Marta Vieira - Especial para o Correio
postado em 16/11/2018 10:00
Quem quer saber de mar, quando pode experimentar os prazeres das montanhas preservadas, da produção artesanal de antigas fazendas e da gastronomia típica da ;Doce terra dos colibris;? Não é por acaso que a cidade histórica de Santa Teresa, na região serrana capixaba, ganhou o apelido e faz dele um símbolo de atrações em nada menores do que as belezas do litoral brasileiro
Mata atlântica preservada cobre aproximadamente 40% do território da cidade, condição que preenche o requisito para outro circuito turístico: o Colibris. A programação de passeios compreende pousadas, restaurantes e a Reserva Biológica Augusto Ruschi. Aberto em 1949, pelo cientista, o Museu de Biologia Professor Mello Leitão/Instituto Nacional de Mata Atlântica mantém parque arborizado de 30 mil metros quadrados, jardim rupestre, viveiro de animais, serpentário e pavilhões de botânica e zoologia.
Visite a coleção de beija-flores do museu e sinta a emoção de ver esses vivazes animais ; único pássaro que paira no ar ; se alimentando avidamente nos garrafões pendurados no teto da casa em que viveu Augusto Rischi. Mais importante autor de publicações científicas sobre os colibris, Ruschi classificou 80% das espécies brasileiras, catalogou pelo menos 600 espécies de orquídeas e identificou 50 novas espécies.
O biólogo nasceu em Santa Teresa em 12 de dezembro de 1915 e iniciou seus estudos sobre a natureza aos 14 anos. Formou-se em agronomia em 1940 e aos 22 foi professor na Universidade Federal do Rio de Janeiro. Publicou mais de 500 trabalhos científicos e escreveu 22 livros. A notoriedade veio em 1951, ao participar de um congresso florestal na Organização das Nações Unidas (ONU). Morto em 1986, Ruschi foi homenageado numa praça central da cidade natal, no aniversário de 100 anos do nascimento dele (em 2015).
Vida nova no campo
O primeiro grupo de imigrantes italianos desembarcou no Brasil em fevereiro de 1874. Eram 386 famílias transportadas no navio de origem francesa ;La Sofia;, que seguiram para o município capixaba de Aracruz. Eles haviam deixado o Norte da Itália em busca de vida melhor, mas não seria naquela paragem. O destino seguinte, por meio de trilhas abertas na floresta, a pé ou no lombo de animais, era a nova terra que ocupariam no Núcleo Timbuy, área pertencente ao município de Santa Teresa.
Os colonos passaram a se dedicar às culturas do café e de grãos, às videiras e ao bicho da seda. Conta a história da cidade que o nome de batismo do município surgiu da devoção de uma italiana, que fez da árvore conhecida por ;Pau-Peba; o abrigo de uma imagem de Santa Teresa de Ávila, que ela carregava.
Objetos guardados da expedição pioneira contam detalhes dessa história na Casa de Cultura Virgínia Gasparini Tamanini, homenagem à escritora e poetisa que retratou a vida dos imigrantes italianos da primeira geração. Se depois de tantas atrações você ainda quiser praia, a opção mais próxima é seguir a Rodovia Josil Espíndola Agostini e percorrer 27 quilômetros até a cidade de Fundão. (MV)
Programe-se
Museu de Biologia Professor Mello Leitão
; Av. José Ruschi, 4, Santa Teresa
; Horário: terça-feira a domingo, das 8h às 17h
; Telefone: (27) 3259-1182
; www.inma.gov.br/index.asp
Rampa de voo livre
; Altitude: 915m
; Desnível: 280m
; Quadrante: E/NE/N/NW
; WayPoint: 19; 54; 31.41;S 40; 39; 15.253W
; Decolagem: Simultânea para 5 parapentes
; Pouso: Resgate fácil e 2 áreas de pouso grandes
; Circuito Caravaggio, 8 km do Centro, por rodovia não asfaltada.
; Horário: diariamente, das 7h às 17h
Reserva Biológica Augusto Ruschi
; Estrada intermunicipal de Santa Teresa, Km 8
; Horário: agendamento para fins de estudo e pesquisa
; Telefone: (27) 3259-1299
Igreja Matriz
; Rua Coronel Bonfim Júnior, 37 - Centro
; Horário: Domingo a sexta, das 8h às 17h; sábados, das 8h às 12h
; Telefone: (27) 3259-1662
; www.paroquiasantateresadavila.org.br/
Para saber mais
Bebida dos deuses
Santa Teresa, com 50 hectares de área cultivada, produz anualmente mais de 700 toneladas de uvas. É a principal atividade econômica do município, e corresponde a 80% da produção do estado, o que garante renda aos agricultores durante todo o ano.
São diversas variedades de uvas produzidas na região, com destaque para as espécies mais cultivadas para o consumo da fruta in natura. Os tipos Niágara Rosada e BRS Vitória também são usados na fabricação de geleias, sucos e espumantes. Para os vinhos, as variedades produzidas são: Niágara Rosada, Izabel, Violeta, Lorena, Moscatel, Bordo e ;Cabernet Sauvignon;.
A cultura do vinho foi introduzida na cidade e região agrícola de Santa Teresa pelos imigrantes italianos. A bebida, portanto, tem uma importância histórica equivalente à econômica. Nos primórdios da produção, com a escassez do fruto, os agricultores desenvolveram uma bebida semelhante produzida com a jabuticaba, fruta nativa da Mata Atlântica. A prática se tornou umatradição que é mantida até hoje. Anualmente são produzidos em média 80 mil litros de vinho por 10 vinícolas.