Turismo

Verde que te quero: a natureza poderosa de Curitiba

Entre parques e bosques, a capital paranaense é um verdadeiro refúgio dentro do caos metropolitano. A Cidade Ecológica guardas nas ruas a história e revela a modernidade urbana

Erika Manhatys*
postado em 20/03/2019 11:13

Principal cartão postal da cidade, Jardim Botânico de Curitiba, no Paraná.

Mergulhar na história e emergir na modernidade, esse paradoxo descreve bem a experiência de quem anda pelas ruas de Curitiba. Os antigos edifícios cheios de histórias mesclam-se às modernas construções, no centro cosmopolita. As dicotomias estendem-se ainda pelo concreto, um marco da evolução urbana, em perfeita harmonia com a imensa variedade de verde encontrada nas ruas e aglomerada nos 33 parques que a capital paranaense ostenta.

A biografia dos mais de 350 anos de existência está inscrita nas praças, nos antigos casarões, estátuas e também nos centenários pinheiros, que, inclusive, emprestam o nome à capital. Do tupi, Curitiba é a junção de dois termos que significam ;muitos pinheiros; ou ;pinheiral;. Avistado em qualquer área verde da cidade, o Pinheiro-do-Paraná, um tipo de araucária, é símbolo do estado sulista.

A natureza é a principal aliada da qualidade de vida do curitibano e responsável pelas belezas do lugar. Apelidada de Cidade Ecológica, a metrópole é a quinta mais arborizada do Brasil e preserva quantidade cinco vezes maior de área verde por número de habitantes que o mínimo recomendado pela Organização das Nações Unidas (ONU).

Jardim Botânico de Curitiba

Principal cartão postal da cidade, Jardim Botânico de Curitiba, no Paraná.


A icônica estufa de vidro rodeada pelos canteiros vestidos de coloridas flores é o principal cartão-postal da cidade. O visitante desfruta das trilhas em meio à mata nativa, dos lagos que mantêm o vigor do ar e, também, do Jardim das Sensações, um cantinho de interação totalmente projetado para que o visitante usufrua da melhor experiência de integração à natureza. Em uma pequena trilha de 200 metros, estão dispostas plantas envasadas que não apenas podem, mas devem ser tocadas, sentidas e cheiradas pelo público; normalmente, o trajeto é feito usando-se vendas nos olhos. Uma verdadeira imersão sensorial.


Parque Tanguá

Parque Tanguá, um dos mais bonitos de Curitiba


Estratégico, o bosque foi construído para afastar a criminalidade do local. Antes um ponto de desmanche ilegal de veículos, pelo esconderijo em meio à vegetação, tornou-se um dos espaços mais bonitos da cidade e parada obrigatória para apaixonados casais viajantes. O jardim de estilo francês possui dois espelhos d;água, em um deles uma pequena queda que deságua no lago e acima dela o mirante integrado por duas torres. Do alto delas, é possível avistar toda a área verde do parque e o caminho que as águas percorrem até chegar ao Rio Barigui.

Bosque Alemão

Bosque Alemão, parque lúdico que conta histórias às crianças


O mais lúdico dos parques. Em uma das pontas, o Oratório de Bach recepciona os visitantes, uma construção que imita as igrejas presbiterianas neogóticas, que faz frente à Torre dos Filósofos, o ponto mais alto do bosque. Dela, uma vista privilegiada da trilha abaixo e das casas que rodeiam o espaço verde. Descendo a torre, o acesso ao Caminho dos Contos. A trilha encantada traz em painéis azulejados a história mais famosa dos irmãos Grimm, João e Maria. Percorrendo a estradinha recreativa, chega-se à Casa da Bruxa, espaço dedicado à contação de histórias aos pequenos. Lá, educadoras trajadas de personagens infantis incentivam a criançada o hábito da leitura. Parada obrigatória para as famílias que viajam com os filhos.

Parque Barigui

Parque Barigui em Curitiba, no Paraná.

A imensidão verde distribuída nos mais de 1,4 milhão de metros quadrados e a proximidade do centro da cidade fazem do Parque Barigui o mais frequentado da capital. A variedade de animais que visitam a reserva também é grande: aves migratórias e pequenos mamíferos, como o gambá, estão sempre por lá, encantando os visitantes. Ele foi criado com fins de preservação do rio homônimo e de sua mata ciliar. A estrutura é complexa e conta com pavilhão de exposições, restaurantes, lanchonetes, o Museu do Automóvel, pistas de aeromodelismo, patinação, corrida, heliponto, academia e trilhas por meio dos bosques.

Bosque João Paulo II

Bosque João Paulo II, construído em homenagem à primeira visita do sacerdote ao Brasil

Homenageando a primeira visita de João Paulo II ao Brasil, ocorrida em 1980, o cantinho abençoado também é uma reverência à população polonesa, uma das principais representantes dos imigrantes que povoaram o Paraná. Entre os imensos pinheiros, existem sete casinhas típicas polonesas construídas na época da colonização e remontadas no parque. Cada construção abriga um pouquinho da história desse povo e sua vinda para o Brasil. Em cada detalhe, um novo conto, desde os utensílios de cozinha aos móveis de madeira rústica que preenchiam as residências polonesas.


Passeio Público

Primeiro parque de Curitiba, tem portões homenageando Cemitério de Cães de Paris.

Esse é o mais antigo da cidade. Inicialmente construído para abrigar o primeiro zoológico da capital paranaense, o Passeio Público mantém alguns animais de pequeno porte, além de um lago onde é possível andar de pedalinho. A extensa área verde preserva a típica vegetação local, repleta de altíssimas araucárias. Os portões foram inspirados naqueles do cemitério francês para animais (Cimeti;re des Chiens). A estrutura do parque é bem completa; nele, encontram-se restaurante, playground, aquário, pistas para caminhada e ciclovia.

Ópera de Arame - Parque das Pedreiras

Ópera de Arame é inteiramente construído em placas transparentes e metal. Curitiba, Paraná.


Um espetáculo de construção que dispensa concreto e encravada entre os morros rochosos, a Ópera de Arame abriga um complexo centro de recreação. Inteiramente feita de placas transparentes de policarbonato e estrutura metálica, o seu interior guarda um imenso auditório, bares e restaurantes. O visitante vislumbra a moderna construção cristalina enquanto pode observar a queda d;água que sonoriza o ambiente de forma quase mágica. Um lago é formado ao final da cachoeira, onde é possível observar uma diversidade de peixes. Nos bares, música boa, jazz misturado ao cantar dos pássaros que fazem das árvores do Parque das Pedreiras a sua morada.


* Estagiária sob supervisão de Taís Braga

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