Jornal Correio Braziliense

Turismo

Para gastar e passear, conheça mais da península de Punta del Este

O centro da cidade vale a pena ser visitado por causa das lojinhas, das grifes e da história. E há ainda a possibilidade de conhecer os bairros chiques do balneário, com casas charmosas e mansões de tirar o fôlego

Vista de cima, a península de Punta del Este é toda quadriculada, com suas ruas perpendiculares que vão do mar ao rio e até o continente. Bater perna por ali é divertido. A começar pela praça que fica entre a igreja Nossa Senhora da Candelária e o Farol de Punta. São dois pontos históricos importantes para a história local. O farol é uma das construções mais antigas do balneário, de 1860, fundamental para direcionar os barcos que chegavam ao porto. Um dado interessante: foi usada uma mistura de terra vinda de Roma, de origem vulcânica, para construir o prédio.

Ao lado, hoje em dia toda pintada de azul, a igreja não tem a imponência de uma basílica ou a beleza gótica de templos europeus. É uma construção simples, típica de uma cidade do interior. Por isso mesmo, é muito aconchegante. A primeira versão da Candelária foi inaugurada em 1911, com dinheiro vindo de doações. A segunda etapa veio em 1922, com a construção do campanário. Por fim, em 1941, o pároco resolveu pedir 100 dólares de cada uma das famílias mais ricas da cidade para completar o templo.

A partir dali, duas ruas chamam a atenção: a Avenida Gorlero e a Calle 20. A primeira é o centro comercial da cidade; a segunda, uma via para compras de alto nível. A Gorlero é cheia de restaurantes, cafés, galerias de arte e lojas de roupas e de souvenires, além de uma feirinha de artesanato local. Ideal para comprar aquela lembrancinha e, principalmente, doce de leite e alfajores. Paralela à Gorlero, a Calle 20 recebeu o apelido de Fashion Road por ostentar diversas marcas de grife. Aí é para gastar sem dó, com lojas de Louis Vuitton, Valentino, Carolina Herrera, Reebok e Gottex, entre outros. É preciso ter na memória que, no verão ou no inverno, todo esse comércio, em geral, não abre antes das 10h. Na verdade, a maioria só funciona a partir das 11h.


Desconto nas compras
A partir de maio, haverá um benefício para os estrangeiros que comprarem em território uruguaio. O governo daquele país anunciou um desconto de 9% no Imposto de Valor Agregado (IVA) para quem gastar acima de 600 pesos uruguaios (por volta de R$ 70). O abatimento vale para cartões e dinheiro eletrônico, em gastronomia, festas, eventos, aluguel de carros e imóveis. Nos hotéis, o IVA é zerado para os visitantes.

Bairros chiques



Existe um motivo para uma rua tão chique assim em um balneário uruguaio: as belezas naturais atraíram os ricos. E continuam chamando a atenção. Não à toa, o braço imobiliário do presidente norte-americano, Donald Trump, está construindo um prédio de 26 andares, à beira do Atlântico, com preço médio do metro quadrado de 5 mil dólares ; o apartamento mais barato sai por 600 mil dólares e uma cobertura chega a 10 milhões de dólares. O Trump Tower Punta del Este deve ficar pronto até maio do ano que vem. Mas a obra é apenas mais uma entre tantas destinadas a famosos e milionários do mundo inteiro.

Se o turista tiver a curiosidade de conhecer esses bairros, muitos tours percorrem e mostram as casas mais famosas e bonitas. As residências e mansões não têm cercas, muros ou números ; recebem nomes para serem encontradas. Um bom exemplo é o bairro São Rafael. Lá, um dos condomínios mais exclusivos é o Acqua, com somente 28 apartamentos. Se não quiser comprar nenhuma propriedade, basta ficar no hotel 5 estrelas L;Auberge, no local onde antes ficava uma caixa- d;água e agora tem 36 quartos e um salão de chá famoso, principalmente pelos waffles ; este, mesmo quem não está hospedado pode aproveitar.

Ali pertinho, dá para visitar outro balneário também frequentado pela elite, o La Barra. Para chegar lá, é preciso atravessar outro ícone de Punta del Este, a ponte ondulada. Em La Barra ; onde fica o resort Fasano ;, a juventude rica aproveita para curtir a noite, com baladas concorridíssimas. Antes de continuar pelos bairros ricos, voltando para Punta, o Parque Nacional Indígena, perto da área de campings, vale uma visita se a viagem for mais longa. Muitos uruguaios aproveitam o local para fazer piqueniques, por exemplo, à beira do Rio Maldonado.

De volta ao assunto alta classe, o bairro Parque Golf é muito procurado por quem quer praticar a modalidade e também possui casas enormes. Uma curiosidade é que o conjunto residencial faz fronteira com a comunidade mais pobre da cidade, o bairro Kennedy, com mais de 2,5 mil pessoas. Logo ao lado, outra preciosidade: o bairro Beverly Hills, onde fica o já citado Museo Ralli. Quem quiser construir ali terá que comprar todo um quarteirão, segundo as regras locais. Por isso, somente 10 mansões foram erguidas até hoje ; duas delas pertencem aos irmãos Grendene, gaúchos donos de uma das maiores empresas de calçados do mundo. (LM)

Museus



Seja no verão, seja no inverno, uma unanimidade dos visitantes de Punta del Este é o museu Casapueblo. O prédio é uma obra de arte construída pelo artista plástico uruguaio Carlos Páes Villaró para ser o ateliê dele. Localizado em Punta Balleña, fica na encosta de um morro, de frente para o Rio da Prata. Inspirado pela arquitetura da costa mediterrânea, com paredes e telhados brancos, ele começou a erguê-lo em 1958 e só parou ao morrer, em 2014. Parte do museu se tornou um hotel.

A visita vale a pena por dois motivos principais: as obras e o pôr do sol. O difícil é chegar lá, já que não existe transporte público para o local. Geralmente, as pessoas vão de táxi (o que pode sair bem salgado) ou aproveitam a parada dos vários tours vendidos em Punta ; a partir de 25 dólares. A entrada é paga (em torno de 240 pesos uruguaios) e há um pequeno restaurante, além da exposição, na qual se descobre que diversos artistas passaram por lá. Como o brasileiro Vinicius de Moraes, que se inspirou com a habitação. Dá para adquirir as obras e as réplicas delas. Porém, é a Cerimônia do Sol que encanta. Enquanto o sol se põe, um poema em espanhol é declamado pelos alto-falantes.

Outro centro cultural impressionante em Punta del Este é o Museo Ralli. A construção fica em um dos bairros mais chiques da cidade, Beverly Hills. Em estilo espanhol, com dois belos pátios internos, o museu abriga, em exposição permanente, obras do espanhol Salvador Dalí, do inglês John Robinson e do colombiano Fernando Botero, entre outros. A má notícia passa pelos horários de visita: em janeiro e fevereiro, funciona de quarta a domingo, entre as 17h e as 21h (em dezembro e março, a abertura é das 14h às18h); em abril, maio, outubro e novembro, somente aos sábados e domingos, entre as 14h e as 18h. A boa notícia: é de graça. (LM)


Casa engraçada
Vinicius de Moraes serviu o Itamaray no Uruguai entre 1957 e 1960, período em que se tornou amigo de Villaró e frequentou diversas vezes a Casapueblo. O Poetinha se inspirou nas formas malucas da residência para criar a música A casa (;Era uma casa muito engraçada / Não tinha teto, não tinha nada...). O nome do brasileiro aparece em uma das paredes da construção, além de uma foto e um texto escrito por ele sobre o tempo em que passou por lá.

* O jornalista viajou a convite do resort Enjoy Punta del Este