Turismo

Para gastar e passear, conheça mais da península de Punta del Este

O centro da cidade vale a pena ser visitado por causa das lojinhas, das grifes e da história. E há ainda a possibilidade de conhecer os bairros chiques do balneário, com casas charmosas e mansões de tirar o fôlego

Leonardo Meireles
postado em 20/04/2018 10:00

Farol é atração turística e histórica no local: construção feita com terra vulcânica vinda de Roma

Vista de cima, a península de Punta del Este é toda quadriculada, com suas ruas perpendiculares que vão do mar ao rio e até o continente. Bater perna por ali é divertido. A começar pela praça que fica entre a igreja Nossa Senhora da Candelária e o Farol de Punta. São dois pontos históricos importantes para a história local. O farol é uma das construções mais antigas do balneário, de 1860, fundamental para direcionar os barcos que chegavam ao porto. Um dado interessante: foi usada uma mistura de terra vinda de Roma, de origem vulcânica, para construir o prédio.

Ao lado, hoje em dia toda pintada de azul, a igreja não tem a imponência de uma basílica ou a beleza gótica de templos europeus. É uma construção simples, típica de uma cidade do interior. Por isso mesmo, é muito aconchegante. A primeira versão da Candelária foi inaugurada em 1911, com dinheiro vindo de doações. A segunda etapa veio em 1922, com a construção do campanário. Por fim, em 1941, o pároco resolveu pedir 100 dólares de cada uma das famílias mais ricas da cidade para completar o templo.

A partir dali, duas ruas chamam a atenção: a Avenida Gorlero e a Calle 20. A primeira é o centro comercial da cidade; a segunda, uma via para compras de alto nível. A Gorlero é cheia de restaurantes, cafés, galerias de arte e lojas de roupas e de souvenires, além de uma feirinha de artesanato local. Ideal para comprar aquela lembrancinha e, principalmente, doce de leite e alfajores. Paralela à Gorlero, a Calle 20 recebeu o apelido de Fashion Road por ostentar diversas marcas de grife. Aí é para gastar sem dó, com lojas de Louis Vuitton, Valentino, Carolina Herrera, Reebok e Gottex, entre outros. É preciso ter na memória que, no verão ou no inverno, todo esse comércio, em geral, não abre antes das 10h. Na verdade, a maioria só funciona a partir das 11h.


Desconto nas compras
A partir de maio, haverá um benefício para os estrangeiros que comprarem em território uruguaio. O governo daquele país anunciou um desconto de 9% no Imposto de Valor Agregado (IVA) para quem gastar acima de 600 pesos uruguaios (por volta de R$ 70). O abatimento vale para cartões e dinheiro eletrônico, em gastronomia, festas, eventos, aluguel de carros e imóveis. Nos hotéis, o IVA é zerado para os visitantes.

Bairros chiques

A Fashion Road, no centro da península, é a perdição para quem gosta de grifes

Existe um motivo para uma rua tão chique assim em um balneário uruguaio: as belezas naturais atraíram os ricos. E continuam chamando a atenção. Não à toa, o braço imobiliário do presidente norte-americano, Donald Trump, está construindo um prédio de 26 andares, à beira do Atlântico, com preço médio do metro quadrado de 5 mil dólares ; o apartamento mais barato sai por 600 mil dólares e uma cobertura chega a 10 milhões de dólares. O Trump Tower Punta del Este deve ficar pronto até maio do ano que vem. Mas a obra é apenas mais uma entre tantas destinadas a famosos e milionários do mundo inteiro.

Se o turista tiver a curiosidade de conhecer esses bairros, muitos tours percorrem e mostram as casas mais famosas e bonitas. As residências e mansões não têm cercas, muros ou números ; recebem nomes para serem encontradas. Um bom exemplo é o bairro São Rafael. Lá, um dos condomínios mais exclusivos é o Acqua, com somente 28 apartamentos. Se não quiser comprar nenhuma propriedade, basta ficar no hotel 5 estrelas L;Auberge, no local onde antes ficava uma caixa- d;água e agora tem 36 quartos e um salão de chá famoso, principalmente pelos waffles ; este, mesmo quem não está hospedado pode aproveitar.

Ali pertinho, dá para visitar outro balneário também frequentado pela elite, o La Barra. Para chegar lá, é preciso atravessar outro ícone de Punta del Este, a ponte ondulada. Em La Barra ; onde fica o resort Fasano ;, a juventude rica aproveita para curtir a noite, com baladas concorridíssimas. Antes de continuar pelos bairros ricos, voltando para Punta, o Parque Nacional Indígena, perto da área de campings, vale uma visita se a viagem for mais longa. Muitos uruguaios aproveitam o local para fazer piqueniques, por exemplo, à beira do Rio Maldonado.

De volta ao assunto alta classe, o bairro Parque Golf é muito procurado por quem quer praticar a modalidade e também possui casas enormes. Uma curiosidade é que o conjunto residencial faz fronteira com a comunidade mais pobre da cidade, o bairro Kennedy, com mais de 2,5 mil pessoas. Logo ao lado, outra preciosidade: o bairro Beverly Hills, onde fica o já citado Museo Ralli. Quem quiser construir ali terá que comprar todo um quarteirão, segundo as regras locais. Por isso, somente 10 mansões foram erguidas até hoje ; duas delas pertencem aos irmãos Grendene, gaúchos donos de uma das maiores empresas de calçados do mundo. (LM)

Museus

Casapueblo convida para assistir ao sol se pondo, com direito à declamação de poema sobre o evento

Seja no verão, seja no inverno, uma unanimidade dos visitantes de Punta del Este é o museu Casapueblo. O prédio é uma obra de arte construída pelo artista plástico uruguaio Carlos Páes Villaró para ser o ateliê dele. Localizado em Punta Balleña, fica na encosta de um morro, de frente para o Rio da Prata. Inspirado pela arquitetura da costa mediterrânea, com paredes e telhados brancos, ele começou a erguê-lo em 1958 e só parou ao morrer, em 2014. Parte do museu se tornou um hotel.

A visita vale a pena por dois motivos principais: as obras e o pôr do sol. O difícil é chegar lá, já que não existe transporte público para o local. Geralmente, as pessoas vão de táxi (o que pode sair bem salgado) ou aproveitam a parada dos vários tours vendidos em Punta ; a partir de 25 dólares. A entrada é paga (em torno de 240 pesos uruguaios) e há um pequeno restaurante, além da exposição, na qual se descobre que diversos artistas passaram por lá. Como o brasileiro Vinicius de Moraes, que se inspirou com a habitação. Dá para adquirir as obras e as réplicas delas. Porém, é a Cerimônia do Sol que encanta. Enquanto o sol se põe, um poema em espanhol é declamado pelos alto-falantes.

Outro centro cultural impressionante em Punta del Este é o Museo Ralli. A construção fica em um dos bairros mais chiques da cidade, Beverly Hills. Em estilo espanhol, com dois belos pátios internos, o museu abriga, em exposição permanente, obras do espanhol Salvador Dalí, do inglês John Robinson e do colombiano Fernando Botero, entre outros. A má notícia passa pelos horários de visita: em janeiro e fevereiro, funciona de quarta a domingo, entre as 17h e as 21h (em dezembro e março, a abertura é das 14h às18h); em abril, maio, outubro e novembro, somente aos sábados e domingos, entre as 14h e as 18h. A boa notícia: é de graça. (LM)


Casa engraçada
Vinicius de Moraes serviu o Itamaray no Uruguai entre 1957 e 1960, período em que se tornou amigo de Villaró e frequentou diversas vezes a Casapueblo. O Poetinha se inspirou nas formas malucas da residência para criar a música A casa (;Era uma casa muito engraçada / Não tinha teto, não tinha nada...). O nome do brasileiro aparece em uma das paredes da construção, além de uma foto e um texto escrito por ele sobre o tempo em que passou por lá.

* O jornalista viajou a convite do resort Enjoy Punta del Este

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