postado em 22/05/2019 04:10
Que tal conhecer um lindo sítio com ares de casa de avós do interior, fogão de lenha e fazer um lanche com café quentinho, receitas caseiras de bolo e geleia e, de quebra, visitar uma plantação de café? Separe protetor solar, repelente e tênis e prepare-se para descobrir um Ceará que vai além das belas praias de Jericoacoara e Canoa Quebrada. Ainda pouco conhecida, a rota do café verde é um atrativo à parte para quem aposta no estado do Nordeste para descansar nas férias.
As descobertas são muitas. Já no caminho do Maciço de Baturité, que abriga 32.690 hectares de área de proteção ambiental, o turista vai conhecendo algumas lendas sobre a bebida e as histórias da serra. Também aprende que a região produz o chamado café sombreado, em uma prática caracterizada pelo baixo impacto ecológico e a alta produtividade. Os guias avisam que, em dias de sorte, o visitante pode avistar um periquito-cara-suja, espécie que já foi considerada extinta há alguns anos, mas que sobrevive na região.
;O que faz o nosso café diferente é a floresta, que interfere no gosto;, garante o produtor Francisco Uchoa. E quem sente o cheiro que toma conta do ambiente enquanto escuta a boa prosa não duvida. O simpático senhor é quem conduz os visitantes por uma trilha para ver as plantações de café no sítio Águas Finas. Mas só depois de oferecer um delicioso café feito na hora e servido com bolo, frutas e sucos e mostrar o equipamento que usa na produção. Ele conta como as plantações de café chegaram à região e explica que muitos detalhes devem ser observados para garantir o aroma e a acidez necessária para que a bebida seja considerada de safra especial.
Depois da aula sobre as fases de produção, o turista sai para uma caminhada onde passa pelos pés de café em meio às ingazeiras e aprende sobre as armadilhas contra as brocas, pragas que podem destruir uma plantação. Aberta pelo próprio Uchoa e sua equipe, a trilha é tranquila e pode ser feita até por crianças. Ao fim do percurso, acompanhado também por outros simpáticos funcionários do sítio, Uschoa prepara uma surpresa capaz de emocionar muitos visitantes.
Outro ponto alto da visita é a Fazenda São Luís, que fica no município de Pacoti. A recepção é com mais histórias regadas à simpatia típica do povo cearense e a lanche gostoso, que inclui bolo e geleia. A casa é de encher os olhos para quem gosta do clima de interior. Tem fogão de lenha, tacho de cobre, panelas de barro e um delicioso aroma de café. Na sala, um toca-discos antigo e uma biblioteca. A decoração também tem motivos religiosos. Na visita, os dois cachorros da casa dão o ar da graça. ;Moro aqui e recebo os filhos toda semana. Temos todo o carinho de receber quem vem aqui como uma casa de avó;, diz dona Flávia.
O roteiro do café inclui um mosteiro dos Jesuítas, um complexo arquitetônico de 1927 que abriga o antigo Seminário Menor do Coração de Jesus e a Fazenda Caridade. E também lá se encontra o café de sombra, colhido, torrado e moído, cuja marca leva o nome de café do Mosteiro. Ainda na rota, o turista encontra um antiquário com galeria de arte e cafeteria erguida sobre os escombros de um antigo galpão do século 19, em Mulungu. Os visitantes são recebidos pelo casal Regina e Ronaldo.
Neste Ceará ainda pouco conhecido há cachoeiras e até um museu ferroviário, que dá um pouco da dimensão da importância econômica da região do Maciço de Baturité. Além da arquitetura do prédio inaugurado em 1882, há trilhos centenários, uma maria-fumaça e várias histórias. A rota do café fica a cerca de 100 quilômetros de Fortaleza e abrange os municípios de Guaramiranga, Mulungu, Pacoti e Baturité. Para quem quiser dedicar um pouco mais de tempo na experiência, há opções de hospedagem com pousadas, hotel e chalés.