Turismo

Casais brasileiros são os mais ciumentos do mundo quando viajam

Turistas do Brasil são considerados os viajantes mais possessivos do planeta. Entenda as causas e conheça histórias de casais que se identificam - ou não - com a pesquisa que aponta esse resultado

Rafaella Panceri - Especial para o Correio
postado em 02/08/2017 20:00

Os brasileiros são ciumentos. Segundo a pesquisa, até os mais liberais (52%) confessam o sentimento

Viajar é sinônimo de conhecer pessoas e, quem sabe, de viver uma história de amor. Em termos de flerte, os brasileiros têm perfil único. Em 2016, o Brasil liderou a lista de países onde as pessoas mais tiveram romances de férias, com 45% da participação mundial, conforme um estudo do site Momondo.

[SAIBAMAIS]Além de apaixonados, os brasileiros são ciumentos. Quando comprometidos, a maioria (63%) prefere viajar com o par. O ciúme pode ser fator determinante. Para 47% dos viajantes brasileiros, haverá complicações se o parceiro decidir viajar sozinho. Até os mais liberais têm ressalvas ; 52% deles ficariam chateados se a pessoa amada incluísse pessoas do sexo oposto nos planos de viagem, mesmo que fossem colegas de trabalho ou amigos.

A pesquisa não diz se homens ou mulheres têm mais ciúme. A professora do departamento de sociologia da Universidade de Brasília Lourdes Maria Bandeira aponta possibilidades. Para ela, esse sentimento é parte da cultura do país. ;Está presente em uma sociedade na qual a mulher sempre foi subjugada ao homem;. Para a estudiosa, o machismo é um dos traços culturais mais marcantes dos homens latino-americanos. ;As relações têm pouco afeto e muito controle: do corpo, do movimento e das pessoas com quem a mulher se relaciona;, pontua.

Viajar sozinha, com amigos do sexo oposto, pode ser um problema para a relação. Saída é o diálogo
Cultivar a confiança
A saída para o conflito é o diálogo, defende a psicóloga Claudia Melo. Ter dificuldade em aceitar que o parceiro viaje sozinho não é sinal de que o relacionamento vai mal. ;O casal precisa estabelecer uma boa comunicação para ajustar os pontos de crise e fazer acordos;, sugere. Também é importante procurar a real necessidade de querer estar só ou distante do parceiro. ;É importante respeitar as suas vontades e a do parceiro para chegar mais próximo da vontade de ambos. Assim, a relação não se torna castradora nem manipuladora;, orienta.

Para a advogada Laís dos Santos, 23 anos, a única regra para que o namorado viaje com os amigos é que os dois se comuniquem. ;É importante dar notícias;, pontua. Juntos há sete anos, os dois tentam se manter confiantes. ;O ciúme é a maior causa das brigas. Há quem não viaje junto por isso, mas também há casos de quem não se separa porque não tem vontade;, opina. O namorado de Laís passou um fim de semana em um evento no Rio de Janeiro no início deste ano. Segundo ela, não houve atritos. ;Acho que ele teria sido tão ou mais tranquilo do que eu, se fosse comigo. Estamos juntos há muito tempo. Confio nele;.

Quero ser seu par
Os dados foram retirados da edição de 2017 da pesquisa International Travel Survey, realizada pelo site Momondo. O estudo analisa os hábitos de viagem de homens e mulheres, entre 18 e 65 anos, no Brasil e em mais 22 países, incluindo Áustria, Austrália, Bélgica, Canadá, China, Alemanha, Dinamarca, Espanha, Finlândia, França, Itália, Holanda, Noruega, Polônia, Portugal, Romênia, Suécia, Turquia, Reino Unido e Estados Unidos.

A aposentada Maria Luci não consegue imaginar uma viagem sem a companhia do marido

A melhor companhia de viagem da sua vida

A ideia de viajar sem a companhia do marido não passa pela cabeça da aposentada Maria Luci Santos Almeida, 59 anos. ;De jeito nenhum! Fazemos tudo juntos. Saímos juntos, até tomamos banho juntos. Onde a corda vai, a carroça vai atrás;, brinca. Juntos há 38 anos, o casal é inseparável porque tem muita afinidade, garante Maria. ;Não é ciúme, é compartilhamento. Gostamos um da companhia do outro e sempre fomos assim, desde que casamos;, explica.

Uma das viagens mais marcantes para o casal foi a ida a Natal, no Rio Grande do Norte. Se o marido dissesse que quer viajar sozinho, ela diz que só reagiria com tranquilidade se fosse em caso de necessidade extrema. ;Falecimento de alguém da família;, exemplifica, e assegura que as chances de isso acontecer são mínimas.

Uma das viagens marcantes para o casal foi a ida a Natal:

A história da estudante Priscilla Coletto, 18 anos, e do namorado, começou e continuou no aeroporto. Eles se conheceram graças a uma alteração em um voo que sairia de Brasília para Porto Alegre, trocaram telefones e namoraram a distância por um ano, até decidirem morar juntos em Santa Rosa (RS). Atualmente, eles viajam tanto juntos quanto separados ; o namorado viaja com frequência, a trabalho.

Viajar separados não é problema para Priscilla, que conheceu o namorado em Brasília
Sobre os hábitos de viagem a dois, ela prefere estar sempre na companhia do amado. ;Passamos as férias de janeiro no Uruguai. Fomos a Punta del Este e Colonia del Sacramento. Ele é uma ótima companhia de viagem;, conta. ;Já fiz viagens em que ele não estava, com a minha família. Senti saudades. Ele sempre viaja a trabalho e eu acho bem tranquilo, porque quando ficamos longe é por pouco tempo;, explica.


O monumento Las Manos, no Uruguai, foi destino de Priscilla e o namorado

Quando um dos dois viaja sozinho, o costume é ligar ou mandar mensagem. ;É normal sentir um pouco de ciúmes quando o outro está longe. Mas quando estamos longe, ele sabe tudo que estou fazendo e eu sei dele;, expõe. As viagens a trabalho são compreensíveis. ;Se fosse eu no lugar dele, acho que haveria apoio, como eu faço;, imagina. Caso o propósito da viagem fosse lazer, o efeito seria outro. ;Eu acho que ele não faria isso sem mim. Ficaria chateada em saber que ele quer um tempo de lazer sozinho;.

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