Jornal Correio Braziliense

Turismo

Guadalajara e arredores mostram aos turistas o que o México tem de bom

A cidade, que tem um caso de amor com os brasileiros desde 1970, quando o Brasil conquistou o tricampeonato mundial, serve como ponto de partida para vários passeios no país

Quando ouvir falar que o México é tudo de bom, esqueça. É muito melhor do que se pode imaginar. Além da cultura, da história, da gastronomia e bebidas típicas, as pessoas são o que há de mais rico no país. E como se identificam com os brasileiros! Não só pela musicalidade, o calor nas relações, a alegria e a hospitalidade. O mexicano tem verde e amarelo no coração.

Na segunda maior cidade do país, com 1,5 milhão de habitantes, uma viagem a Guadalajara pode ser combinada com vários ;bate e volta; para Tequila, Tlaquepaque, Ilha de Mezcala e Guachimontones, que ficam a cerca de uma hora. Conhecer a cidade é viver a história por todos os lados. No centro da cidade está a Plaza de Armas, a mais antiga. É lá que se encontra o Palacio del Gobierno de Jalisco, onde é possível apreciar uma enorme coleção de painéis espalhada por todas as salas. Simplesmente impressionante. São pinturas enormes, do artista local José Clemente Orozco, que retratam a época da pós-Revolução Mexicana, em 1920, e pretendiam despertar o amor das pessoas pelo país.

Na cidade, antes de se aventurar pelos arredores, é importante conhecer alguns pontos trurísticos como a Catedral Basílica La Asunción de María e o Instituto Cultural Cabañas, na Plaza Tapatia. A catedral é uma imponente construção de pedra do século 16, com icônicas torres amarelas. Em seu interior, o destaque é o corpo de Santa Inocência, embalsamado há mais de 300 anos, símbolo de devoção do México, pois representa a pureza das crianças.

Muralismo
Já o Instituto Cultural Cabañas, na Plaza Tapatia, é patrimônio mundial da humanidade e guarda a obra-prima do muralismo mexicano, feita por José Clemente Orozco. Uma pintura na abóbada da igreja, com ilusão de ótica, nos dá a impressão de que o pé do homem está virado para nós, seja de qualquer um dos ângulos que se olhe.

[SAIBAMAIS]Para ficar ainda mais próximo aos nativos, a grande pedida é passear no Mercado Libertad San Juan de Dios ; a síntese do México. Pelos corredores estreitos estão centenas de barracas, que vendem artigos para charrería, esporte tradicional do país, semelhante ao rodeio, com celas que chegam a custar R$ 10 mil. Tem ainda os sombreiros, os ponchos, os suvenires de caveira, as comidas típicas, como as tortas ahogadas, sanduíche à base de pão com carne de porco e molho picante, e os mariachis ; como são chamados os músicos que tocam o gênero musical típico da região ; cantando no pátio.

Reserve alguns dias para aproveitar o que a região tem de melhor: pequenas cidades com atrações que despertam a curiosidade e mostram aos turistas o que o México tem de bom.

Ares coloniais nas ruas antigas

Em Taqueplaque, a Andador Independencia é a rua principal, onde se concentram as galerias de arte, lojas de artesanato, bares e restaurantes da cidadezinha colonial. Além das lojas formais, é possível se deparar com diversos artesãos vendendo trabalhos, como pinturas, bordados e bijuterias, em tendas espalhadas pelo calçadão.

A cidade tem uma forte tradição na arte da cerâmica. Por isso mesmo, não deixe de visitar o Museo Regional de la Ceramica, que reúne objetos da era pré-hispânica até os dias atuais. Um dos destaques são as miniaturas que retratam, com riqueza de detalhes, o dia a dia da população.

Se você não resistiu à tentação e se jogou nas compras, pode descansar em um dos restaurantes do El Parián, mercado localizado no fim da rua, fechada para pedestres. Além de se deliciar com as comidas típicas, poderá ouvir o som dos mariachis, que arrancam aplausos com as suas músicas vibrantes. É impossível não vê-los.


Simbolismo das pirâmides
Com o seu sítio arqueológico de 350 a.C., Guachimontones arrebata corações. A cidade é cheia de magia e guarda a única pirâmide circular do mundo, com 10 metros de altura, 38 metros de largura e 52 degraus, rodeada por 10 plataformas retangulares, além de muitas histórias da tradicion teuchitlan, povos que habitavam a região na época da construção dos monumentos.

O lugar tem ainda um espaço que era usado para o jogo de pelotas, parecido com o futebol, mas jogado com a cintura. Muitas vezes, o vencedor era oferecido aos deuses como recompensa por ser o melhor da tribo e acabava sendo sacrificado e comido pelos colegas.


Ruínas que prendem
Um passeio emocionante em todos os sentidos é navegar até a Ilha de Mezcala, que guarda ruínas do que um dia foi um forte e uma prisão. O lugar tem uma energia muito marcante, que pode ser sentida em sua máxima no círculo destinado aos altares de sacrifício.

Para se chegar à ilha é preciso ir até a cidade de Poncitlán, e pegar um barquinho para fazer a travessia. Se o lago estiver agitado, a experiência será bem mais emocionante.

Do alto do forte tem-se uma vista maravilhosa da região. Prepare a câmera, pois a combinação das ruínas com o Lago de Chapala, maior do México, rendem fotos espetaculares.

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Pra frente, Brasil
Na jornada vitoriosa da Seleção Brasileira na Copa de 1970, apenas a partida final, contra a equipe da Itália, não foi realizada em Guadalajara. O jogo que deu o tricampeonato ao Brasil foi disputado na Cidade do México, a capital do país.

A Copa do México foi a primeira da história do campeonato a ser transmitida em cores para todo o mundo. Neste mesmo ano foi inaugurada a regra dos uso de cartões amarelos e vermelhos pelos árbitros e a permissão para a substituição de jogadores durante a partida, pois antes só eram permitidas entre um jogo e outro.

O Brasil, que integrou o grupo 3, onde estavam as seleções da Inglaterra, Tchecoeslováquia e Romênia, passou para a semifinal contra o Uruguai. A vitória de 4 a 1 contra a Squadra Azzura deu à Seleção Canarinho a taça Jules Rimet.

*A repórter viajou a convite do Conselho de Promoção Turística do México, das secretarias de Turismo de Jalisco e de Guadalajara e da Copa Airlines