas por dia para digerir as substâncias altamente tóxicas encontradas nas folhas de eucalipto.
; Os cangurus jamais pulam para trás. Por isso, tornaram-se símbolo da busca por avanços no país.
; As equidnas se alimentam de formigas e cupins, capturados com a ajuda da língua comprida e grudenta.
; Os demônios da tasmânia têm mandíbulas poderosas, que os permitem comer animais inteiros ; com osso e tudo.