Turismo

Doçuras com rima

A tradição das mulheres da cidade de produzir doces e poemas é mantida. Trabalho para alimentar o espírito e a gula. Nas ruas, a tranquilidade é uma característica mantida pelos moradores, uma vivência do Brasil de Cora

Renato Alves
postado em 17/08/2019 09:00

A tradição das mulheres da cidade de produzir doces e poemas é mantida. Trabalho para alimentar o espírito e a gula. Nas ruas, a tranquilidade é uma característica mantida pelos moradores, uma vivência do Brasil de Cora

Além do casario, dos museus e das belezas sacras, em relação a Pirenópolis, Goiás Velho tem como atrativo os preços. Em relação a Pirenópolis, as diárias de Goiás chegam a custar quase metade em hospedarias com estruturas equivalentes. Restaurantes e lanchonetes de Goiás cobram bem menos pelas bebidas e pelos quitutes e pratos do que os oferecidos em Piri.

Devido ao menor fluxo de turistas (o que barateia tudo), as opções para comprar, almoçar e jantar em Goiás Velho são poucas. Algumas casas transformadas em lojinhas vendem quitutes e artesanatos. Outras poucas abrigam restaurantes, lanchonetes e cafés. As mesas são colocadas nos cômodos, na calçada e no quintal.

Quando chega a fome, o visitante pode experimentar as comidas regionais como o empadão goiano, a pamonha ou o bolo de arroz, encontrados na maioria dos estabelecimentos, onde o turista desembolsa de R$ 20 a R$ 40 por um prato farto. O Mercado Central é outra opção. Lá, o turista encontra de comida típica a lojinhas de artesanatos.

Aliás, nenhuma outra cidade goiana oferece o legítimo empadão goiano, criado em Goiás Velho, onde tem a receita original seguida à risca (com seu substancioso recheio que mistura linguiça, palmito, frango, queijo e um tipo de palmito amargo, a guariroba).

Sebastiana Santana, 61, segue o espírito empreendedor de Cora
Discípulas de Cora

Outra antiga tradição da cidade são os alfenins, doces de origem portuguesa, preparados com açúcar e polvilho com simpáticos formatos de animais. Os doces de frutas cristalizadas também são famosos e se pode acompanhar o trabalho das doceiras.

O costume de escrever poesia, declamar e fazer doces é mantido por mulheres de todas as idades, como Maria Sebastiana Santana, 61 anos, e classes sociais. Elas trabalham de forma independente. Muitas fazem e vendem seus produtos em casa. São extrativistas de cajuzinho, murici, cajazinho.

Um grupo delas se reuniu em uma associação, em 2016, para trocar experiências, expandir a mente e os negócios, inspiradas em Cora Coralina, uma mulher que venceu muitos obstáculos por suas habilidades e pelo empreendedorismo.

Hoje, a associação ocupa uma loja no antigo Mercado Municipal. No pequeno, mas charmoso e aconchegante espaço, elas expõem doces e artesanatos de diversos tipos, tudo aliado aos versos de Cora.

COMO CHEGAR

De avião

O aeroporto mais próximo fica em Goiânia e a partir de lá há duas opções: alugar um carro no aeroporto ou pegar um ônibus, com saídas diárias (dê preferência aos horários diretos).

De carro
Por Brasília (320 km): saia em direção a Anápolis pela BR-060 (duplicada). Depois pegue a GO-222 até Inhumas. Então siga pela GO-070 (também duplicada) até Goiás.

Por Goiânia (136 km): saia de Goiânia pela GO-070 e siga sempre por esta rodovia, passando por Itaberaí até chegar à terra de Cora Coralina.

ONDE FICAR


Pousada Serra Dourada
Próxima da cidade. Piscina, lago e chalés. (62) 8412-0018.

Pousada do Sol
Simples, mas decente. Centro .(62) 3371-1717 e (62) 3372-1344.

Pousada do Ipê
Melhor custo-benefício da cidade. Aconchegante, no centro histórico. Ambientação rústica (foto abaixo), café da manhã tradicional. Grande área verde, piscina e bar. Quartos comuns e chalés.

Pousada Casa da Ponte Hotel
No centro, em frente à Casa de Cora Coralina. Quartos com TV de tela plana e banheiro privativo.

Pousada Chácara da Dinda

No centro, tem piscina, terraço ao ar livre e jardim, quartos com ar-condicionado e Wi-Fi gratuito.

Hostel Dedo de Prosa
Algumas unidades têm área de estar. Quartos com banheiro compartilhado e TV. Cozinha de uso comum na propriedade.

Hotel Fazenda Manduzanzan
A mais confortável e completa opção de hospedagem da cidade, mas a 9km do centro de Goiás Velho e com tarifas salgadas. Piscina, sauna e cachoeira particular na área ao ar livre.

Hotel Vila Boa
O mais tradicional da cidade, com piscina e bons serviços, porém, com instalações antigas. Fica na entrada da cidade. (62) 3371-1000.

O QUE COMER

A culinária goiana une ingredientes locais, sabores indígenas e a influência dos paulistas, que buscaram ouro em Goiás no século 18, para criar receitas típicas.

O pequi, fruto do Cerrado, é usado na galinhada e na composição de um licor servido após as refeições (cuidado ao consumi-lo, pois o fruto esconde espinhos abaixo da polpa).

Outras receitas comuns: empadão goiano (frango, carne de porco, linguiça, palmito de guariroba e queijo), peixe na telha, arroz-de-puta-rica (com carnes defumadas), arroz com suã (espinha de porco), angu (milho verde ralado e cozido na água até engrossar) e leitão a pururuca.

O bolinho doce de arroz é a especialidade da cidade ; na Lanchonete da Dona Inês.

ONDE COMER

Braseiro

Comida goiana, no fogão de lenha. Praça do Chafariz, 3 (Centro Histórico). Todo os dias, das 11h às 15h. R$ 20.

Flor do Ipê
Pratos diversos. Pça. Boa Vista, 32-A (Centro Histórico). Terça-feira a sábado, das 12h às 15h e 19h à 0h, domingo, das 12h às 16h. De R$ 26 R$ 50.

Dalí
Restaurante e confeitaria. Casa antiga transformada em restaurante que serve, entre outros pratos, o famoso empadão goiano e o delicioso doce Melado de Banana. Rua 13 de maio, 26.

Sorveteria do Coreto

É imperdível, por exemplo, experimentar os sabores da Sorveteria do Coreto. Sorvetes e picolés com sabores tradicionais e exóticos, como tamarindo e castanha do baru. Tudo por R$ 3 (uma bola ou um picolé).

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