
Aberto ao turismo, após a sangrenta ditadura do Khmer Vermelho, há pouco mais de duas décadas, o Camboja, reino de contrastes sociais e de pobreza extrema, é um país em reconstrução. Pelos portões da mágica Angkor (templo ao norte de Siem Reap), que exibe ao mundo as belezas de uma civilização por séculos considerada “perdida”, passaram, só em 2014, pouco mais de 4,5 milhões de turistas.
O líder Pol Pot e a sua “organização” impuseram ao Camboja uma brutal ditadura, que evacuou cidades e cometeu crimes classificados como genocídios, cuja dimensão foi mais tarde revelada. Estima-se que entre 2 a 4 milhões de pessoas tenham sido mortas, executadas, torturadas ou vítimas de extremo cansaço por trabalhos forçados. Em 1979, uma intervenção vietnamita afastou o Khmer parcialmente do poder. Iniciou-se ali uma guerra civil.
Hoje, o Camboja, que é uma monarquia constitucional, está pacificado e o turista encontra ao percorrer os seus impressionantes monumentos muitos de seus habitantes que se reinventam, após terem sofrido dramáticas mutilações dos tempos de guerra civil.
O crescimento vertiginoso no fluxo de visitantes, que quadruplicou em 10 anos, aliado a uma infraestrutura urbana ainda frágil, transforma algumas ruas de Siem Reap, principal destino turístico do país, em uma confusão de motos, tuk-tuks — carroças puxadas por bicicletas —, disputando espaço com carros e pedestres. O país tem todos os problemas típicos da pobreza: esgoto a céu aberto, crianças vendendo objetos nas saídas de pontos turísticos. Apesar das dificuldades e a luta pela sobrevivência, o povo é alegre e muito trabalhador.
Contudo, a infraestrutura hoteleira é ótima. E embora a joia da coroa sejam as ruínas de mais de 30 templos só nas imediações de Siem Reap, o caderno Turismo mostra o que vale uma imersão nessa cultura para conferir a tradicional produção artesanal de seda, a culinária, a dança e as fantásticas massagens.