Turismo

Alagoas é lugar para descanso e lavar a alma

Um dos moradores ilustres do litoral alagoano tem a proteção de estudiosos e da população. Vale a pena conhecer o trabalho de preservação do peixe-boi marinho em São Miguel dos Milagres

Leonardo Meireles
postado em 14/12/2018 17:00

No encontro entre o rio e o mar, a água morna e um visual de deixar o visitante com vontade de ficar mais tempo

Ficar em um resort é bom, mas visitar Alagoas e não aproveitar as diversas praias que se espalham pelo estado seria um pecado. As opções eram diversas e em conversas com guias e moradores não dava para se chegar a uma conclusão. Só sobrou a promessa de visitar mais vezes aquele litoral. Por enquanto, o destino escolhido era São Miguel dos Milagres, a 94km de Maceió.

A satisfação de uma escolha certa começou ainda no caminho. Pela AL-101, no caminho para o norte, entre um povoado e outro, muito verde. Alguns trechos sobreviventes de Mata Atlântica, coqueiros, plantações. Uma leve curva no trajeto nos afasta do mar e nos coloca na Zona da Mata, com diversos tipos de cultivo, principalmente de cana-de-açúcar. A pista, a população e os turistas convivem com a promessa de que todo o trecho, desde Maceió, será duplicado em nome do conforto e da segurança. Enquanto isso não ocorre, vale a pena se deliciar com a paisagem.

Especificamente para São Miguel dos Milagres, o caminho é um caso à parte. Muitas curvas em um cenário de verde constante. E morros. E criação de gado. A impressão é que se está em Minas Gerais, mas basta abrir a janela do carro para o calor entrar e não deixar dúvidas. Já em Milagres, como o povoado é carinhosamente chamado, o que chama a atenção são as pousadas de charme, nas quais o diferencial é o atendimento.

;O nordestino tem muita coisa boa, mas isso é diferente: ele sabe receber. A gente pensa que, já que o turista nos escolheu, é porque nós temos algo de especial;, aponta o motorista e guia Bartolomeu Silva, da Luck Receptivo, que levou o Turismo até esse cantinho de paraíso. Para dar um ar mais rústico, a chegada até a praia é feita somente por estradas de terra. Ali é destino de famosos do mundo todo, que querem fugir da agitação de outros centros. Há, inclusive, uma igrejinha de frente para o mar, usada para o casamento de artistas e gente milionária que não deseja intrusos.

Estrutura para descansar

O beach club Milagres do Toque é exemplo de estrutura para deixar bem à vontade

Para quem não tem intenção de dormir por lá, mas somente passar um dia sossegado, há a opção dos beach clubs. Eles estão distribuídos por todo o litoral alagoano, e não poderia ser diferente em Milagres. Os receptivos têm contratos com alguns deles, mas existe a possibilidade de comprar um day use para quem vai de carro. Nesses locais, lounges, gazebos e redes, além das tradicionais mesas de praia, estão presentes. Dá para almoçar ou só ficar nos petiscos. E relaxar com uma bela massagem de frente para o mar. Enfim, toda a estrutura necessária para quem quer curtir um lugar tão bonito sem precisar pagar a diária de uma pousada.

O Turismo foi levado ao beach club Milagres do Toque, que conta com hotspot para tirar fotos, loja de roupas e artesanato e um restaurante com aquele cardápio recheado de comidas regionais. É possível também reservar passeios diferentes, como as praias de Patacho e Laje, consideradas duas das mais bonitas do Brasil. Ou de jangada para chegar bem perto dos vários tons de azul que também tomam conta do local. ;É possível conhecer também as piscinas naturais, mas não é sempre e depende da maré. Temos que ter cuidado com os corais e deixar a natureza descansar também;, ensina Ricardo Caldas Bello, gestor do Milagres do Toque e conhecido guia de turismo local.

Sim, o passeio de jangada... Todo o potencial dos vários tons de azul do mar de Alagoas pode ser visto ali. De transparente a azul claro, depois mais escuro e até quase verde, de uma água sempre refrescante. A embarcação, que não pode carregar muitas pessoas para não agredir corais e peixes, nos leva até um ponto conhecido como Boca do Rio, onde o rio Tatuamunha encontra o mar. O cenário é deslumbrante, com aquela areia branca, a água azul, os manguezais. É preciso ter alguns ;cuidados; para tornar o passeio mais especial. Por exemplo, entre outubro e fevereiro há menos chances de ser surpreendido com a chuva, o que contribui para uma praia mais limpa e um azul mais bonito. A Boca do Rio é ótima para tomar um banho e descansar, mas no fim de semana, o local costuma ser ocupado por muita gente. Então, é possível encontrar carros com som alto e até churrasco.

E viva o peixe-boi

O rio Tatuamunha, destino de um dos passeios de jangada e local onde é realizado o trabalho de reintrodução do peixe-boi marinho no habitat

Outro passeio que vale a pena é conhecer o Projeto de Monitoramento Comunitário de Biodiversidade, que fica em Tatuamunha, bem do lado de Milagres. São 10 anos de existência e o objetivo principal é cuidar da natureza local, em especial, a preservação do peixe-boi marinho. Para financiar o projeto, que como o nome diz, é comunitário e bancado pela própria população e especialistas, uma visita guiada entre 45 minutos e uma hora é feito. Nela, guias explicam a fauna e a flora locais e como é o processo de reintrodução do animal em seu habitat natural. No início deste mês, o passeio custava R$ 50 por pessoa.

Uma associação faz o trabalho de preservação da espécie, que é monitorada por chip. O animal é adorado por cuidadores e moradores
A readaptação é trabalhosa e pode durar até um ano. Eles são ensinados, por exemplo, a comer alimentos submersos. Eles recebem um chip para serem acompanhados durante o ciclo de vida. Tudo sob a observação atenta de 46 associados que trabalham dia e noite para manter o projeto funcionando. A Associação Peixe-Boi, que mantém a iniciativa, é patrocinada pela Fundação Toyota do Brasil e tem o apoio da organização SOS Mata Atlântica e do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), ligado ao Ministério do Meio Ambiente. (LM)

* O repórter viajou a convite do Pratagy Beach ; Wyndham

[BLOCKQUOTE1]




Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação