Viajar de avião é mais rápido, mais confortável, porém mais caro? Nem sempre. Saindo de Brasília, no centro do país, em direção a cidades próximas e destinos mais procurados pelos viajantes, é possível economizar tempo e dinheiro comparando qual a melhor opção para a sua viagem. É inegável que um voo economiza quilômetros de estradas, mas tudo depende do destino, do tempo disponível ; e dinheiro, claro (ver quadro ao lado).
Segundo pesquisa do Ministério do Turismo (MTur) e Fundação Getúlio Vargas (FGV), sobre as intenções de viagens dos brasileiros para os próximos seis meses, Brasília é a capital em que os moradores demonstraram o maior índice de intenção de viagem (27,4%). Mas a preferência do avião como meio de transporte, apesar de alta, caiu. Em abril de 2014, era o meio favorito de 80,4% da população. No mesmo mês deste ano, representou 72,2%. Em média são 49 mil passageiros diários, entre partidas e chegadas.
O publicitário Felipe Mariano Cardoso, 23 anos, por exemplo, prefere usar o ônibus na hora de visitar a família, que mora em Araguari (MG), a 392km de Brasília. ;Para ir de avião, eu tenho que pegar um voo até Uberlândia, a 37km de lá. É mais rápido, apenas 1 hora de voo, mas só compensa quando tem promoção aérea, pois normalmente sai caro;, explica.
A passagem de ônibus que Felipe costuma comprar custa em torno de R$ 70. Em uma pesquisa realizada pelo Turismo, um voo para o dia 23/6, o trecho feito por uma companhia aérea sai por R$ 300, fora as taxas de embarque. ;Fico de olho nas promoções, mas é difícil conseguir para o dia que eu quero;, justifica. Se for uma viagem em cima da hora, então, a passagem pode ultrapassar os R$ 900.
O transporte favorito de Felipe para ir a Araguari é o carro. ;Acabo indo mais de ônibus porque de carro só compensa quando vão quatro ou cinco pessoas, que dá uma média de R$ 30 de gasolina para cada.; Além do preço, a economia de tempo também é um atrativo. ;O ônibus leva aproximadamente 6 horas para chegar, porque para em outras cidades, enquanto o carro leva 4h30 mais ou menos.;
Viajantes
Não há dados oficiais sobre os locais mais visitados pelos brasilienses que viajam de carro. Pirenópolis, Alto Paraíso, Caldas Novas e Goiânia são bons palpites, por serem próximas e oferecerem muitas opções turísticas. Quem sai de ônibus do DF, sabe que o sul da Bahia e a capital goiana marcam presença. O Terminal Rodoviário de Brasília informou que os destinos campeões em partidas em 2014 foram: Goiânia (GO), Santa Maria da Vitória (BA), Anápolis (GO), Unaí (MG), São Paulo (SP), Irecê (BA), Barreiras (BA), Natal (RN), Paracatu (MG) e Belo Horizonte (MG). Dessas cidades, apenas três têm aeroportos.
Entre os que viajam de avião, a preferência muda um pouco e duas cidades se repetem. De acordo com a Inframérica, empresa que administra o Aeroporto Juscelino Kubitschek, os destinos mais buscados por quem deixa Brasília são: São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Salvador, Campinas e Recife. Embora Goiânia não apareça na lista, está entre as cinco cidades com maior número de voos diários partindo de Brasília (as outras são São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Campinas e Salvador).
O que importa é o caminho
Avião, carro e ônibus, respectivamente nessa ordem, são os meios de transporte favoritos dos brasileiros. Mas não são os únicos. Segundo o levantamento de abril de 2015 do MTur junto à FGV, meios de transporte que não sejam carro, ônibus ou avião representam apenas 6,2% da preferência. Entretanto, o número segue em crescimento e é maior do que no mesmo período do passado: 5,1%.
Há quem se sinta preso em um veículo que tem paredes e teto e prefira sentir o vento no corpo. É o caso do consultor de redes Célio Benato, 44 anos, que desde 2003 adquiriu o hábito de viajar de moto. Já foi para Goiânia, São Paulo, Rio de Janeiro, Cabo Frio, Vila Velha e várias outras cidades brasileiras. Para ele, quanto mais longe, melhor. Certa vez, saiu de Brasília para a Argentina. De lá, percorreu o Chile e voltou para cá, fazendo todo o trajeto sobre duas rodas.
;Para quem viaja sozinho, sai muito mais barato do que ir de carro, por exemplo. Mas a escolha da moto não é pelo aspecto financeiro e, sim, pela experiência, pelo contato com a estrada e a independência que isso traz;, revela. Benato não se incomoda em ter que levar pouca bagagem. A única dor de cabeça é ir à praia. ;Na volta, quando você se senta no banco com o corpo cheio de areia, é um pouco desagradável;, brinca.
Natureza
O servidor público e colunista de esportes radicais Weimar Pettengill, 43, também começou a se aventurar pelas estradas de moto. Mas há 15 anos decidiu enfrentar outro desafio e descobriu um novo universo: as viagens de bicicleta. ;Sem o barulho do motor e com um capacete aberto no rosto, a sensação de liberdade é ainda maior;, descreve.
Ele explica que, no começo, fazer esse tipo de passeio dá medo, pois é preciso planejar o peso a ser carregado, a quantidade de água necessária para levar (especialmente em trechos onde há poucas cidades ou locais onde comprar mantimentos), onde dormir, etc. Mas com o tempo, tudo fica mais fácil. Ele costuma viajar para lugares próximos a Brasília, como Pirenópolis, que dá para fazer em um fim de semana, e, no período da seca, a chance de chover é quase zero. Mas também gosta das grandes distâncias. ;Em 2009, eu e um colega deficiente visual fizemos um percurso de 1.700km. Saímos do DF até Paraty e de lá, fizemos a Estrada Real, passando por Ouro Preto e Diamantina.; O trajeto levou 16 dias.
;É um tipo de viagem mais demorada e cansativa, claro, mas acabo conhecendo muitos lugares que nunca conheceria de carro, ônibus ou avião. Sem falar das pessoas que encontro pelo caminho, já que o contato com o ambiente é muito maior do que em outros meios de transporte;, declara. Weimar incentiva quem pensa em começar nessa empreitada, mas dá uma dica: ;Aprenda a fazer tudo sozinho, como trocar um pneu de bicicleta, pois nunca se sabe onde acontecerá algum perrengue;.
Viaje em grupo
A loja de equipamentos para ciclistas Ecociclo, localizada em Vicente Pires, promove um passeio a Pirenópolis em 28/6, às 7h. O percurso é de aproximadamente 90km e as inscrições, no valor de R$ 50, vão até o dia 15. Informações: (61) 3526-7926.