Fazer um projeto educacional com crianças e adolescentes, desenvolver ações humanitárias ou ajudar na conservação do meio ambiente: tudo isso enquanto adquire fluência em outra língua e preenche o currículo profissional de experiências raras. Esse é um novo modelo de intercâmbio internacional que tem chamado a atenção de diversos estudantes. Além de um intercâmbio, toda a viagem tem propósitos sociais.
De acordo com pesquisa realizada pelo Datafolha, 62% das pessoas de 16 a 24 anos deixariam de viver no Brasil se pudessem. O sonho de muitos jovens brasileiros é sair do país para expandir o conhecimento profissional ou até mesmo pessoal, porém, os altos custos de viajar para fazer algo que vá além do turismo acabam impedindo muitos de concretizar esses planos.
A ONG Aiesec é uma saída para quem deseja conhecer outros locais do mundo com preços reduzidos. As experiências de intercâmbio, porém, não são apenas de um curso ou emprego comuns. A ideia é que os intercambistas se tornem ;voluntários globais;. O propósito social reduz as despesas em até 63% em comparação com um intercâmbio comum. Ao chegarem ao destino, os participantes trabalham em ONGs instaladas nos países visitados. O programa pode ser realizado em diversos países, como Colômbia, Peru, África, Egito, Argentina, México e Romênia. A ONG é reconhecida pela Organização das Nações Unidas (ONU).
O intercâmbio social, de acordo com a diretora de Relações Públicas da Aiesec, Gabriela Toso, possui projetos de trabalho voluntário nos quais o jovem pode auxiliar e se ocupar com a causa que escolheu: ecologia, educação, redução das desigualdades e saúde. ;Imagina que bacana poder, por exemplo, ajudar um orfanato, oferecendo solidariedade, ensinamentos e brincadeiras. Com certeza, quem aprende é o intercambista;, afirma a diretora.
;É preciso sair da sua zona de conforto para se conhecer e descobrir sua capacidade de conduzir situações inesperadas ou importantes;, destaca a diretora. Para ela, o intercâmbio voluntário pode proporcionar esses dois pontos. Segundo ela, isso acontece porque, ao viajar para outro país, estará em um local em que nunca foi antes, sem pessoas conhecidas, num país com cultura diferente, o que causa um choque cultural. ;Começando, isso te fará saber das suas limitações, forças e fraquezas;, diz Gabriela.
Um lugar para cada objetivo
Cada local possui uma ONG que prepara as atividades relacionadas à escolha do jovem no início do intercâmbio. Em um projeto educacional, pode-se dar aulas de inglês, espanhol e português, ou facilitar palestras e brincadeiras que estimulem o aprendizado. Em projetos sobre empoderamento feminino, por exemplo, o jovem poderá contribuir com a superação de violências de gênero e promover espaços de discussão sobre o tema.
Gabriela Beltrão tem 18 anos e auxilia os intercambistas na comunicação com as crianças da ONG e com a direção em Brasília. O trabalho envolve ajudar os intercambistas na comunicação geral, porém, ela acaba se envolvendo com as crianças do projeto. ;Eu decidi me voluntariar porque gosto de ajudar ao próximo, gosto de trabalhar com crianças e também queria uma oportunidade de melhorar o Inglês, com a Aiesec, consegui unir os três, além de que eu posso fazer algo bom para os outros;, diz a jovem. Ela indica o voluntariado global por ser uma oportunidade de sair do país não apenas para ver as coisas boas e turísticas, vê também a dificuldade dos locais, as situações reais e não ;maquiadas;.
Diferente de um intercâmbio convencional, o voluntário vai além da experiência de visitar locais ou estudar o idioma. Ele pode trazer experiências solidárias para a vida. ;O jovem convive com uma realidade diferente da que está acostumado, contribui e se desenvolve como ser humano e transforma sua cabeça para causas especiais que podem ser continuadas no seu próprio país;, diz a diretora.
Camila Alves tem 23 anos e se voluntariou por um mês e 15 dias em Buenos Aires no ;Liderança sem fronteiras;, programa para pessoas com a renda mais baixa: as passagens, hospedagem e seguro-saúde foram garantidos pela ONG. Ela trabalhou em uma ONG que funcionava basicamente como um restaurante comunitário para crianças carentes, conhecido como ;comedouro;.Entre os aprendizados que Camila teve, ela lista como os mais importantes: o controle do desespero perante as pequenas dificuldades, lidar melhor com pessoas desconhecidas e se virar sozinha em diversas situações.
Ajuda aos vizinhos
Gabriela destaca o trabalho voluntário em países vizinhos como uma boa opção para sair da zona de conforto. O custo-benefício de trabalhar voluntariamente em um país próximo é uma das razões mais claras: passagens podem ser encontradas a partir de R$ 800. Além disso, a moeda brasileira vale mais que outras moedas latino-americanas. O idioma espanhol também pode ser mais fácil para aprender e compreender. A adaptação também é facilitada já que a cultura dos nossos vizinhos é aberta e acolhedora com estrangeiros.
A América do Sul agrega as Sete Maravilhas Naturais, que estão na Bolívia, Equador, Colômbia, Venezuela, Suriname, Guiana e Guiana Francesa. Entre elas, podem ser visitadas a Reserva Natural do Amanhã, na Guiana; o Caminito, na Argentina; Machu Picchu, no Peru; a cidade de Cartagena das Índias, na Colômbia, e as pirâmides de Teotihuacan, no México. O clima sul-americano é um dos pontos positivos para o intercambista: Diferentes de países americanos e europeus, a América do Sul não tem clima ruim para viajar. As variações climáticas não são tão extremas no hemisfério sul, sendo assim, qualquer época do ano é uma boa opção.
Aproveite!
Voluntários
Em Brasília
- Setor Comercial Residencial Norte (SCRN) 716, Bloco B, Entrada 34, Sala 105/107
- E-mail: brasilia@aiesec.org.br
- Telefone: (61) 3344-3700
* Estagiária sob a supervisão de Leonardo Meireles