Turismo

Monastérios ganham atenção de turistas e religiosos pelo mundo

O ambiente é um convite ao a autoconhecimento. Independente do período de visita, os monastérios oferecem oportunidade de repensar a vida cotidiana

Adriana Botelho*
postado em 27/08/2018 11:00

Imagine um lugar tranquilo, distante do burburinho das cidades, em meio à natureza e, de quebra, bem pertinho do céu, com a energia abençoada dos que se dedicam a buscar a paz espiritual. Ele existe, e para a felicidade dos viajantes que buscam experiências e conhecimentos para a alma, são vários espalhados pelo planeta.

Provavelmente, você deve ter ouvido falar dos monastérios, incrustados em paisagens belíssimas e isolados, onde o silêncio dá o ritmo de vida dos religiosos que habitam essas construções, geralmente centenárias, e que aos poucos abrem as suas portas para visitantes em busca de conhecimento, reflexão, novas perspectivas de vida e tempo para o autoconhecimento. São verdadeiros redutos de cultura e fé.

O fato de serem construídos em regiões inóspitas, remotas e muito altas revelam o desejo dos monges ficarem mais perto de Deus. As construções são erguidas em montanhas, penhascos e possuem estrutura que permite a sobrevivência dos ocupantes. A forma como nasceram passa por formações rochosas até mitos e lendas. O conceito de mosteiro envolve a dedicação religiosa de pessoas que abriram mão de confortos encontrados em cidades e optaram pela vida em comunidade com foco na religião.

Nos mosteiros, os integrantes seguem uma rotina que começa nas primeiras horas do dia. São tarefas que vão desde o preparo de refeições aos cuidados com animais, passando por horário de leitura e estudo e produção de manuscritos. Aliás, o material, ao longo dos anos, se tornou um importante instrumento de educação e informação dos povos.

A oportunidade de chegar tão alto, tão próximo do céu, rende histórias incríveis e ensinamentos até então desconhecidos. Descubra qual desses lugares desperta esse sentimento.

Meteora, Grécia

Falar de beleza e não falar da Grécia pode ser um pecado. Esse país está repleto de monastérios. Tudo começou há seiscentos anos, quando um monge da península do Monte Athos, norte do país, fundou, em uma das montanhas da região de Tessália, um mosteiro para retiro ortodoxo, que, com o passar do tempo, ficou conhecido como ;Meteoros;, que significa suspenso no ar ou colunas do céu.

Esse conjunto foi definido pela Unesco como patrimônio da humanidade, pois apresenta não só beleza, mas uma arquitetura considerada uma obra-prima. O que torna uma decisão difícil na hora de ver qual templo visitar, pois são eles: Varlaam, Ágios Stefanos, São Nicolau Anapausas, Megalon Meteoron, Ágia Tríade e Roussanou, todos pertencentes à Igreja Ortodoxa Grega.

A hospedagem é oferecida por 30 hotéis da região. A entrada para visita aos templos é franca. Os turistas devem ficar atentos às roupas, que devem ser confortáveis, pois o acesso se dá, na maioria das vezes, por escadas longas e sinuosas, ao chegar o turista pode encontrar algumas antiguidades que os mosteiros guardam.
  • Ícones e pinturas muito antigos que agora estão guardados nas sacristias das igrejas
  • Cruzes com madeira sagrada
  • Mais de mil manuscritos e valiosas séries de valores de documentos bizantinos e pós-bizantinos
  • Hastes pontificiais
  • Vestes sacerdotais brocados
  • Evangelhos
  • Selos de chumbo,
  • Relicários de prata
  • Utensílios para fins operacionais
  • O crânio milagroso de São Charalambos

Monastério de Tatev, Armênia
Turistas aproveitam Monastério de Tatev

Dono de uma visão exuberante, como todos os outros desta seleção, o monastério de Tatev destaca-se por possuir um dos maiores teleféricos do mundo, o Wings Of Tatev. A atração só não é mais surpreendente do que o fato de o país ser o primeiro a adotar o cristianismo como religião, tornando o Mosteiro de Tatev um dos principais na lista dos turistas católicos pelo planeta.

Para chegar até o topo, as pessoas encontram o Wings Of Tatev à disposição, o percurso para chegar ao monastério utilizando esse transporte é de no mínimo 12 minutos, tempo que pode ser facilmente esquecido no momento do embarque devido à belíssima paisagem de pinheiros que cercam o trajeto. Ao se aproximar da montanha que sustenta o monastério, a visão é de inúmeras rochas, pedras enfileiradas, cachoeiras e despenhadeiros, deixando-o quase invisível. Uma dica: vale visitar no inverno, pois a neve deixa a paisagem ainda mais exuberante. Lugares para visitar é o que não faltam, o centro do monastério abriga três igrejas, bibliotecas, torres, dormitórios dos monges e um mausoléu de São Gregório de Tatev, todos abertos à visitação gratuita.

Mosteiro Taung Kalat, Myanmar
Monge passeia em frente paisagem do monastério

O mosteiro de Taung Kalat é localizado no alto de um vulcão desativado, no Monte Popa em Myanmar, país que fica entre a Índia, a China e a Tailândia, o que pode render uma viagem repleta de descobertas para os turistas que buscam aventuras e ensinamentos. Para chegar ao templo, os visitantes devem estar dispostos a subir os 777 degraus de escada, com a ressalva de que depois dos 100 primeiros passos é preciso seguir descalço, de acordo com o aviso em uma pequena placa.

Uma das surpresas que aparecem pelo caminho é a quantidade de macaquinhos prontos para pegar a comida deixada para trás e pertences como câmera, celular e dinheiro. A entrada é livre tanto para os habitantes quanto para os turistas, que pagam apenas o transporte, cujo valor depende do local de onde começa o trajeto. A beleza lá de cima é somada aos 1.518 metros que separam o monastério do nível do mar. O resultado é uma visão estonteante e de pura reflexão.

Mosteiro Lama Tsong Khapa, Itália

Vista do monastério de Jvari

O ambiente de paz e o total desligamento do mundo urbano são propícios para a meditação. Além de visitas, alguns monastérios oferecem cursos e possuem acomodações aos participantes. O servidor público Frederick Leslie de Araújo, 39 anos, participou de um curso de meditação no Instituto Budista Lama Tsong Khapa (ILTK), em Pomaia, 40km ao sul de Pisa, na Itália. Foram cinco semanas em que o brasileiro participou de atividades e aprendizados durante o dia, e, à noite, repousava em um chalé, dividido com outro aluno do curso.

O servidor público diz que foi uma experiência que vale a pena ser vivida ao menos uma vez na vida e que o ambiente proporcionou uma estadia calma, ajudando na sua formação. ;Foi uma viagem muito intensa e que pretendo fazer novamente em breve;, lembra o viajante. Ele garantiu que não há dificuldade no trajeto até o destino. ;Eu cheguei ao aeroporto de Pisa, vindo de Paris. O mosteiro oferece serviço de transporte para aqueles que se hospedam no local, isso facilita muito, e o monastério é bem localizado.;

Mosteiro de Sumela encanta pela localização

O tempo gasto do aeroporto até o monastério é de uma hora. Na chegada, os participantes dos cursos são orientados quanto ao modo de se vestir. ;Existem alguns cuidados que recebemos ao chegar, incluído roupas para ficarmos durante a estadia;, ressalta Araújo. Para aqueles que não vão realizar cursos, além de visitar de forma gratuita o mosteiro, há opção de alugar um carro em Pomaia e conhecer a região.


Desde a sua criação, o Lama Tsong Khapa abrange uma comunidade de profissionais chamados de sangha, que compõem estudantes, estagiários, moradores da cidade e visitantes de todo o mundo. ;Pomaia é um vilarejo bem pequeno. No monastério tem voluntários de diversas partes do mundo, a maioria da Europa, que aproveitam para aprender e meditar ao mesmo tempo;, complementa Frederick.

Monastério de Jvari, Geórgia

Mosteiro de Taktsang no alto da montanha

Posicionado entre a Europa e a Ásia, Geórgia possui uma beleza antiga e preservada pelo tempo, como testemunho do seu passado glorioso. Os edifícios religiosos atraem por possuir uma arte mais elevada e melancólica. O mosteiro ortodoxo de Jvari está dentro desse complexo exibindo arquitetura do século VI, que se eleva acima da cidade de Mtskheta e do outro lado do rio Kurá. O mosteiro é visto de longe pelos visitantes, no topo do morro. O lugar é considerado sagrado e pertencente ao cristianismo já que, segundo a lenda, a Santa Nina fincou sua cruz e decidiu que Jvari seria um bom lugar para rezar e agradecer a Deus.

Os visitantes devem ficar atentos ao clima, o calor é predominante e a temperatura pode chegar aos 40 graus facilmente.O meio de transporte mais utilizado pelos turistas para chegar ao local são os táxis da região. Para chegar ao topo da montanha, as escadas são o caminho, nunca um desafio. A entrada é gratuita e não há restrição quanto ao tipo de roupa. É importante que sejam confortáveis para encarar o trajeto.

Mosteiro de Sumela, Trabzon, Turquia
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Construído no alto de um penhasco de Trabzon, (região do Mar Negro) Turquia, a 1200 metros de altitude, o monastério de Sumela é uma das grandes atrações turísticas do país. Foi fundado no ano de 386 d.C. por dois padres que encontraram uma imagem da Virgem Maria em uma caverna da montanha. Depois de um tempo, o lugar caiu nas mãos do império bizantino, passando por diferentes reformas na construção no decorrer dos anos. No século XIII, atingiu o estado atual. Sua arquitetura compõe igrejas, capelas, cozinhas, salas de estudo, uma pousada, uma biblioteca e uma fonte sagrada admirada pelos gregos ortodoxos e muçulmanos e, claro, pelos viajantes.

O acesso até o topo é feito através de uma longa e íngreme escada que leva, primeiramente, a uma caverna onde se encontra a igreja principal. Nessa parte predomina a arquitetura otomana, já no teto são encontrados trechos da Bíblia que salientam a importância de Cristo e da Virgem Maria. A localização, em um dos pontos mais altos da montanha, dá ao visitante uma vista para florestas e riachos. A visita é gratuita.

Mosteiro de Taktsang, Ásia
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Nas terras do Butão, Ásia, o monastério de Taktshang é encontrado no topo da montanha que fica a 3.120 metros de altura e 700 metros acima de um vale a 10 km da cidade de Paro. O país leva fama de possuir paisagens encantadoras e impressionantes nos altos dos seus penhascos, o local sagrado denominado de ;Ninho de Tigre; é um dos mais visitados pelos turistas, mesmo sendo a pé ou montando mulas ; únicas formas de chegaram ao pico ; o caminho de estrada de chão e pinheiros é enfeitado por bandeiras coloridas com orações e preces escritas e deixadas pelos visitantes.

O tempo gasto até chegar ao fim do topo é de duas horas, quase ao fim, uma lanchonete que serve café, bolacha e chá aparece para dar alívio e descanso aos aventureiros. A entrada é livre, porém é proibido tirar fotos e fazer filmagens, sendo permitido apenas do lado de fora. Na primavera, verão e outono, a atmosfera transborda uma paleta de cores característica de cada estação, no inverno a neve sobrepõe as montanhas e os penhascos da região, deixando uma imagem única das demais.

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