Turismo

Florestas dão cor ao branco da neve, conheça reservas nacionais no Chile

Turistas aventureiros podem escalar montanhas próximas à estação de esqui em Corralco, numa reserva natural

Fernando Jordão
postado em 19/10/2018 10:00

Vista de ambiente com gelo e árvores



Encontrar um lugar para se hospedar em Malalcahuello é tarefa fácil. Existem dezenas ; quiçá centenas ; de cabanas espalhadas pela paisagem paradisíaca, com preços a partir de R$ 200. Só vale ficar atento à eficiência do sistema de aquecimento do lugar escolhido, já que a temperatura chega a números negativos com facilidade.

O principal hotel da área da reserva é o Corralco Resort de Montaña. Não estranhe o fato de o nome ser o mesmo da estação de esqui. É que ela fica dentro do complexo (mas é possível esquiar sem estar hospedado no local). Com isso, já dá para ter uma dimensão do tamanho do resort. A estação é apenas um dos atrativos do resort, queconta com spa, restaurante e uma piscina aquecida instalada numa sala de vidro, com vista para o exterior coberto de neve. Tudo isso, obviamente, tem um preço. Alto. A diária para casal em um dos quartos do Corralco não sai por menos de R$ 2,5 mil.

Hospedando-se ou não no resort, a estação de esqui de Corralco é quase uma parada obrigatória para quem visita a região. E não só pelo fato de o esqui ser uma atividade bastante divertida. Instalado na base do vulcão Lonquimay ; que tem 2.865 metros de altura e registrou sua última erupção em 1990 ;, o local tem uma vista que parece de outro planeta: o céu sem nuvens ganha um tom azulado forte que contrasta com o branco da neve. Tudo isso, iluminado por um sol que, de tão brilhante, chega a causar incômodo nos olhos (é sério, não deixe de usar óculos escuros).

Na Reserva Nacional de Malalcahuello, um exemplar de uma araucária milenar

A entrada para um dia de uso da estação custa o equivalente a R$ 240. É possível pagar por apenas meio dia, mas o desconto de R$ 40 não vale a pena. Some ainda os custos do aluguel de roupas e equipamentos e das aulas e você gastará, facilmente, R$ 400 dia/pessoa. Economizar nas aulas não é uma boa ideia. Se nunca tiver esquiado na vida, dificilmente você conseguirá se manter de pé sobre as pás. Assim, sem as aulas ou sem a prática anterior, seu passe para esquiar será usado apenas para rolar na neve. Em relação às roupas, se decidir ir com as suas, certifique-se de que elas são impermeáveis. Caso contrário, na primeira queda, você ficará todo molhado (o que, na neve, pode ser uma experiência pouco agradável).

Além do esqui, a estação de Corralco oferece aulas e equipamentos para a prática de snowboard, uma enorme lanchonete com boas opções para repor as energias, e uma apresentação promovida no fim do dia pelos instrutores do local: todos descem a comprida pista de gelo segurando tochas, o que, à noite e a depender do frio, é um bonito espetáculo.

La Sebastiana, a casa de Pablo Neruda, é um museu com linda vista


As opções de entretenimento na reserva não estão restritas ao complexo de Corralco. É possível visitar algumas das termas da região. A proposta é parecida com a da piscina aquecida do resort: estar na água quente enquanto observa a neve pelo vidro. Os preços, porém, são inferiores (assim como a conservação das instalações). Outra excelente alternativa é fazer uma caminhada na neve. Devidamente agasalhado e com raquetes no pé para facilitar o deslocamento, é possível passear pela área de floresta repleta de araucárias. Perto do resort, inclusive, há uma dessas árvores que têm mais de mil anos de idade.

Os mais aventureiros podem se arriscar a escalar uma das montanhas próximas à estação de esqui. Nesse caso, é recomendável a companhia de guia que conheça a região. O esforço é compensado pela beleza estonteante da paisagem. A propósito, mesmo que não queira desfrutar de nenhuma das opções de entretenimento, só observar as paisagens e apreciar espetáculos naturais ; com especial atenção ao nascer e ao pôr do sol ; já fará a viagem à Araucanía ter valido a pena.

Valparaíso, a inesquecível

Casas coloridas em uma rua

A 120 quilômetros de Santiago está um Patrimônio Cultural da Humanidade. Tombada pela Unesco em 2003, a cidade portuária de Valparaíso vale a visita de quem estiver na capital chilena. A distância entre os dois locais pode ser vencida em carros alugados, em excursões de turismo ou ; a opção mais barata ; de transporte público. Neste caso, cada trecho sai por menos de R$ 20.

Visitar Valparaíso é perder-se pelas ruas da cidade, sempre atento às casas coloridas que conquistaram a Unesco, e às manifestações de arte urbana expressas em várias paredes e muros. Também é curioso observar a geografia ímpar da cidade. O centro plano da cidade, onde está o comércio, é cercado por dezenas de morros, onde mora quase a totalidade da população, independentemente de classe social. Outra curiosidade é que, apesar de Santiago ser a capital do país, o Congresso Nacional do Chile fica em Valparaíso. Ir da sede do Executivo à sede do Legislativo não é tão fácil quanto cruzar a Praça dos Três Poderes, em Brasília.


Toldos azuis


Num desses passeios sem rumo, aproveite para conhecer La Sebastiana, uma das três casas do poeta chileno Pablo Neruda (as outras duas estão em Santiago e El Quisco), cuja entrada custa menos que R$ 40. Exótica e surpreendente como o escritor, a casa tem cinco andares, todos eles extremamente estreitos. As portas também são baixas, dando a impressão de que foram feitas sob medida para uma pessoa e deixando ao visitante a curiosa impressão de entrar em um lugar que não lhe pertence ou não lhe cabe.

Nessa casa estreita, também é curiosa a grande quantidade de itens de decoração. Eles estão por todos os lugares, do chão ao teto, passando pelas paredes. Mas nada rouba mais as atenções que as enormes janelas com vista para o Oceano Pacífico, principalmente nos dois últimos andares, onde ficavam o quarto e o escritório do poeta. Diante dessa exuberante vista, dá até para imaginar onde ele buscava inspiração.

* Cotação: R$ 1 = 165,59 pesos chilenos

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