Jornal Correio Braziliense

Turismo

Desbravar a cultura mexicana deixa um gostinho de quero mais

Quem nunca voltou de uma viagem com a sensação de que não deu tempo de visitar tudo e é preciso voltar?

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Com um país construído por civilizações maias e astecas, famosos revolucionários como Pancho Villa e Zapata, personagens que viraram ícones mundiais como a pintora Frida Khalo, além de uma culinária peculiar e apreciadíssima, atrações para todos os gostos é o que não falta à capital mexicana.

Uma boa dica é começar o passeio pelo Zócalo, praça localizada no centro histórico da cidade que por si só já reúne um número considerável de atrações. Na praça, a arquitetura colonial da sede do governo e da Catedral Metropolitana convivem lado a lado com ruínas do Templo Mayor, uma grande escavação arqueológica que preserva parte do que foi um dia a civilização asteca.

O Palácio Nacional abriga os admiráveis murais do artista Diego Rivera. A obra, de dimensão considerável, retrata, com um olhar crítico, a história nacional desde os tempos pré-hispânicos, passando pela colonização e posteriormente pela luta de classes. A entrada é gratuita, condicionada apenas à apresentação do passaporte, que fica retido na recepção e é devolvido ao final da visitação.

Em um país predominantemente católico, a Catedral Metropolitana vale a visita mais pela arquitetura do que por sua importância para os fiéis. Nesse quesito, o principal centro de peregrinação é a Basílica de Guadalupe, localizada ao norte da cidade, distante do Zócalo.

Considerado o maior templo católico das Américas, a basílica recebe a visita de milhões de fiéis atraídos pela história da aparição da Virgem ao índio Juan Diego. A devoção ao lugar é tamanha que há quem diga que antes de cristãos, os mexicanos são guadalupanos.

Continuando pelo Zócalo, a praça é rodeada ainda por lojas e restaurantes. No centro, uma imponente bandeira mexicana ostenta o nacionalismo do país.

As ruas paralelas ao Zócalo também convidam ao passeio. Nelas se pode desfrutar de bons restaurantes e cafés, como o tradicionalíssimo Café de Tacuba, se deparar com monumentos dedicados a heróis nacionais, ou chegar em poucos passos ao Palácio de Bellas Artes.

Mas atenção: prefira passear pelo Zócalo de segunda a sexta-feira. Ao contrário do que acontece com a grande maioria das metrópoles, em que as regiões centrais costumam ficar desertas aos fins de semana, na Cidade do México, é quase impossível caminhar no centro aos sábados e domingos.

Cidade dos deuses

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A 40 km da Cidade do México encontra-se um dos sítios arqueológicos mais visitados no país. Teotihuacan, a Cidade dos Deuses, encanta os turistas pelas imponentes pirâmides do Sol e da Lua.

Muitos são os mistérios sobre as origens de Teotihuacan. Patrimônio Mundial desde 1987, ao contrário do que muitos pensam, não foram os astecas que ergueram Teotihuacan, mas uma comunidade de povos de várias etnias.

Fato é que uma visita a Teotihuacan descortina uma incrível volta ao passado e a uma cultura politeísta que cultuava elementos da natureza e animais como divindades e, ao mesmo tempo, construiu uma cidade de moderno plano urbanístico.

Além das gigantescas pirâmides, Teotihuacan era cortada por uma avenida de 3 km, a Avenida dos Mortos, e várias construções revelam uma sociedade organizada e estratificada.

Para chegar a Teotihuacan, o turista pode optar por excursões organizadas por empresas de turismo, por ônibus que partem do terminal rodoviário e levam cerca de 1h15 até os portões do sítio arqueológico, ou por táxis (geralmente o passeio por táxi pode ser agendado no hotel, com preços fixos para a viagem).

Uma dica importante: saia de manhã cedo para visitar Teotihuacan. Além de o lugar estar mais vazio, o sol pode ser inclemente no meio do dia.

Museu de revolucionários

Quem passeia pelas ruas residenciais do pitoresco bairro de Coyoacán, na Cidade do México, não desconfia que no passado o bairro serviu de endereço para dois ilustres moradores: a pintora mexicana Frida Khalo e o revolucionário russo Leon Trotski.

Dona de uma biografia marcante, Frida quebrou tabus por suas ideias e comportamento e, apesar de ter vivido em um país considerado machista, despontou como ícone feminista mundo afora. Hoje seu rosto está em todo tipo de souvenir, em bolsas, roupas e até em editoriais de moda.

Suas pinturas ganharam reconhecimento mundial e muitas estão expostas no Museu Frida Kahlo. A Casa Azul, como também é conhecido o museu, foi o lugar onde a pintora nasceu e morreu e, além de suas obras, guarda em seu acervo objetos pessoais de Frida.

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Além da coleção permanente, o museu abriga exposições temporárias. Aberto de terça a domingo, das 10h às 17h45 (exceto às quartas-feiras, em que abre às 11h), o museu disponibiliza videoguias e visitas guiadas. Como é bastante procurado, vá com paciência, para enfrentar as filas da bilheteria.

Já o Museu Leon Trotsky não recebe tantas visitas assim. Embora localizado a poucas quadras da Casa Azul, poucos são os viajantes interessados em conhecer a casa onde o intelectual russo se refugiou da perseguição do ditador Stálin e foi assassinado. Uma pena, porque o museu vale muito a visita.

Nos jardins repousam os túmulos de Trotski e de sua esposa, Natália Sedova. Na casa, os cômodos continuam organizados como se seus habitantes ainda estivessem por lá, ainda que as marcas de tiros dos dois atentados que sofreu e que culminaram em sua morte permaneçam incrustadas nas paredes. Assim como o Museu Frida Khalo, o Museu Casa de Leon Trotsky abre de terça a domingo, com ingressos a preços bem acessíveis.