Em que pese a rivalidade histórica entre Brasil e Argentina, é preciso reconhecer que los hermanos são experts na produção de vinho e que o país andino tem muito a oferecer, inclusive fora das fronteiras da Região de Mendoza. A Argentina é nada menos do que o quinto maior produtor ; e consumidor ; da bebida do mundo e, apesar do fato de durante um longo período a qualidade da produção local ter sido superada pela quantidade, de acordo com os especialistas, atualmente, alguns deles de maior destaque no mundo são produzidos lá.
Além de Mendoza, responsável por quase 70% de todo o vinho argentino, você vai encontrar excelentes vinícolas ; e lindas paisagens, entre outros atrativos turísticos ; nas regiões de San Juan, La Rioja, Salta e Patagônia. Atualmente, a província de Catamarca também vem se destacando no cultivo das uvas e na produção, especialmente nos Vales de Catamarca, nas cidades de Tinogasta, Fiambalá, Belén e Capayán, que estão sendo redescobertas por empreendedores do mundo vinícola.
Segundo o consultor de vinhos Thiego Cauan, na Argentina predomina a produção de tintos, já que a mais importante das castas das uvas plantadas ali é a malbec, uma uva originalmente europeia, vinda da França, que é tinta. ;De cor intensa e aroma característico, a malbec produz vinhos aveludados e saborosos, com grande concentração de frutas, como amora e ameixa;, ensina o especialista. A uva temprenillo, uma variedade espanhola considerada nobre, também se adaptou ao clima e ao solo argentinos e ganhou destaque na produção do país, assim como a cabernet sauvignon, originária da França. Outras uvas cultivadas no país andino são bonarda, cabernet franc, malbec, petit verdot, pinot noir e syrah.
Reservas
Ao preparar um roteiro pelas vinícolas argentinas, o turista deve ter em mente que é necessário fazer reservas antecipadas. Em Mendoza, existem três regiões de vinícolas ou bodegas. Luján de Cuyo e Maipú estão localizadas perto da cidade. Uco fica mais longe, mas é ali que estão as novas superbodegas. A dica é organizar cada expedição dentro de uma única zona. Isso facilita a viagem.
Ao provar o vinho produzido na região, saiba que 20,21% do vinho importado que entra no Brasil vem do vizinho e ;rival;. De acordo com o autor do Blog do Vinho e consultor de mídias digitais Roberto Gerosa, a maioria das garrafas que chegam ao Brasil são provenientes das regiões de Mendoza e San Juan, responsáveis por 90% da produção do país.
;Há outras regiões que produzem tintos e brancos que merecem ser conhecidas, como a distante Patagônia, mais ao sul, e a quase boliviana Salta/Cafayate, que fica mais ao norte;, ensina Gerosa. Segundo ele, conhecer as regiões significa verificar na prática que suas diferentes características agregam sabores específicos às bebidas que produzem. ;São quilômetros que separam os terrenos, as diferentes altitudes, os climas e as diversas composições do solo. E mesmo dentro das regiões há estilos diferentes;, explica.
Vale lembrar que o interior do país é bastante árido. Os Andes de La Rioja, San Juan e Mendoza têm clima árido de estepe. No entanto, com pequenas variações devido à presença dos Andes. Esse clima estende-se até as serras pampeanas e vai-se transformando progressivamente em frio-árido nas proximidades de Néuquen, no norte da Patagônia.
Dicas
- Não vá às vinícolas dirigindo. Alugue uma van em grupo ou pegue um táxi
- A não ser que você seja um aficionado, não visite mais do que duas vinícolas em um dia
- Aproveite para agendar almoço e jantar nas vinícolas, pois acrescenta a experiência do vinho o lugar
- Aproveite a ocasião para degustar vinhos de variedades diferentes, e não só a malbec
- Aproveite também para comprar em lojas rótulos de vinhos de autor, de pequena produção, que não vai encontrar no Brasil
- Para quem vem de fora, ainda é possível comprar bebidas no freeshop, mas com o limite de 24 garrafas, sendo no máximo 12 do mesmo produto, e sem ultrapassar outros US$ 500
- Cada viajante tem direito a trazer 12 litros de bebidas, não podendo exceder US$ 500 no total. No caso de vinhos, a quantidade é equivalente a cerca de 16 garrafas
- Utensílios específicos e formas corretas de fazer a mala são úteis para garantir a integridade das garrafas
- Caso não tenha um equipamento de proteção, prefira colocar as garrafas no centro da mala, envoltas por roupas macias
- Apesar de não ser o ideal, plástico bolha ajuda a proteger as garrafas. Outra solução improvisada é embalar com fraldas descartáveis que, além de macias, absorvem o líquido em caso de acidentes
- Produtos próprios para transporte de bebidas podem ser adquiridos. É o caso de sacolas, como a Jet Bag e a Wine Skin, isopores para transporte e malas específicas
A província de San Juan é a segunda em importância na produção de uvas e vinhos na Argentina, atrás apenas da província de Mendoza. As principais regiões de vitivinicultura são a capital, San Juan, Tulum, Zonda, Ullum, Jachal e o Valle Fértil, regados pelos rios Jachal e San Juan. Na Região La Rioja, a proposta é descobrir o sabor frutal de um vinho de aroma floral acompanhado de deliciosas azeitonas de Arauco e potentes queijos de cabra.
A principal faixa vitivinícola do estado está situada entre as serras do Vale do Famatina e de Velasco. A produção local aproveita o sol do deserto e o árido terreno montanhoso para fabricar o vinho Torrontês Riojano.
A rota do turismo enológico da província de Salta inclui uma viagem até Cafayate, a 1.700 metros de altitude, que separa o magnífico desfiladeiro de Cafayate, onde corre o Rio de las Conchas, e os Andes. Isso basta para atrair milhares de turistas que passam por ali anualmente. Uma dica é almoçar no Hotel & Wine Spa Patios de Cafayate, uma bela construção cercada de vinhedos, integrado à Bodelga el Esteco.
Já na Patagônia, a água pura que desce dos picos andinos cobertos de neve na época do degelo é utilizada para regar os vinhedos, plantados em solo de excelente qualidade. O clima é frio e o vento constante favorece as vinhas, que praticamente dispensam inseticidas. Ali, o turista vai encontrar quatro bodegas, três em San Patricio del Chañar e uma em Añelo. Essa visita às adegas permitirá provar e comparar a diversidade de caráter entre os vinhos de cada região da Argentina.
Como chegar
Salta
A província de Salta tem aproximadamente 4.120 hectares de vinhedos. A vinicultura da província é desenvolvida principalmente nos Valles Calchaquíes, com destaque para a zona de Cafayate. A melhor opção para chegar é de avião pelo Aeroparque
La Rioja
A província de La Rioja tem 7 mil hectares de vinhedos. As principais localidades produtoras são Chilecito, Nonogasta e Anguinan. Para chegar a La Rioja deve-se voar até a capital La Rioja em voo diário que liga Buenos Aires a La Rioja pelo Aeroporto Aeroparque.
San Juan
As vinícolas da província de San Juan, que tem 46 mil hectares de vinhedos. A viagem até San Juan pode ser montada por diferentes companhias aéreas. Existem quatro voos diários ligando Buenos Aires a San Juan pelo aeroporto de Aeroparque.
Patagônia
A Patagônia tem mais de 3.700 hectares de videiras. A vitivinicultura se desenvolve nas províncias de Río Negro e Neuquén. A melhor opção para chegar à região vinícola da Patagônia é a cidade de Neuquén. A viagem pode ser montada por diferentes companhias aéreas até Buenos Aires (Lan Chile, TAM, Gol, Aerolíneas). Há quatro voos diários ligando Buenos Aires a Neuquén pelo aeroporto Aeroparque.