;A única língua que o diabo respeita.; Assim o cantor, compositor e escritor brasileiro Chico Buarque definiu o idioma húngaro, em seu livro Budapeste. A suspeita, porém, é que não seja só a língua oficial da Hungria que cause tremores ao demônio. Talvez o inferno seja tão quente quanto Budapeste no verão. Se sua intenção é conhecer a belíssima capital húngara, prefira ir em períodos de temperatura mais amenas, após os meses de julho e agosto.
Mas, se o calor não for problema, bastante visitada por turistas o ano todo, Budapeste casa direitinho com outras capitais do Leste Europeu. Cortada pelo Rio Danúbio, de um lado fica Buda, mais histórica e onde se concentram a maioria das atrações da cidade, e de outro, Peste, mais moderna e nem por isso menos interessante.
Buda
Três dias são suficientes para conhecer o que Budapeste tem de melhor. Para chegar a Buda é preciso atravessar a belíssima Ponte das Correntes. No alto de uma colina, a cidade medieval se ergueu em torno do Palácio Real, ou Castelo de Buda. Boa parte do palácio é ocupada pela Galeria Nacional Húngara (www.mng.hu) e pelo Museu de História de Budapeste.
Ainda em Buda, a Igreja de Mathias, outro importante cartão-postal da cidade, exibe imponentes vitrais e obras de arte, e um colorido telhado. Ganhou esse nome em homenagem ao rei Mathias. Em frente à igreja, o monumento Bastião dos Pescadores, conjunto de sete torres, representa as sete tribos magiares que deram origem à Hungria e oferece, assim como a praça em frente à Galeria Nacional, as melhores vistas do Danúbio e de Peste.
Mas nem só de monumentos vive Buda. Caminhando pelas ruelas do bairro, descobrem-se casas de origem medieval, onde viveram aristocratas e mercadores, com restaurantes tradicionais e cafés como o excêntrico Café Miró Var, todo decorado em homenagem ao pintor catalão.
Peste
Do outro lado do Danúbio, Peste mescla lojas modernas e chiques ; um mercado central de 1897 ;, movimentadas avenidas e um extenso e arborizado parque municipal, tornando esse lado da capital húngara uma região cosmopolita.
Boa parte dos prédios em Peste foi erguida durante o império austro-húngaro. Quem passeia pelos 2,5km da Avenida Andrássy, apelidada de ;Champs-Elysée de Budapeste;, testemunha os efeitos desse período de prosperidade sobre a arquitetura da cidade, com construções como a luxuosa Ópera Nacional, hoje principal centro cultural da cidade, e a imponente Catedral de Santo Estevão, lá no comecinho da avenida, com capacidade para 8 mil pessoas.
Fechada em quase toda a sua extensão ao tráfego de veículos, a Rua Váci parece ser frequentada exclusivamente pelos turistas, seja por seus restaurantes, seja pela diversidade de produtos de suas lojas de artesanato e suvenires. Na Váci, compra-se desde a páprica, bastante utilizada nos pratos típicos da Hungria, como o goulash até o Tokaj , vinho mais famoso do país e que, por seu sabor doce, os húngaros bebem como sobremesa.
Parlamento
A poucas quadras da Catedral e às margens do Danúbio, o Parlamento Húngaro é de tirar o fôlego, construído em arquitetura neogótica inspirada no Parlamento Britânico. No complexo de 18 mil metros quadrados, suas 691 salas ostentam beleza e riqueza, como as joias da coroa ; a coroa de São Estevão, primeiro rei da Hungria, e o cetro real são mantidos lá. Aberto à visitação pública, chegue cedo para garantir o ingresso, limitado. A bilheteria abre às 8h, quando uma longa fila já está formada. Os tours são organizados por horário e idiomas (informações no site www.parlament.hu).
Terror
Prédios degradados, marcas de tiros nas construções caracterizam o bairro judeu, onde, durante a ocupação nazista, existiu um gueto. Incrustada nesse cenário, a Grande Sinagoga é um dos pontos mais concorridos, pelo tamanho (a maior da Europa) e pela arquitetura. No local, uma escultura em forma de salgueiro, com 75 mil nomes de judeus mortos.
A cerca de 300 metros do parlamento, ainda às margens do Rio Danúbio, esculturas de sapatos em ferro compõem um memorial em homenagem aos judeus assassinados em Budapeste, durante a Segunda Guerra Mundial. Antes de serem executados, eles teriam sido obrigados a retirarem os sapatos e seus corpos caíam sobre o Danúbio, levados pela correnteza.
Outra homenagem às vítimas do nazismo, o Museu Terror Háza, ou Casa do Terror (www.terrorhaza.hu), revela parte das atrocidades cometidas não só pelo regime totalitário de Hitler, mas também pelo comunismo soviético. Recursos visuais e sonoros aproximam o visitante da violência experimentada por húngaros perseguidos, presos e torturados.
Cidade termal
Parte da cultura húngara, Budapeste conta com mais de 30 piscinas públicas e banhos termais. Os mais procurados são os banhos SZéchenyi, no Parque da Cidade, cujas termas foram construídas sobre a mais quente fonte da cidade, e o Hotel Gellért (www.gellertbath.com), com um complexo com 13 piscinas para os mais variados gostos e spa.
Danúbio
O Danúbio não é azul, como imortalizou a valsa do compositor vienense Johann Strauss. Mas ninguém repara nesse detalhe, ao passear à noite por suas margens em Budapeste. Monumentos se iluminam. De um lado do rio, na plana Peste, o parlamento se acende, torna-se ainda mais bonito. Do outro, no alto da colina de Buda, é o castelo que ganha luzes, majestoso. Imperdível.