postado em 25/06/2012 15:11
O turismo no Ceará vive o seu momento histórico mais importante. Vocação econômica do estado, a atividade, que responde por 10,8% do Produto Interno Bruto (PIB) cearense, ganhou nos últimos anos status de prioridade, ao lado de políticas públicas fundamentais, como saúde e educação. Ainda bafejado pelos bons ventos da economia nacional, que nos últimos anos permitiram o aumento do poder aquisitivo das classes C e D e fizeram com que milhões de brasileiros passassem a consumir viagens de lazer, o estado viu crescer a participação do setor na geração de suas riquezas a uma taxa média anual de 2,8%, entre 2006 e 2011.
De acordo com o secretário de Turismo do Ceará, Bismarck Maia, já na primeira campanha, em 2006, o governador Cid Gomes (PSB)ressaltou que o turismo seria prioritário na agenda do Executivo. %u201CAo tomar posse, ele reafirmou isso em seu discurso, assim como o fazem diversos candidatos e gestores que acabam deixando o turismo em segunda, e até terceira prioridade. Só que, de fato, o governo desenhou uma estratégia para poder tornar isso uma realidade%u201D, ressalta Maia.
O secretário lembra que o primeiro passo oficial foi habilitar política e institucionalmente a Secretaria de Turismo (Setur), para fazer do segmento uma prioridade. "Ele deu suporte institucional de secretaria de primeiro escalão. Além da valorização institucional, reforçou o orçamento", afirma.
De acordo com Bismarck Maia, a Setur passou a ter condições de atuar na busca de recursos externos, com garantia das contrapartidas e parcerias necessárias por parte do estado, %u201Cindependentemente de valores percentuais%u201D. Além disso, a orientação foi a de traçar um plano para implantar macroestruturas fundamentais e poder dar ao Ceará sustentabilidade no crescimento turístico e, assim, proporcionar um diferencial ao perfil do setor em relação aos outros destinos brasileiros.
A mudança de postura deu resultados. "Nenhum outro estado - e eu conheço todos- investe na infraestrutura turística como o Ceará. Só para se ter ideia, temos hoje em curso, entre obras inauguradas, em execução e prestes a ser entregues, R$ 1,83 bilhão sendo investido", aponta Maia. A esse montante, somados ainda saldos de contratos já garantidos no Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e no Banco de Desenvolvimento da América Latina (CAF), o Ceará chega a quase R$ 2,3 bilhões aplicados em infraestrutura turística, valor custeado e gerenciado diretamente pela Setur.
Nos últimos cinco anos e meio, por exemplo, o governo local direcionou seus investimentos turísticos para a ampliação e recuperação de estradas de acesso aos destinos. Símbolo disso foi a duplicação de 44,5km da CE-040, entre os municípios de Aquiraz e Beberibe, no litoral leste, região onde se localizam as praias de Cascavel, Fortim, Aracati e Icapuí. A obra custou R$ 93 milhões e o estado já corre para duplicar mais um trecho da rodovia, de Beberibe até Aracati. O valor previsto para a licitação é de R$ 110 milhões, com recursos do BID.
Ao mesmo tempo, já foi assinada a ordem de serviço para as obras do trecho 2 da duplicação da CE-085, que dá acesso ao litoral oeste. Orçado em R$ 21 milhões - dinheiro do CAF mais a contrapartida do estadov -, o trecho terá 12,56km de extensão duplicados do entrocamento com a CE-085, em Caucaia, ao contorno do Complexo Industrial e Portuário do Pecém (CIPP).
Segundo Maia, a duplicação vai começar pelo segundo trecho devido à "urgência em fazer o contorno do complexo, uma obra de extrema importância para o Ceará". O trecho 1, já em fase de análise das propostas, vai da ponte do Rio Cauípe até o entrocamento com a variante do Pecém - como será chamado o contorno do porto -, e o último termina no entrocamento com a CE-341, na entrada de Paracuru, a 91km de distância da capital. A previsão é que até o início de 2014 a estrada esteja duplicada de Fortaleza a Paracuru.
Além de aplicar recursos na duplicação dessas rodovias, o estado trabalha na recuperação de acessos a diversos outros municípios turísticos em várias regiões. Bismarck Maia destaca ainda que outro foco dos investimentos feitos nos últimos anos tem sido o plano de recuperação de pequenos aeroportos e implantação de dois grandes aeroportos, um no polo de Canoa Quebrada, em Aracati, e outro no polo de Jericoacoara, no município de Cruz, a 245km da Capital, no litoral oeste. No primeiro, prestes a ser inaugurado, foram aplicados R$ 22 milhões. O segundo teve investimento de R$ 44 milhões na primeira etapa, e a segunda, já em execução, custará R$ 9,2 milhões. Projetado para ser um dos principais vetores do turismo no Ceará, o Aeroporto de Jericoacoara, com capacidade de 1,2 mil voos/ano, deve incrementar o fluxo turístico do Litoral Oeste. Além disso, encurtará o tempo de viagem entre Fortaleza e as belas praias da região, passando das atuais cinco para apenas uma hora.
Ainda na área de infraestrutura, o governo está aplicando dinheiro na construção de sistemas de água e esgoto nas comunidades de diversas praias do estado. "O objetivo é dar sustentabilidade e garantir que essas praias sejam balneáveis para o resto da vida", explica Bismarck Maia. Cerca de 30 comunidades terão obras como pavimentação de ruas, calçadas e outras melhorias no mobiliário urbano.
Com o objetivo de proporcionar um diferencial, o Ceará aposta no Centro de Eventos e no Acquario Ceará, ambos em Fortaleza, para ancorar a atração de turistas durante o ano inteiro. Juntas, as duas obras deverão consumir recursos da ordem de R$ 800 milhões e contribuirão para consolidar o estado no mapa turístico nacional. Outros Centros de Convenções estão sendo construídos no centro sul e no Cariri como forma de potencializar o turismo de eventos no interior.
Paralelamente ao trabalho de infraestrutura, o estado contratou, através de licitação internacional, empresas para atuar na elaboração de um estudo de mercado. %u201CPartindo dessa nova realidade, o documento vai poder dizer que produto nós somos e quais são os nichos de mercado potenciais que desejamos e o que o Ceará tem%u201D, detalha o titular do Turismo. Em seguida, deu-se início à confecção de um planejamento de marketing, que deve ficar pronto até setembro. %u201CEsse plano vai deixar o Ceará blindado para os próximos 15 anos, 20 anos em relação ao que os setores público e privado devem fazer diante dessa nova realidade de infraestrutura. Dessa forma, o Ceará será posicionado no mercado internacional de forma científica, e não por meio do famoso %u2018chutômetro%u2019%u201D, avalia Maia, ao acrescentar que o estado também desenvolve um amplo programa de qualificação profissional e empresarial na área do turismo.