Jornal Correio Braziliense

Turismo

Noronha se destaca pela receptividade, gastronomia e estrutura turística

O destino permanece como um dos mais aclamados do país. E não por acaso: poucos lugares seriam capazes de tirar o seu fôlego com a mesma intensidade

Lá está a mais bela praia do planeta, de acordo com usuários do site de viagens TripAdvisor e de outras tantas publicações. Lá também está a segunda menor rodovia do país, a BR-163, com apenas 7km de extensão. Sorte dos moradores, já que são eles que bancam a gasolina mais cara do território nacional, geralmente o dobro do que se cobra no resto do Brasil.

[SAIBAMAIS]

E no que depender dos visitantes, esses ares hiperbólicos (mas reais) seguem como uma das melhores ferramentas para definir Fernando de Noronha. ;Nunca vi algo assim;, ;Perdi o fôlego; e ;emocionada com esse visual; são algumas das declarações que se espalham pelas redes sociais, vindas dos mais diversos turistas. Quem desembarca por lá, sabe: a ilha impressiona.

Cosmopolita

Antes de tudo, é importante desconstruir uma ideia preconcebida, e ligeiramente equivocada, sobre o arquipélago: não estamos em um ambiente majoritariamente nativo, cercado por matas virgens e pautado, exclusivamente, pelas provocações naturais.

Há, claro, uma predominância absurda de verde e de longas extensões de areia inabitada, mas não se deve ignorar o elemento urbano que já toma conta da ilha. Fala-se, inclusive, em um centro urbano, que seria a Vila dos Remédios. Por ali, são dezenas de restaurantes, bares e comércio em geral, com direito à animada vida noturna, regada a eletrônico, forró e samba, a depender do dia da semana.

Ou seja, nem sempre estamos munidos do sentimento de estarmos cercados de água por toda parte, ;longe do mundo;, ou ;distantes de terra realmente firme;. O cosmopolitismo de Noronha, muitas vezes, leva-nos a esquecer os 360 km que separam a ilha de Natal (RN), ou os 545 km até o Recife (PE). Em alguns momentos, estamos apenas em uma pequena cidade, com ventos interioranos. É preciso molhar os pés na água, adentrar o mar e desbravar as praias distantes para relembramos a rara sensação de estarmos desconectados. Na insanidade do nosso cotidiano de asfalto e poluição, não há nada melhor.

Delicadeza da gastronomia

Como não poderia deixar de ser, o peixe é servido fartamente, nas mais diversas modalidades. A moqueca reina absoluta. Há opções das mais convencionais até as mais sofisticadas.

São muitas as sugestões de gastronomia na ilha. Quem vai traz uma dica. A maioria, venerando chefs e restaurantes badalados, muito conhecidos principalmente pelas redes sociais. E que, cá entre nós, não justificam tanto burburinho.

Nos tais conhecidos restaurantes, opta-se por um menu contemporâneo, alinhado com as tendências da alta cozinha, mas sem provocar maiores emoções ao paladar, apesar de oferecerem serviço agradável e ambientes acolhedores, na maioria dos casos.

Tornou-se um desafio, portanto, esbarrar com algo inusitado. E a resposta veio no restaurante O Pico, que leva o nome do mais famoso rochedo do arquipélago. Há belas chances de você ser atendido pelo simpático proprietário Alvaro, que sempre oferece ótimo papo.

No que diz respeito ao cardápio, quem aprecia o ceviche pode se jogar sem medo. Mas, entre tantas sugestões elaboradas (e saborosas), o simples prevalece: a rabanada aguça sensações inéditas, e o café com bolo de banana praticamente vale a passagem à ilha.

Curiosidades

; A minúscula Capela de São Pedro é disputada para casamentos. Muitos famosos querem trocar alianças no singelo templo, com vista privilegiada. Casar em Fernando de Noronha, em si, não é caro. O problema é chegar lá. Não espere muitos convidados na festa.

; A lista telefônica da ilha é a única do país que inclui apelidos. Ou seja, além dos nomes formais, encontramos também o Manoel Cachorrão, por exemplo. E não se trata de exemplo fictício. O Cachorrão é um dos mais disputados guias de Noronha. O filho Cachorrinho seguiu os mesmos passos. E consta na lista, claro.

; Fernando de Noronha adora uma boa lenda e conta até com uma bruxa própria, a Alamoa. Os guias de turismo, por sua vez, juram que uma múmia ronda os arredores à noite atrás dos visitantes que não pagaram a taxa de entrada no parque. Cuidado!

* O repórter viajou a convite da 21k Noronha