Turismo

A riqueza do voluntarismo no Brasil e no mundo

Ao escolher um destino ou atividade para fazer o bem sem olhar a quem e construir uma relação na qual todos ganham, a vida mostra toda a sua plenitude

Carlos Altman - Especial para o Correio
postado em 07/03/2019 10:00
No Norte do Brasil, a Ilha do Amor, em Alter do Chão, é um dos atrativos do paraíso em meio à floresta amazônica
O escritor mineiro Guimarães Rosa, ao inventar a palavra ;vivejar;, ou seja, viver com satisfação, traduz o sentimento de quem busca experimentar sentimentos nobres em viagens inesquecíveis. No coração do Brasil, o turismo comunitário ou solidário tem mudado a realidade de comunidades carentes ao promover a troca de experiências dos visitantes com moradores locais. Da arte vinda do barro do Vale do Jequitinhonha ao embarque nas águas doces do Rio Tapajós, no Pará, o brasileiro busca na experiência de colocar a mão na massa o novo sentido para as suas vidas.

Os segredos e temperos da Amazônia fazem parte de um roteiro turístico comunitário no Pará, na Região Norte do Brasil. A experiência multissensorial estimula os sentidos do visitante e o desenvolvimento comunitário. O passeio começa em Belém, pelas cores e sabores das frutas, temperos regionais e essências do Mercado Ver-o-Peso, passando pelos atrativos históricos e termina na Ilha Cotijuba. Lá, o viajante se deslumbra com as belezas selvagens e participa de oficinas de artesanato e da elaboração de pratos típicos da cozinha paraense.
Morro da Babilônia, no Rio de Janeiro: orgânicos
Outra experiência enriquecedora para quem visita a floresta amazônica é conhecer Alter do Chão, distrito de Santarém. O embarque às belezas naturais se faz a partir da vila de praias de água doce com areias claras e finas como o talco. O visitante, ao navegar pelos rios Tapajós e Arapiuns, afluentes do Rio Amazonas, tem contato direto com comunidades locais. Nesse cenário de igarapés, fauna e flora exuberantes, o turista faz uma imersão no modo de vida dos ribeirinhos, conhece a cultura, o artesanato de látex e a culinária indígena. Ao final da viagem e com a alma lavada, o turista carrega na mala a energia revigorante dos povos da floresta.

No Morro da Babilônia, entre Copacabana e o Pão de Açúcar, no Rio de Janeiro, o turista vivencia as questões sociais de uma comunidade típica das favelas cariocas e participa de iniciativas criativas e sustentáveis, como o Favela Orgânica, de onde saem os alimentos servidos no almoço dos visitantes. É mais uma alternativa de geração de renda e mudança positiva proporcionada pelo turismo de base comunitária.

Turismo vivido

Ao escolher um destino ou atividade para fazer o bem sem olhar a quem e construir uma relação na qual todos ganham, a vida mostra toda a sua plenitude
Em Campo Buriti, Minas Gerais, o turismo comunitário aproxima o visitante da realidade e gera desenvolvimento com a troca de experiências e de serviços prestados aos turistas. No roteiro, uma imersão ao jeito simples dos moradores do Vale do Jequitinhonha, considerada uma das regiões mais pobres do Brasil, contrasta com a riqueza cultural das ;paneleiras;, que transformam o barro em peça utilitárias e obras de arte. Além de poder se hospedar em uma casa na comunidade rural, os turistas vão poder amassar o barro e aprender com as artesãs a confeccionar, pintar e queimar as peças que serão adquiridas como lembranças da viagem. Além de conhecer a gastronomia, a história do dia a dia dessas pessoas. Mais informações: https://vivejar.com.br.

Viajar é crescer

Na Tailândia, o turista vivencia o projeto que cuida dos elefantes
Já pensou em ensinar inglês ou matemática para crianças de uma comunidade carente em Nairóbi, no Quênia? Ou, ao visitar o Panamá com o desejo de praticar surfe, auxiliar na educação e compartilhar conhecimento e apoio às crianças da comunidade local? E, quem sabe, em uma expedição à Tailândia, visitar Chiang Mai e participar do projeto de proteção de elefantes, onde você vai aprender muito sobre esses animais incríveis e entrar em contato direto com a natureza?

Volunturismo, voluntarismo, viagem com causa, viagem com propósito, viagem responsável. Existem diferentes nomenclaturas para definir uma forma de viajar aliando o turismo dito ;convencional; com experiências de trabalho voluntário. Uma coisa é certa: ao lembrar-se dos momentos vividos durante a jornada, o turista é pego sorrindo sozinho.

Foi o que aconteceu com o empresário Ricardo Gottieb Lindenbojm. Durante uma viagem solitária à África, Rico, como é conhecido, teve o primeiro contato com trabalho voluntário. Apaixonado por viagens, gostava de lidar com pessoas, conhecer as culturas e fazer o bem. ;Precisava fazer algo diferente e melhorar a vida de outras pessoas. Foi uma experiência transformadora. É uma jornada interior, em que o viajante entra em contato consigo mesmo e passa a valorizar aquilo que realmente faz sentido. Poder combinar isso com conhecer outras culturas é um privilégio;, emociona-se.

Por 11 anos, Ricardo viajou por mais de 30 países em cinco continentes, mas nunca foi até eles apenas por lazer. Nessas experiências, sem perceber, Rico amadureceu uma ideia que veio anos depois: ajudar pessoas que também querem unir a paixão por viagens com a paixão por fazer o bem. Assim nasceu a empresa de turismo voluntário Passion & Purpose Experience, que oferece roteiros em diversas partes do mundo. Mais informações: www.ppexperience.com.br/

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