Turismo

Na era dos coronéis, muitas histórias aconteceram no interior do Maranhão

O Museu Histórico de Carolina, idealizado por moradores de Brasília que nasceram lá, ajuda a contar a história local e do país, como a passagem do movimento da Coluna Prestes, que ficou algumas semanas na região

Especial para o Correio, Otávio Augusto
postado em 23/07/2015 15:07

Os casarões conservam a arquitetura antiga: história

[SAIBAMAIS]Ao caminhar pelas ruas estreitas de Carolina, é possível encontrar casarões do século 19 que ainda estão preservados. São edificações de adobe, um tipo de tijolo feito de barro, areia e palha. A história da cidade guarda detalhes da época do coronelismo do Brasil. Segundo historiadores, o extremo sul do Maranhão passou a ser visitado por colonizadores em busca do aprisionamento de índios para o trabalho na exploração de ouro. Os religiosos apareceram em seguida, em meados do século 17. No entanto, o primeiro núcleo urbano formou-se em 1809, quando o sertanista Elias Ferreira de Barros, foi enviado pela então província do Pará a fim de explorar as margens do Rio Tocantins com o manejo de gado, porém índios da tribo Timbira que habitavam aquela região enfrentar a urbanização.

No século 20, Carolina viveu seu auge financeiro. Era centro econômico importante do nordeste, com influência sobre grande parte do sul piauiense, Pará e norte de Goiás (atual Tocantins). Tinha comunicação com Belém pelo rio Tocantins e por avião com todo o país. Os filhos das famílias mais importantes iam estudar na então capital da República, Rio de Janeiro ou em Recife.

O Museu Histórico de Carolina, idealizado por moradores de Brasília que nasceram lá, ajuda a contar a história local e do país, como a passagem do movimento da Coluna Prestes, que ficou algumas semanas na região

Tudo isso está no Museu Histórico de Carolina, construído nas ruínas de um prédio de 1830, preservando as características da arquitetura original. O acervo reúne ainda documentos oficiais, cartas, gravuras da época, fotos e peças doadas pela comunidade. A pesquisa levou 15 anos para ser concluída. ;Não existia na cidade nenhum espaço que contasse a história. O Museu se faz importante para resgatar esse passado;, afirma Tom Maranhão, curador do espaço.

A idealização do projeto partiu de um grupo de carolinenses que mora em Brasília. Eles criaram a ONG Via Verde para financiar a obra. ;Fizemos um estudo vasto de todos os aspectos da cidade. Pesquisamos a arte, a economia, a política, a história e a cultura de Carolina para organizarmos o que é mostrado no museu;, explica Tom.

Identidade

A história está preservada também em prédios antigos. A Pousada dos Candeeiros, por exemplo, funciona em um local que já foi cadeia pública e hospital. As características da edificação centenária foram mantidas para atrair turistas e reúne peças com mais de 50 anos. A responsável pelo espaço, Cínthia Noleto Lucena, 36 anos, acredita que as raízes culturais devem ser preservadas. ;O turismo cresceu bastante e muita coisa mudou, mas a cidade não pode perder os traços de interior;, explica.

Prédio ocupado pelo movimento Coluna Prestes, em 1925: foram recebidos com festa

Quem mergulha nas águas de um dos pontos turísticos mais conhecido de Carolina, as Cachoeiras Gêmeas do Itapecuru, sequer imagina que, até a década de 1960, elas ajudaram a consolidar a economia local com a produção de energia elétrica com a queda d;água de 13 metros. Essa foi a segunda hidrelétrica do Brasil e a primeira da região.

Em 1925, o município entrou para a história brasileira com a passagem do movimento Coluna Prestes contrário a República Velha. O grupo passou algumas semanas na cidade sob a liderança de Juarez Távora, forte aliado do comunista Luiz Carlos Prestes. Segundo historiadores, à revelia do que aconteceu em outras cidades. Os moradores mais antigos contam que os militares foram recebidos com festa, saldados por políticos.

O Museu Histórico de Carolina resgata e preserva a história da cidade maranhense

Para saber mais
Carolina Leopoldina, imperatriz do Brasil
O município de Carolina foi rebatizado, em 1832, para saudar a primeira esposa de Dom Pedro I, a arquiduquesa da Áustria e imperatriz do Brasil, Carolina Josefa Leopoldina Francisca Fernanda de Habsburgo-Lorena (foto ao lado). Chegou ao Brasil em novembro de 1817, com a corte. Em nove anos de casamento, ficou grávida nove vezes, sendo um dos filhos Pedro de Alcântara, que sucederia o pai no trono. Carolina morreu em 1826, aos 29 anos.

Informações
Para quem busca mais informações sobre o turismo de Carolina e da região do Parque Nacional da Serra da Mesa, a melhor forma é busca pela página Eu amo Carolina, no Facebook (facebook.com/ euamocarolina). Lá, estão reunidas as principais informações da cidade, opções de hospedagem e dicas para os viajantes.

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