Turismo

Império de primeira grandeza, China mantém costumes e antigas tradições

O país mais populoso do mundo, com mais de 1,3 bilhão de habitantes, é o único que mantém viva a cultura milenar do seu povo. Conheça cidades onde o passado e o futuro são lições de vida

Bertha Maakaroun/Estado de Minas, Especial para o Correio
postado em 03/06/2017 10:00

O país mais populoso do mundo, com mais de 1,3 bilhão de habitantes, é o único que mantém viva a cultura milenar do seu povo. Conheça cidades onde o passado e o futuro são lições de vida

Entre todas as civilizações antigas que legaram o saber ao mundo, a chinesa é a única que permanece de pé com a sua cultura e tradição singular, mas com a sua língua e caligrafia, que remontam ao ano 600. A China é o exemplo de como um país pode crescer e ganhar importância respeitando as tradições e investindo na educação. Os contrastes são grandes, mas cidades como Xangai, Beijing, a Cidade Proibida, e Guilin, na região de Guizhou e Guangxi, ao sul do país, são exemplos de transformações que atraem turistas.

[SAIBAMAIS]Para se ter uma ideia da importância econômica e do espetacular crescimento da China, basta visitar Xangai, que é, hoje, a segunda maior cidade do país, com quase 25 milhões de habitantes. De costas para o Bund, lado da velha China colonial do século 19, se vê a margem oposta do Rio Huangpu, denominada Pudong. De distrito rural e pobre da cidade, transformou-se no retrato do futuro, de um povo que por ele luta.

O país mais populoso do mundo, com mais de 1,3 bilhão de habitantes, é o único que mantém viva a cultura milenar do seu povo. Conheça cidades onde o passado e o futuro são lições de vida

Aprisionado em Elba, em 1816, Napoleão retrucou ao ouvir do Lorde Amherst que a Inglaterra havia fracassado na segunda tentativa de estabelecer relações comerciais com a China: ;Deixem-na dormir, porque quando acordar o mundo tremerá;. À medida que o barco avança e sobe o rio, à direita, mira-se o futuro.

O encontro de duas skylines

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Na margem oriental do Rio Huangpu, denominada Pudong, a China pós-colonial exibe a sua pujança e força. É um dos pontos altos de Xangai, a mais ocidentalizada e cosmopolita cidade chinesa. Com 632 metros, a Shangai Tower desafia a concorrência arrojada com o título de segunda mais alta do planeta. O Shangai World Financial Center, do alto de seus 492 metros e 101 andares, é considerado o maior com espaço vazado ao topo. Empilhando 153 andares e quase meio quilômetro de altura, a Oriental Pearl Tower exibe 470 metros de altura em formato exótico.

Na margem oposta do Rio Huangpu, o encanto da arquitetura colonial intocada do passado. Ali estão prédios como o da Alfândega e o Big-Beng tal e qual, o Hong Kong & Xangai Bank e o Peace Hotel, todas edificações emblemáticas da primeira metade do século 20.


A comparação entre as duas skylines é inevitável e remete às opções históricas de um povo em momentos diversos. Xangai é hoje a segunda maior da China, com quase 25 milhões de habitantes, ainda que, para os ocidentais, seja vendida como a primeira. O Império Celestial ou Império do Centro, que é como os chineses se chamavam e se reconhecem, está de volta. A China, nome pela qual a conhecemos, também. Tais visões, que evidenciam coisas distintas, dialogam ou conflitam, a partir de Xangai.

Xangai significa ;acima do mar;. Mas em mandarim clássico, quer dizer ;sequestro;. Explica-se. Ao longo do século 19, mais intensamente nas primeiras décadas, era frequente o desaparecimento de jovens chineses. Entorpecidos, acordavam a bordo de barcos. Destinos variados, principalmente para as Américas, o trabalho invariavelmente era escravo. Nos Estados Unidos, ajudaram a construir a Ferrovia Transcontinental; a Oeste do Canadá, a Ferrovia Canadense do Pacífico; no Peru, eram mandados às minas de prata; também serviam nas plantações de açúcar de Cuba e outras ilhas das Índias Ocidentais.

Inovação
A história de Xangai é a síntese da relação da China com países colonizadores, países vizinhos e com o mundo. Uma história de páginas dramáticas, que batizaram um ;século das humilhações; (1839-1949), em que esse país continental se ajoelhou ao Ocidente e ao Japão. Foi a partir do fim da Segunda Guerra Mundial que os chineses voltaram a pensar o país em posição central no globo. É o início daquilo que em sua atual bibliografia histórica chamam de a era da ;Inovação;, segundo exposição do Museu Nacional da China na Praça da Paz Celestial: trata-se do ocaso da dinastia Qing, com o surgimento dos movimentos nacionalistas, as guerras antinipônicas, a guerra civil e a ascensão de Mao Tse Tung e do Partido Comunista Chinês. Engloba e inclui-se a partir daí todo o esforço industrializante efetuado, em prejuízo de liberdades individuais e, em certo momento histórico, com os equívocos e absurdos cometidos pela Revolução Cultural.

É no entrelaçar das culturas que a beleza de Xangai revela a dramática história com alguns suspiros de deleite, como o Yu Yuan ; o Jardim da Felicidade ; um oásis na metrópole, de 1559 (dinastia Ming), em que a clássica arquitetura chinesa está entrecortada por lindos jardins e pontes em linhas tortas, protegidas por muros coroados por um curvilíneo dragão de quatro patas (não cinco, como o dragão imperial, para evitar a ira do imperador (BM)

Fica a dica

Como circular

O metrô é muito organizado e cobre os principais pontos turísticos. Prepare-se para interagir com um mar de pessoas, como jamais viu em transporte público. Táxis têm preços justos, mas a comunicação com os motoristas não é fácil

Visite

O país mais populoso do mundo, com mais de 1,3 bilhão de habitantes, é o único que mantém viva a cultura milenar do seu povo. Conheça cidades onde o passado e o futuro são lições de vida

; O Bund, coração da cidade colonial, exibe símbolos do período em que foi dominada pelo Ocidente.

; Museu de Xangai: com 120 mil peças, tem relíquias do neolítico à dinastia Qing, cobrindo cinco mil anos de história.

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; Jardim Yu Yuan (Jardim da Felicidade) e Bazar: principais atrações da cidade antiga.

; Observatório do Shanghai World Financial Center: ao topo do 101; andar, com 492 metros de altura, apresenta espetacular vista aérea das duas margens do Rio Huangpu. Está encravado em uma infraestrutura urbana futurista, em que metrô, highways, shoppings e elevados de pedestre interagem com elegância.

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; Pudong, margem do Rio Huangpu oposta ao Bund. Todas as edificações ali existentes ; entre as quais três das mais altas torres do mundo ; foram construídas depois de 1990. Em passeio de barco pelo rio, percorre-se, em uma hora, 16 quilômetros desse importante rio, com 110 quilômetros de extensão. A skyline futurista de Xangai pode ser apreciada.

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