Jornal Correio Braziliense

Turismo

Ao pé da montanha, Domingos Martins atrai pela natureza e quitutes locais

O agroturismo aquece os corações e os estômagos dos visitantes. Do café ao socol, passando pela cerveja artesanal, a visita é também um pulo à Europa

Admirar a majestade da natureza é um bom motivo para fazer trilhas, escalar morros ou apenas parar o carro na beira da estrada a fim de observar uma cachoeira, um rio, uma cena inédita. O município de Domingos Martins tem joias como a Pedra Azul, que atrai admiradores e hóspedes às dezenas de pousadas ao pé da montanha. Perto dali, Venda Nova do Imigrante lembra a Itália no que se refere aos sabores. Com a maior parte da população vinda do país europeu, é de se imaginar que as visitas a fazendas de café e produções de queijos, massas saborizadas, antepastos e socol ; linguiça feita de carne de pescoço suíno ; serão tão animadas quanto os típicos encontros italianos em família.

[SAIBAMAIS]

Ao caminhar por Domingos Martins, é impossível não reparar nos nomes de restaurantes e lojas. Tudo faz referência à Alemanha de um jeito bem tradicional: com o sobrenome da família estampado na fachada. A cidade tem sua própria Oktoberfest, sedia o Festival de Inverno de Música Erudita e Popular anualmente em julho e já foi considerada a mais romântica do Brasil. No meio do ano, dá para curtir um friozinho. Na Vila de Pedra Azul, a 50km do centro de Domingos Martins, essa experiência é glamourosa. Tem pousadas requintadas e restaurantes premiados. A estrela do lugar, porém, é uma formação de granito e gnaisse de 1.822 metros de altitude. A coloração azul-esverdeada muda de acordo com a incidência de luz solar.

Rumo à pedra

Visitas a sítios, cervejarias e fazendas são as atrações do pedaço. O Parque Estadual da Pedra Azul é um coringa: atrai quem gosta de caminhadas e busca relaxamento em meio à natureza. A subida até a sede do parque passa por hotéis e áreas de mata fechada. Saindo dali, há trilhas para todos os piques. A mais curta é a mais fácil: vai até a base da pedra, tem paradas em mirantes e dura uma hora, incluindo ida e volta.

Quem decidir ir mais longe terá piscinas naturais escavadas sobre a rocha como recompensa. O percurso de 3km inclui uma escalada de 97m feita com ajuda de cordas e demora o dobro do tempo. Também é possível escalar a pedra até o topo. Tudo depende de autorização e agendamento prévio. Por hora, apenas a trilha fácil está disponível, por conta da seca que atinge o estado. A reabertura está prevista para este mês.

Malte e lúpulo

Na estrada que vem de Vitória, 500m após o portal da cidade de Domingos Martins, a cervejaria Barba Ruiva é uma parada interessante para quem gosta de cerveja. Aberta de sexta a domingo, tem decoração arrojada e música ao vivo, além de um cardápio com pratos indicados para acertar na harmonização. A estrela da casa é a Indian Pale Ale (IPA). Apesar de tradicionalmente forte em teor alcoólico e lúpulo, é agradável ao paladar. Peça para conhecer a sala onde a bebida é produzida, no andar de cima.

Não perca

Parque Estadual da Pedra Azul
; Aberto de terça a domingo
; Trilhas guiadas: saída às 9h30 ou às 13h30 (é necessário agendar)
; Trilha autoguiada: acesso liberado das 8h às 15h (sujeito a lotação)
; Informações: pepaz.iema@gmail.com / (27) 99739-8005 / 99846-3489

Pedacinho da Itália

Comer bem e ver de perto como a comida é feita ; esse é o estilo do passeio em Venda Nova. A agenda de eventos dali é movimentada. Tem comemoração para todo tipo de comida, como a Festa do Tomate, que ocorre há três décadas, a da Abóbora, a do Socol e a da Polenta, que elege uma rainha.

É difícil escolher uma entre as várias propriedades do circuito do agroturismo no estado. Uma estratégia é montar o roteiro de acordo com suas preferências gastronômicas. O Turismo visitou três pontos de interesse selecionados pelo Dubbi, site de troca de informações entre viajantes. Experimentamos de tudo: dos queijos ao socol, passando por cafés e antepastos. Todos oferecem degustações dignas de menus de restaurantes estrelados.

Sítio Lorenção
Quem não é do Espírito Santo provavelmente nunca ouviu falar do socol, embutido feito da carne do pescoço do porco. A receita era assim no passado e veio com imigrantes italianos para o Brasil, mas hoje é feita com lombinho e tempero a gosto. O socol vai bem em risotos, pizzas, carpaccio e tira-gosto. É a especialidade da família Lorenção, que saiu de Trevisani há 110 anos. Quem vai ao sítio vê o ambiente onde as linguiças ficam penduradas para secar. O processo leva quatro meses. O local também é conhecido por produzir antepastos com azeite de alta qualidade, sem conservantes.

Fazenda Carnielli

Cafés finos e queijos são bons motivos para visitar a propriedade, que tem uma loja recém-inaugurada no Aeroporto de Vitória. Além disso, os Carnielli têm importância histórica: no Brasil desde 1888, iniciaram o agroturismo nacional. Guiado por um bom papo ao longo de uma caminhada rápida, o visitante pode acompanhar todo o processo de produção do café, da colheita à xícara, conhecer o Café Carnielli e o Café do Nonno e seguir para a degustação de queijos e embutidos, incluindo o socol. Conversar com os donos da fazenda é uma atração à parte, mas os colaboradores descendentes de italianos são bem preparados.

Família Venturim

Os Venturim começaram a produzir café no século 19 e ampliaram a produção para as massas saborizadas. São 20 opções, do chocolate ao gengibre, passando até mesmo pelo whey protein. O tingimento do macarrão é à base de pigmentos naturais, sem adição de corantes ou conservantes. A família é dona de um restaurante no km 110 da BR-262, próprio para degustar as massas e outras delícias italianas. Há um hotel ao lado, que costuma servir os turistas que vão à cidade para as temporadas de festa. Além do café moído, há uma infinidade de biscoitos, bolos, roscas e pães para levar de lembrança.

; Para saber mais
O título de capital do agroturismo foi concedido a Venda Nova do Imigrante pela Associação Brasileira de Turismo Rural (Abratur), em 1987. Atividades turísticas, familiares e praticadas em pequenas propriedades onde o turista pode acompanhar o processo de produção e vivenciar a cultura local são as características de um destino de agroturismo. No Espírito Santo, há cerca de 70 propriedades nesse estilo, com a participação de 300 famílias. São mais de 1.500 pessoas envolvidas.