Turismo

Grande festa com o carnaval mais longo do mundo

Com duração de 35 dias e uma das maiores baterias de tambores do planeta, o evento vai até meados de Março

postado em 11/02/2018 10:00
São mais de 2.500 instrumentos unissonantes, arrepiando a alma dos espectadores

No Uruguai, país que tem o carnaval mais longo do mundo, a festa já começou e só termina em meados de março. Durante aproximadamente 40 dias, milhares de pessoas vão às ruas ou casas de espetáculos acompanhar as diversas atrações que se exibem em todo o país e são marcadas pela mistura das culturas africana e europeia.

Iniciado em Montevidéu, é uma das tradições mais antigas e populares da cultura uruguaia. A festa tem abertura oficial com o tradicional desfile inaugural na Avenida 18 de Julio, com carros alegóricos e cortejo de rainhas do carnaval.

Com duração de 35 dias e uma das maiores baterias de tambores do planeta, o evento vai até meados de Março

Além da apresentação na Avenida 18 de Julio, existem os famosos desfiles de ;Llamadas;. Com forte influência da cultura africana, sob o som do candombe (Leia Para saber mais), este ano eles ocorrerão amanhã (8) e sexta-feira e passarão pelos bairros Sur e Palermo, também na capital uruguaia. A tradição evoca os encontros dos escravos, que se reuniam fora da cidade durante os séculos 18 e 19.

A força e o colorido do ritmo africano fazem os visitantes vibrarem, a manifestação caracteriza-se pelo diálogo de três tipos de tambores: chico, repique e piano. O comovedor espetáculo é o maior no mundo quando se trata de tambores sendo tocados ao mesmo tempo: são mais de 2.500 instrumentos unissonantes, arrepiando a alma dos espectadores.

A murga, ritmo de origem espanhola, mistura teatro, paródia, humor e melodia

Além de curtir e dançar ao som dos tambores do candombe, o visitante poderá desfrutar da murga, ritmo de origem espanhola que mistura teatro, paródia, humor e melodia. O gênero é uma das expressões mais genuínas da cultura uruguaia, principalmente por sua participação popular. Nas noites de fevereiro, os conjuntos percorrem palcos de bairros ; tablados montados nas ruas durante o período de carnaval, onde costumam se apresentar.

Dançarinas desfilam durante as llamadas ao som de tambores

Com duração de 35 dias e uma das maiores baterias de tambores do planeta, o evento vai até meados de Março

Por 35 dias, os grupos carnavalescos de murgas, parodistas, humoristas e revistas musicais participam do Concurso Oficial do Carnaval, em que apresentam, com humor e sátira, a visão do país e do mundo, acompanhados de diversos arranjos corais, vestuários chamativos e maquiagens criativas. Além de Montevidéu, todas as cidades do interior do Uruguai têm seus desfiles inaugurais. Algumas cidades sofrem influência de outros países, como Rivera, Artígas e Melo, localidades fronteiriças ao Brasil, que adotam diversos elementos do nosso carnaval.

Com duração de 35 dias e uma das maiores baterias de tambores do planeta, o evento vai até meados de Março

Candombe é o ritmo

As sociedades de afrodescendentes e lubolos ou comparsas de candombe são herdeiras de uma tradição envolvida nas denominadas Salas de Nación da época colonial. Os africanos trazidos como escravos transmitiam os valores da sua cultura. Reconhecido como patrimônio imaterial da humanidade, o candombe seduz os visitantes com o peculiar som de seus três tambores. No Desfile de Llamadas tocam em uníssono, ao longo do percurso, 2.500 tambores, que constituem a essência da comparsa (ou marcha).

O ritmo do Candombe surge da denominada corda, grupo formado por três tipos de tambores: piano, repique e chico. É tocado batendo o couro com a mão aberta e com uma baqueta que pode bater também na madeira, sempre pendurado ao ombro por uma correia, permitindo que o instrumentista caminhe enquanto toca.

Diante da corda de tambores, que pode superar os 70 integrantes, seguem adiante com seus trajes típicos o resto da comparsa. O desfile de ;Llamadas; leva o nome de ;la llamada del tambor; (a chamada do tambor), que os afrodescendentes realizavam para se reunir longe das propriedades de seus senhores, desde fins do século 19 em alguns cortiços, em determinadas zonas de Montevidéu.

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