Qual é a coisa que mais incomoda em uma viagem de avião? Aterrissagem, pouso, poltronas desconfortáveis, tempo de espera, restrições de bagagem? Tudo isso pode transformar a viagem dos sonhos em pesadelo. Agora imagine esses fatores somados a uma tremenda dor de ouvido. Fica difícil aproveitar o voo e o resto do passeio. O mesmo acontece ao mergulhar. Um simples desconforto pode estragar a experiência.
[SAIBAMAIS]
Ambas as situações têm a ver com a variação da pressão. No avião, a atmosférica; ao mergulhar, a da água. Quando a pressão se altera, algumas pessoas sentem dor no ouvido ou na parte anterior da face, perto dos seios nasais. A sensação aparece para alguns com maior intensidade. Outros passam por ela sem grandes traumas. ;Isso não representa um problema;, esclarece o otorrinolaringologista da Universidade de Brasília André Luiz Sampaio, acrescentando que a situação pode ser contornada com medidas simples.
Mascar chiclete é uma das alternativas para expelir o ar do corpo e dar uma mãozinha ao equilíbrio das pressões interna e externa ao organismo. ;Comigo, isso não resolve;, garante a universitária Anna Beatriz de Oliveira, 21 anos. Ela diz ter sentido o desconforto em voos longos com mais de 12 horas e se lembra da sensação ruim. ;É uma dor aguda, que aparece depois da decolagem. É como se tivesse uma agulha entrando no ouvido;, diz. Segundo Anna Beatriz, o mal-estar continua por algumas horas, mesmo depois de sair do avião.
O caso da universitária é dos mais corriqueiros. A situação pode ir além. ;Observamos algumas pessoas passando mal, chorando, com a mão no ouvido;, afirma o otorrinolaringologista André Luiz Sampaio. Isso acontece quando a pessoa está resfriada, com alguma congestão desencadeada por processos alérgicos. A dor, portanto, é mais aguda. Nesse estágio, o problema é chamado de barotrauma. O passageiro pode sofrer lesões na membrana timpânica, muitas vezes acompanhadas de sangramentos. ;Sair do desconforto para esse cenário é muito raro;, esclarece o médico.
; Função
Membrana em forma de cone fina que separa o ouvido externo do ouvido médio. Sua função é transmitir o som do ar aos ossículos no ouvido médio, e, em seguida, para a janela oval na cóclea cheia de fluido.
Sampaio explica, ainda, que as inflamações podem provocar inchaço na tuba auditiva (que tem a regulação da pressão). Logo, a passagem de ar e a equalização da pressão ficam comprometidas. ;O ouvido é um dos órgãos do nosso corpo que mais sofrem, porque é preenchido por ar;, acrescenta. O problema pode ser evitado e amenizado com medidas simples. Informe-se e deixe sua viagem mais agradável.
Evite
Há técnicas eficazes para driblar a dor de ouvido. A técnica mais recomendada é o chamado Método de Valsalva, válido para passageiros e mergulhadores. ;Inspire pelo nariz e tente jogar o ar para dentro do ouvido;, aconselha o médico André Luiz Sampaio. Ele explica que isso força a abertura do canal auditivo e permite que a pressão se equilibre. Mastigar, bocejar e deglutir também são hábitos que funcionam. ;Com esses procedimentos, acionamos a tuba auditiva. Assim, ela pode equalizar a pressão por ela mesma;, explica o médico.
Caso esteja com o nariz entupido, aplique um spray nasal que combata o sintoma meia hora antes dos procedimentos de subida e descida do avião. Isso vai liberar a passagem de ar entre os seios perinasais (partes ocas do crânio) e o ouvido.
Deixe para dormir quando o avião já estiver no alto. Na decolagem e no pouso, quando a diferença de pressão é maior, a chance de sentir um desconforto no ouvido aumenta.