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Castelo das nove vilas em uma das mais antigas repúblicas do mundo

Símbolo da liberdade conquistada por um pedreiro cristão que, segundo a lenda, foi perseguido por um imperador, San Marino está no alto do Monte Titano, de onde se descortinam lindos vales

As torres que se elevam de dentro das muralhas compõem o cartão-postal de San Marino
História e paisagens magníficas se entrelaçam numa das menores e mais antigas repúblicas do mundo. San Marino, território independente de 61,2 quilômetros quadrados, é formado por nove pequenas vilas chamadas “castelli”. Entre elas, a capital de mesmo nome, San Marino, relaxa ao topo do Monte Titano, abraçada pelas províncias italianas da Emília-Romanha e Marcas. É um enclave na cordilheira dos Apeninos, espinha dorsal que rasga a Itália Central e a costa Leste. Frequentemente afundada em densa neblina, três torres se elevam de dentro das muralhas, compondo o espetacular cartão-postal: Guaita, construída no século 11, Cesta, do século 13 e Montale, do século 14. Da imponência dessas, quando se abre o horizonte, surgem vales verdes que se encerram no mar Adriático.

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Ladeira acima ou ladeira abaixo, San Marino se apresenta com ícones da história. Por ali passaram, em 1849, Anita e Giuseppe Garibaldi, também conhecidos por Heróis de Dois Mundos. Após combater na batalha de Gianicolo, em defesa da República de Roma para a expulsão das tropas franco-austríacas, foram forçados a bater em retirada. Acompanhados de um exército de quase 4 mil homens, o casal chegou a San Marino. Perseguidos por forças francesas, napolitanas e espanholas, os revolucionários que lutavam pela unificação da Itália foram acolhidos.

Diz a lenda que San Marino foi fundada no ano de 301, por Marinus, um pedreiro cristão, de origem dálmata, que perseguido pelo imperador Diocleciano, chegou ao Monte Titano após deixar a sua ilha nativa de Rab, na costa Norte da atual Croácia. Uma comunidade livre se formou e foi batizada, em sua memória, Terra de San Marino. Mais tarde passou a se chamar Cidade Livre de San Marino e finalmente, República de San Marino.


Apesar de ter mudado de nome, livre a cidade permaneceu. Em princípio, o governo foi confiado a uma assembleia dos chefes de família denominada “Arengo”, presidida por um reitor. Mas à medida que a comunidade crescia, um capitão defensor foi nomeado para compartilhar com o reitor a responsabilidade do executivo. Foi apenas em 1243 que os dois primeiros capitães regentes passaram a ser eleitos para o cargo por um período de seis meses. A regra ainda persiste. A Constituição de San Marino é histórica, ou seja, não escrita. Compõe-se, entre outros documentos jurídicos importantes, pelos Estatutos, que foram as primeiras leis promulgadas, inspiradas nos princípios da democracia.

Duas vezes ocupada militarmente por alguns meses, em 1503 por Cesare Borgia e, em 1739, pelo Cardeal Giulio Alberoni, no primeiro caso, San Marino libertou-se com a morte do invasor e, no segundo, pelo emprego da desobediência civil em protesto contra os abusos. De forma clandestina, os moradores conseguiram enviar mensagens ao papa, que então reconheceu o direito de San Marino e restaurou a sua independência. Ao longo de sua história, os samarineses demonstravam aversão a qualquer tipo de expansão territorial. Em 1797, Napoleão Bonaparte, que lideraria campanhas militares que colocariam a França em posição dominante na Europa, prontificou-se para comandar a república. Em carta, ofereceu canhões, 100 mil quilos de trigo, a expansão do território e os mesmos direitos dos cidadãos franceses, caso aceitassem-no. Não foi o caso. Optou pela liberdade, mantida mesmo durante a unificação da Itália, que exibe orgulhosa, em suas praças e monumentos.